Doação de sangue e a pandemia de Covid-19

A disponibilidade de estoques de hemocomponentes através da doação de sangue é um problema real, que se intensificou na pandemia. Saiba mais.

O dia mundial do doador de sangue é comemorado anualmente em 14 de junho. A data, que tem como objetivo homenagear os doadores de sangue e conscientizar sobre a importância do ato, foi instituída em homenagem ao nascimento do imunologista Karl Landsteiner, agraciado com o Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1930, pela classificação dos grupos sanguíneos (sistema ABO), e descobridor do fator RH.

A transfusão de hemocomponentes faz parte do manejo de diversos pacientes, particularmente os portadores de doenças hematológicas e os submetidos a procedimentos invasivos. A disponibilidade de estoques de hemocomponentes é um problema real, que se intensifica em tempos de crise, como durante uma pandemia. No entanto, a segurança dos doadores e dos receptores deve ser priorizada.

Doação de sangue e pandemia

Transfusão de hemocomponentes na pandemia de Covid-19

Numa tentativa de minimizar os problemas causados pelo desabastecimento de sangue no início da pandemia pelo novo coronavírus, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) recomenda:

  • Aumentar os esforços de captação de doadores de sangue;
  • Aumentar a coleta por aférese de concentrado duplo de hemácias e de plaquetas, para compensar a queda do número de doações convencionais;
  • Adotar critérios restritivos para indicar a transfusão de hemácias para pacientes com quadro clínico estável (ex.: hemoglobina < 7-8 g/dL) e para os quais não haja alvo definido de hemoglobina a atingir (ex.: talassemia major, anemia falciforme), indicando a dose mais baixa possível para atingir os objetivos clínicos almejados;
  • Restringir as indicações de transfusão profilática de plaquetas para os casos de trombocitopenia hipoproliferativa, adotando gatilho transfusional de 10.000 plaquetas/mm³.

Medidas para garantir maior segurança aos doares de sangue

Os serviços de hemoterapia vêm adotando medidas para aumentar a segurança dos doadores de sangue:

  • A distância entre os indivíduos foi aumentada, tanto nas salas de espera como durante as doações;
  • Preconiza-se a higienização de áreas, instrumentos e superfícies após cada doação;
  • Em alguns centros, tornou-se necessário o agendamento da doação, a fim de limitar o número de pessoas no local;
  • Todos os profissionais envolvidos devem seguir as medidas de segurança recomendadas, como uso de máscaras, lavagens frequentes das mãos e uso de antissépticos.

Medidas para garantir maior segurança aos receptores de sangue

Se, por um lado, a transfusão pode salvar vidas e melhorar a saúde dos indivíduos, por outro, pode levar a complicações agudas ou tardias, como qualquer outra intervenção terapêutica. Uma das possíveis complicações relacionadas ao procedimento é a transmissão de doenças infecciosas. Por isso, a seleção dos doadores é feita de forma cuidadosa e criteriosa.

Em março de 2020, no início da pandemia, o Ministério da Saúde publicou, através da Nota Técnica nº 13/2020, novos critérios de inaptidão temporária para doação de sangue, dentre os quais se destacam:

  • Candidatos à doação que foram infectados pelo novo coronavírus deverão ser considerados inaptos por um período de 30 dias após a completa recuperação (assintomáticos e sem sequelas que contraindiquem a doação);
  • Candidatos à doação que tiveram contato, nos últimos 30 dias, com pessoas que apresentaram diagnóstico clínico e/ou laboratorial de Covid-19 deverão ser considerados inaptos pelo período de 14 dias após o último contato com essas pessoas;
  • Candidatos à doação que permaneceram em isolamento voluntário ou indicado por equipe médica devido a sintomas de possível infecção pelo SARS-CoV-2 deverão ser considerados inaptos pelo período que durar o isolamento, se estiverem assintomáticos.

Os doadores devem também ser orientados a comunicar ao serviço de hemoterapia caso apresentem qualquer sinal ou sintoma de processo infeccioso, como febre ou diarreia, até 14 dias após a doação, a fim de que os profissionais possam resgatar eventuais hemocomponentes em estoque e/ou acompanhar os receptores.

Leia também: Covid-19 e seus impactos para o paciente hematológico

Em relação à doação de sangue por indivíduos submetidos à vacinação contra a Covid-19, a Nota Técnica nº 12/2021 da Anvisa institui os períodos de inaptidão de acordo com o mecanismo de ação de cada vacina:

  • Candidatos à doação que receberam vacinas de vírus inativado ou fragmento proteico sintético permanecem inaptos por período de 48 horas após a aplicação – exemplos: CoronaVac (China), Covaxin (Índia);
  • Candidatos à doação que receberam vacinas que utilizam vetores virais recombinantes não-replicantes permanecem inaptos por período de sete dias após a aplicação – exemplos: Oxford (Reino Unido), Sputnik V (Rússia);
  • Candidatos à doação que receberam vacinas que utilizam RNA mensageiro ou DNA permanecem inaptos por período de sete dias após a aplicação – exemplos: Moderna (Estados Unidos), Pfizer (Estados Unidos/ Alemanha);
  • Candidatos à doação de sangue que não informarem de maneira segura sobre o tipo de vacina que receberam e, portanto, não sendo possível a identificação da tecnologia utilizada, permanecem inaptos por período de sete dias após a aplicação.
  • No caso de vacinas cujo protocolo prevê a utilização de mais de uma dose, os intervalos de inaptidão previstos estarão relacionados com cada aplicação.

Referências Bibliográficas:

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