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Em 1° de agosto, primeiro dia da Semana Mundial de Aleitamento Materno, o jornal Anesthesia publicou o artigo Guideline on anaesthesia and sedation in breastfeeding women 2020, para incentivar as mães a amamentar normalmente após a anestesia. A amamentação é segura assim que a mãe estiver alerta e capaz de amamentar.
Aleitamento materno após anestesia
Abaixo, encontram-se resumidas as dez recomendações divulgadas no artigo:
- As mulheres devem ser incentivadas a amamentar normalmente após a cirurgia;
- Não há necessidade de expressar e descartar o leite materno após a anestesia;
- Anestésicos e analgésicos não opioides são transferidos para o leite materno em quantidades muito pequenas. Não há evidências de efeitos no lactente para quase todos os medicamentos utilizados no período perioperatório,;
- Medicamentos como opioides e benzodiazepínicos devem ser usados com cuidado, principalmente após doses múltiplas e em mães de bebês de até 6 semanas de idade (corrigidos para a idade gestacional). Nessa situação, o bebê deve ser observado quanto a sinais de sonolência anormal e depressão respiratória, principalmente se a mulher também estiver mostrando sinais de sedação;
- A codeína não deve ser usada por mulheres que amamentam, devido a preocupações com sedação excessiva em alguns bebês, relacionadas a diferenças no metabolismo;
- Qualquer mulher com um bebê com menos de 2 anos de idade deve ser questionada rotineiramente se está amamentando durante a avaliação pré-operatória;
- Medidas poupadoras de opioides são preferíveis para a mulher que amamenta. A anestesia local e regional tem benefícios a esse respeito e também interferem menos na capacidade da mulher de cuidar de seu bebê;
- Sempre que possível, a cirurgia diurna é preferível para evitar interromper as rotinas normais. Uma mulher submetida à cirurgia durante o dia deve estar acompanhada por um adulto responsável durante as primeiras 24 h. Ela deve ser cautelosa quanto a dormir junto ao bebê ou dormir enquanto alimenta o bebê em uma cadeira, porque ela pode não estar tão responsiva;
- O apoio ao aleitamento materno deve ser acessível para mulheres que amamentam e que foram submetidas a procedimentos clínicos e cirúrgicos;
- Folhetos explicativos e recursos adicionais contendo informações sobre a compatibilidade de agentes anestésicos e analgésicos durante a amamentação devem estar disponíveis, além de orientações sobre o apoio à amamentação no período perioperatório.
Leia também: Atividade física realizada pelas mães pode aumentar os benefícios da amamentação?
Em resumo, a conclusão do artigo é que os aspectos farmacológicos da anestesia e da sedação requerem poucas mudanças para a lactante. No entanto, cuidados de suporte à mulher no período perioperatório e conselhos precisos garantirão uma interrupção mínima nesta parte tão importante dos cuidados infantis.
O leite materno é recomendado como a melhor fonte de nutrição para bebês e crianças pequenas, pois oferece benefícios significativos para a saúde em curto e longo prazo, tanto para o bebê quanto para a mãe. Isso inclui a proteção do bebê contra doenças da infância e benefícios de saúde em longo prazo, como a redução do risco de obesidade. Os benefícios na saúde materna incluem uma redução no risco de câncer de mama e de ovário e um menor risco de fratura de quadril devido à osteoporose em um período mais tardio.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação exclusiva até os seis meses de idade e amamentação continuada juntamente com alimentos complementares até os dois anos de idade ou mais.
Autora:
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação.
Referências bibliográficas:
- Mitchell J, Jones W, Winkley E, Kinsella SM. Guideline on anaesthesia and sedation in breastfeeding women 2020: Guideline from the Association of Anaesthetists [published online ahead of print, 2020 Aug 1]. Anaesthesia. 2020;10.1111/anae.15179.