Risco de sepse neonatal precoce em bebês nascidos de parto de baixo risco

A sepse neonatal é uma causa frequente de morbimortalidade no período neonatal e seu diagnóstico é difícil.

Os recém-nascidos (RN) constituem um grupo mais vulnerável à sepse. A sepse neonatal é uma causa frequente de morbimortalidade no período neonatal² e seu diagnóstico é difícil. Necessitamos de indicadores, fatores de risco para permitir uma melhor condução do caso, incluindo o uso empírico de antibióticos. Alguns fatores são utilizados para identificar os riscos de RN desenvolverem sepse neonatal precoce (early-onset sepsis – EOS) com cultura positiva. Recentemente foi publicado um estudo, cujo objetivo dos autores foi identificar RN a termo e prematuros com menor risco para desenvolver EOS, usando as características de parto, e avaliar o uso e tempo de antibióticos entre eles. O estudo foi publicado no jornal Pediatrics.

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Risco de sepse neonatal precoce em bebês nascidos de parto de baixo risco

Metodologia

Estudo de coorte retrospectivo de RN a termo e prematuros nascidos de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2014, com hemocultura e com ou sem cultura do líquido cefalorraquidiano (LCR) obtida em um período igual ou inferior a 72 horas após o nascimento.

Os critérios para determinar o baixo risco de sepse neonatal precoce incluíram:

  • Parto cesáreo;
  • Ausência de trabalho de parto ou tentativas de indução de trabalho de parto;
  • Ruptura de membrana antes do parto;
  • Ausência de suspeita ou confirmação de infecção materna do líquido amniótico;
  • Ausência de alterações agudas no estado fetal.

Os resultados se dariam através da associação entre essas características, incidência de EOS (definida por 1 cultura de sangue positiva até 72 horas do nascimento), e duração do antibiótico entre crianças sem EOS.

Resultados

Entre 53.575 nascimentos, 7.549 lactentes (14,1%) foram avaliados, destes 462 tinham < 28 semanas de gestação (gestacional age – GA), 540 28-30 GA, 938 31-33 GA, 1480 34-36 GA, 4123 >ou =37 GA, em relação ao sexo da amostra 3313 (43,9%) eram meninas. Os RN nasciam com peso em torno de < 1.000 g 497 RN, entre .1000-1.999 g 1.379 RN, 2.000-2.999g 2.256 RN e > 3.000 g 3.412.  De todos os RN quarenta e um (0,5%) tiveram sepse neonatal precoce com cultura positiva. Os patógenos mais comuns foram E. Coli (16 doa 41) cerca de 39% e Estreptococcus B (16 dos 41) cerca de 39%, também cresceram Haemofilus influenza, Klebisiela pneumoniae, Cândida albicans, Morganella morganii, Citrobacter koseri e outros Streptococcus. Os critérios para baixo risco estavam presentes em 1.121 (14,8%) dos bebês avaliados e nenhum apresentou EOS. Enquanto os antibióticos foram iniciados em uma proporção menor desses bebês (80,4% vs 91,0%, P < 0,001), a duração do uso antibióticos administrados a RN com e sem características de baixo risco não foi diferente (diferença ajustada 0,6 horas, intervalo de confiança de 05% [IC 95%] − [3,8 – 5,1]. O estudo não evidenciou quais antibióticos foram utilizados no estudo.

Saiba mais: Sepse: destaques do Surviving Sepsis Campaign (2021)

Conclusão

O risco de EOS entre bebês com características de parto de baixo risco é extremamente pequeno. Apesar disso, uma proporção substancial desses bebês recebe antibióticos. Esse estudo destaca que as características do parto deveriam nortear as decisões empíricas de manejo de antibióticos entre RN em todas as idades gestacionais.

Comentários

O uso de antibióticos empíricos nas primeiras horas de vida pode não ser de todo inofensivo. Já é sabido que podemos evoluir com resistência bacteriana, além dos danos causados ao RN. Nesse contexto, se conseguíssemos seguir protocolos, indicadores que nos permitam a utilização dos antibióticos em casos restritos a fatores de risco, às indicações mais precisas, isso teria um valor importante para o controle da resistência bacteriana, e fatores adversos causados pelos antimicrobianos aos RN. Diante da alta morbimortalidade relacionada a EOS precoce em RN, necessitamos cada vez mais de ferramentas, incluindo estudos como o artigo publicado, para a melhor escolha e condução dos casos da sepse neonatal.

Referências bibliográficas:

  1. Flannery DD, Mukhopadhyay S, Morales KH, et al. Delivery Characteristics and the Risk of Early-Onset Neonatal Sepsis [published online ahead of print, 2022 Jan 12]. Pediatrics. 2022; e 2021052900. doi:10.1542/peds.2021-052900
  2. Procianoy RS, Silveira RC. The challenges of neonatal sepsis management. J Pediatr (Rio J). 2020;96 Suppl 1:80-86. doi:10.1016/j.jped.2019.10.004

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