Quem seriam os culpados pela multirresistência aos antimicrobianos?

Quais fatores estão associados com a resistência a antimicrobianos, e quais são as principais estratégias para resolver esse problema? Descubra no artigo a seguir

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A era da descoberta de antimicrobianos no século passado transformou toda a prática médica. Desde os partos mais seguros, procedimentos cirúrgicos, transplante de órgãos, esquema de quimioterapias, cura de doenças infecciosas e muitos outros alcances da clínica médica, toda a medicina foi transformada resultando em melhorias para milhões de indivíduos.

Porém, no curto intervalo das décadas recentes, a emergência da resistência a antimicrobianos em grande escala vem ameaçar todos esses avanços anteriores. Dentre 23 mil a 30 mil ou mais mortes por ano associadas a infecções por bactérias multirresistentes ocorrem em diferentes países, incluindo o Brasil, Estados Unidos, etc. Os números são especialmente alarmantes pois são progressivos.

Leia mais: Bactérias multirresistentes podem matar 10 milhões de pessoas até 2050

Marston et al. (2016), em um artigo de revisão sistemática publicada na Journal of the American Medical Association (JAMA), analisa 217 artigos publicados no PubMed, NIH REPORTER E ClinicalTrials.gov, no intuito de responder principalmente as seguintes perguntas: “Quais fatores estão associados com a resistência a antimicrobianos, e quais são as principais estratégias para esse problema?” Dentre os inúmeros aspectos abordados, verificou-se a emergência da resistência a antimicrobianos, especialmente a multirresistência, está principalmente relacionada com:

  • Prescrição inadequada de antibióticos;
  • Venda inadequada de antibitióticos;
  • Uso irregular de antimicrobianos fora dos limites das instituições de saúde;
  • Incentivos insuficientes ao desenvolvimento farmacêutico de novos antimicrobianos;
  • Propriedades genéticas intrínsecas bacterianas;
  • Emergência de clones multirresistentes dentre patógenos específicos importantes e controle ineficaz da disseminação;

De forma a indicar os esforços para conter a progressiva emergência da resistência a antibióticos, os autores apontam e exemplificam medidas como:

  • Contínuos esforços para a descoberta de novas drogas;
  • Investimentos em prevenção com novas vacinas;
  • Tratamentos alternativos promissores como o uso de anticorpos monoclonais e moduladores da resposta imune inata;
  • Manejo de comunidades microbianas como transplante de microbiota de fezes, bacteriófagos e probióticos;
  • Estratégias anti-virulência como o uso de anticorpos anti-toxinas, inibidores dos sistemas de secreção bacterianos, inibidores da formação de biofilmes e bloqueio de quórum sensing;
  • Investimentos em diagnóstico precoce como “Point of care”, métodos independentes de cultura (perfil transcricional e outras) e biomarcadores.

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Referências:

  • Marston HD, Dixon DM, Knisely JM, Palmore TN, Fauci AS. Antimicrobial Resistance. JAMA. 2016 Sep 20;316(11):1193-1204.

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