Muito se fala sobre a população LGBTQIA+, e para que o médico possa entender como a saúde mental desse grupo é afetada e oferecer um atendimento acolhedor que respeita a particularidade desses pacientes, é fundamental entender três conceitos: sexo biológico, identidade de gênero, e orientação afetivo-sexual.
A nova série LGBTQIA+ na prática – o que todo médico precisa saber, exclusiva do Portal PEBMED, vai trazer especificidades sobre cada uma das letras da sigla, e mostrará como um bom atendimento a a população LGBTQIA+ contribui para a boa prática médica. Aperfeiçoar-se no tema permitirá que o médico se sentir mais confortável no exercício profissional e ter um melhor resultado terapêutico, além da relação médico-paciente.
No primeiro episódio da série LGBTQIA+ na prática – o que todo médico precisa saber, Vitor Henrique, médico ginecologista e conteudista do Portal PEBMED, fala sobre a importância da saúde mental no atendimento da população LGBTQIA+.
Confira o primeiro episódio!
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Tópicos abordados no vídeo
- As letras da sigla: uma sopa de letrinhas?
- O que é sexo biológico?
- O que é orientação afetivo sexual?
- O que é identidade de gênero?
- Por que o médico deve entender as particularidades dessa população?
- Como ser acolhedor e ter uma comunicação responsável e efetiva no atendimento?
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(0:06) Olá, sejam bem-vindos!
(0:08) Eu sou Vitor Henrique, médico ginecologista e conteudista da PEBMED.
(0:13) Hoje estamos aqui para falar um pouco sobre a importância da saúde mental no atendimento da população LGBTQIA+.
(0:21) Muito tem-se ouvido e tem-se discutido sobre a população LGBTQIA+ e cada letra dessas representa um pouco da sexualidade humana.
(0:30) É importante que para a gente entender como a saúde mental dessa população é afetada, a gente tem que entender três conceitos que a gente vai discutir aqui hoje.
(0:39) O primeiro deles é sexo biológico, o segundo é identidade de gênero e o terceiro, orientação afetivo sexual.
(0:47) O que são essas três coisas?
(0:49) Sexo biológico seria, então, a padronização de conceitos biológicos que definem sexo masculino e sexo feminino, tratando então de condições cromossômicas, genéticas, anatômicas.
(1:03) No entanto, nem tudo se divide em sexo masculino e sexo feminino, alguns indivíduos têm a condição que chamamos de intersexo, que seriam aquelas condições da variedade não binária entre sexo masculino e sexo feminino.
(1:20) Esses indivíduos, então, podem apresentar uma série de características como variações anatômicas, variações genitais e alterações cromossômicas que o colocariam num estado intersexo.
(1:32) Identidade de gênero: a identidade de gênero, hoje, sabe-se que é uma construção social baseada em conceitos anatômicos.
(1:42) Dividimos o mundo entre mulher e homem, no entanto, a gente sabe que muitas das características atribuídas à mulher e atribuídas ao homem são construções sociais.
(1:53) Algumas pessoas nascem então com uma característica de sexo biológico feminino, então é atribuído um gênero, ao nascimento, de mulher.
(2:04) Essas pessoas que se identificam com o gênero atribuído ao nascimento são consideradas pessoas cisgênero.
(2:10) No entanto, nem todas as pessoas que tiveram um gênero atribuído ao nascimento se identificam com esse gênero atribuído.
(2:18) Essas pessoas que não se identificam com o gênero atribuído ao nascimento, elas são pessoas trans.
(2:25) Transsexuais, transgêneros. Temos várias palavras que podem caracterizar essa população, mas são pessoas, então, que na sua identidade de gênero, não se identificam, necessariamente, com o gênero atribuído ao nascimento devido ao sexo biológico.
(2:42) Além disso, temos as pessoas não binárias, pessoas que não concordam com a definição de dividir o mundo na binaridade entre homem e mulher, entendendo que existem muitas formas de entendimento de gênero. Seriam as pessoas não binárias.
(2:59) Orientação afetivo sexual tem a ver, então, com como a gente deseja uma outra pessoa, seja de forma afetiva e romântica, ou seja, por atração sexual.
(3:10) Heterossexuais seriam, então, aquelas pessoas que têm atração por outras pessoas, só que do gênero oposto. Essas são as heterossexuais.
(3:22) A comunidade LGBTQIA+, então, abrange outras pessoas. Seriam, então, os homossexuais, pessoas que têm atração por pessoas do mesmo gênero, que são os gays e as lésbicas.
(3:35) Bissexuais, que têm atração pelo mesmo gênero ou por outro gênero. Seriam as pessoas bissexuais.
(3:43) Ou até mesmo as pessoas assexuais. Cuidado para não confundir o termo com assexuado, que é um termo também utilizado na biologia, mas não se refere aos seres humanos.
(3:54) Os assexuais seriam aquelas pessoas que não têm desejo por outras pessoas, nem afetivamente ou sexual.
(4:03) Na verdade, existem alguns assexuais que até têm desejo sexual por outras pessoas.
(4:09) No entanto, esse desejo é condicionado a uma situação quando envolve grande envolvimento afetivo, grande envolvimento romântico.
(4:18) Aí, nessas condições, essas pessoas teriam desejo sexual, mas grande parte dos assexuais não tem desejo, e isso também não acarreta nenhum tipo de sofrimento a eles.
(4:28) Frente a tudo isso, qual a importância da saúde mental no atendimento?
(4:33) O médico, muitas vezes, por conta das particularidades na comunidade e às vezes até por uma falta de conhecimento, não sabe como abordar todas essas coisas?
(4:42) Hoje a gente sabe que a população LGBTQIA+ é uma população que tem grande impacto em saúde mental, não por conta de identidade de gênero, de sexo biológico, intersexo ou então, até, de orientação afetivo sexual não heterossexual.
(4:58) Não é por causa disso. É por causa, na verdade, de um fenômeno chamado stress de minoria.
(5:04) Stress de minoria é algo que a configuração da sociedade leva a um determinado grupo um forte impacto psicológico.
(5:14) Vou dar um exemplo melhor para vocês entenderem.
(5:17) Hoje a gente discute stress de minoria em relação à raça, por exemplo.
(5:21) A comunidade negra tem um impacto social por conta do stress de minoria e do preconceito que leva a questões de saúde mental.
(5:31) A mesma coisa acontece em gênero. As mulheres, em relação aos homens, acabam tendo um impacto em saúde mental muitas vezes maior também por conta da sobrecarga de trabalho e funções sociais.
(5:44) Isso vai acontecer com a comunidade LGBTQIA+.
(5:48) Por conta do preconceito e de muitas situações de vulnerabilidade que a gente vive na sociedade, essa população tem uma maior tendência a desenvolver ansiedade, depressão, uso abusivo de substâncias como álcool, cigarro e outras drogas, e outros problemas de cunho psicológico.
(6:06) Durante o atendimento, o médico tem que ficar muito atento a isso e fazer uma anamnese detalhada e com muito cuidado tentar abordar as questões de saúde mental, tentando entender os gatilhos e muitas vezes fazendo uma prevenção.
(6:20) Esse mês é o janeiro branco, é um mês que celebramos justamente a saúde mental e a importância da gente olhar para isso.
(6:28) A gente sabe que a ansiedade e a depressão têm crescido muito na sociedade nos últimos tempos, principalmente depois da pandemia.
(6:37) Para a população LGBTQIA+ isso é também um fato.
(6:42) É importante que você, como médico, durante seus atendimentos, tenha um olhar para isso e saiba identificar.
(6:49) Para você que se interessou sobre o tema e tem vontade de aperfeiçoar o seu atendimento, o Portal PEBMED vai trazer nos próximos tempos mais conteúdo sobre o assunto.
(7:00) Fique ligado para poder acompanhar as especificidades de cada letra da sigla LGBTQIA+ e, entendendo essas particularidades, podendo melhorar o seu atendimento.