Selênio é eficaz no combate à tuberculose?

Pesquisadores desenvolveram um estudo que testou moléculas derivadas da vitamina K contendo selênio para verificar a sua atividade contra a tuberculose.

Pesquisadores brasileiros desenvolveram um estudo que testou moléculas derivadas da vitamina K contendo selênio para verificar a sua atividade contra a tuberculose, que comprovou a eficiência do material testado no combate à doença.

Em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou em seu Relatório Mundial da Tuberculose que havia poucas alternativas de tratamentos em potencial para infecções resistentes a antibióticos, sendo uma dessas ameaças a Tuberculose Multidroga Resistente (TB-MDR), que mata a cada ano cerca de 250 mil pessoas.

vidro com cápsulas jogado de lado, para tratamento da tuberculose

Estudo busca medicamento contra a tuberculose

A boa notícia é que a equipe de alunos do Departamento de Química Orgânica da Universidade Federal Fluminense (UFF), coordenada pela professora Vanessa do Nascimento, responsável pelo Laboratório SupraSelen, se reuniu com outros três docentes para realizar esse estudo com o objetivo de descobrir novos antibióticos contra a doença resistente a medicamentos oferecidos pela indústria farmacêutica atualmente.

“Estamos finalizando os testes de toxicidade. A pesquisa é bastante promissora. Sendo assim, esperamos que ela tenha alto impacto não somente para a comunidade científica como para a sociedade em geral”, conta a pesquisadora Vanessa do Nascimento em entrevista ao jornal O Fluminense.

Uma das linhas de pesquisa desenvolvidas é a química supramolecular, que estuda as características básicas das interações que ocorrem em casos de quando um suporte para organismos vivos, conhecido como substrato, se liga a uma enzima que dinamiza reações químicas; e em casos de quando uma droga se adere ao seu alvo ou quando são propagados sinais entre células.

A química supramolecular também pode ser utilizada em sistemas mais complexos, assim como ajudar na elaboração de sensores moleculares, nanomateriais e ainda colaborar no encapsulamento de medicamentos.

O estudo “Projeto e síntese de derivados de naftoquinona contendo selênio como derivações antituberculares contra isolados clínicos de Mycobacterium tuberculosis (MT) resistentes a múltiplas drogas” foi apresentado no 8º Workshop da Rede Científica Internacional Selênio Enxofre e Catálise Redox (WSeS-8), realizado em junho deste ano, na Itália. Na ocasião, o trabalho recebeu o prêmio PeerJ Award.

Leia também: Tuberculose latente: novo medicamento no SUS reduz tempo de tratamento

Próximos passos

Vista pela maioria da população como uma doença do passado, a tuberculose foi a causadora de 1,3 bilhão de mortes ao redor do mundo somente em 2017, de acordo com dados da OMS.

Entretanto, apesar do alto número de infectados, um dos maiores obstáculos em relação ao tratamento vem da resistência das bactérias aos medicamentos fornecidos pelo mercado farmacêutico.

Os estudos com o selênio orientam a equipe de pesquisadores coordenada pela professora Vanessa do Nascimento na criação de novos produtos para o tratamento da tuberculose e outras enfermidades negligenciadas.

“Sintetizamos moléculas que facilitam processos já utilizados pela indústria farmacêutica, tornando os medicamentos mais baratos. Fazemos compostos que podem virar fármacos, um tipo de molécula que facilita a produção dos já existentes ou potencializamos sua atividade no organismo humano. Também conseguimos minimizar efeitos colaterais provocados pelas drogas”, explica a pesquisadora.

Ela ainda revelou que o estudo busca despertar o interesse de alguma indústria farmacêutica para a criação de um novo medicamento, produzido industrialmente, capaz de ajudar a população, principalmente a de baixa renda.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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