Temperaturas quentes contribuem para a maior incidência de infecções de sítio cirúrgico?

Estudos têm fornecido evidências importantes e sugestões surpreendentes para as infecções de sítio cirúrgico, como por exemplo, sobre a influência da sazonalidade na ocorrência das ICS.

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Os estudos epidemiológicos têm fornecido evidências importantes e sugestões surpreendentes para as infecções de sítio cirúrgico (ICS). Anthony e colaboradores (2017), por exemplo, apresentaram resultados interessantes sobre a influência da sazonalidade sobre a ocorrência das ICS, sugerindo que temperaturas médias mais elevadas favorecem maiores incidências de ICSs.

O estudo foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores do departamento de cirurgia ortopédica e reabilitação, em conjunto com outros departamentos da Universidade de Iowa, EUA. O desenho do estudo consistiu em uma análise de coorte retrospectiva baseada no maior banco de dados americano de pacientes internados (Nationwide Inpatient Sample, NIS) com ampla cobertura nacional. Os dados demográficos e clínicos obtidos sobre as internações foram referentes ao período de janeiro de 1998 a novembro de 2011.

As altas com o diagnóstico primário de ICS foram definidas como caso e agregadas por mês e ano, sendo considerado também o tempo de internação e outros. As internações para procedimentos primários e secundários também foram considerados “de risco” para ICSs. Dentre os casos, estavam incluídas ICSs relacionadas a cirurgias ortopédicas, neurocirúrgicas, ressecções intestinais, herniorrafias, laparotomias exploradoras, cesáreas e outras.

Os hospitais com casos inclusos no estudo foram geolocalizados para a obtenção dos aspectos de sazonalidade. Os dados meteorológicos foram obtidos a partir de dados locais climatológicos não editados (1998 a 2004) e aqueles submetidos ao controle de qualidade (2005 a 2011), a partir do National Climatic Data Center of the National Oceanic and Atmospheric Administration.

Diretrizes atualizadas para prevenção de infecção do sítio cirúrgico

Utilizando dados de longitude e latitude, as estações meteorológicas em um raio de 100 km do hospital foram identificadas e extraídas dados do resumo estatístico mensal como: temperatura média, mínimo e máximo, precipitação total, e outros dados. Foram avaliados os odds para o diagnóstico primário de ICS em função da demografia, localização, gravidade da doença, mês de admissão, ano e média de temperatura no mês da admissão.

Observou-se que a incidência maior de ICS é altamente relacionada com a sazonalidade, com a maior incidência nos meses de agosto e a menor nos meses de janeiro [26,5% a mais nos meses de agosto (95% IC, 23,3-29,7)]. A incidência apresentou aumento de 2,1% para cada 2,8ºC (5ºF) maior na média de temperatura mensal. O conjunto de temperatura maior (> 32,2ºC) foi associado com maior odds para admissão por ICS de 28,9% (95% IC, 20,2-38,3) quando comparado a temperaturas < 4,4ºC.

Apesar das limitações do estudo, como a não estratificação pelo maior risco relacionado ao tipo de cirurgia, gravidade da doença, tipo de tratamento e outros aspectos não fornecidos via NIS, tais resultados são curiosos na medida que apresentam relação consistente da sazonalidade com a incidência de ICS e reforçam estudos anteriores que avaliaram associações similares.

Mas será que o mesmo se aplicaria para outras regiões do planeta como áreas tropicais e etc? Tais achados indicariam que em localidades frias teríamos as menores taxas de ICS? São questões ainda a serem esclarecidas.

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Referências:

  • Anthony CA, Peterson RA, Polgreen LA, Sewell DK, Polgreen PM. 2017. The seasonal variability in surgical site infections and the association with warmer weather: a population-based investigation. Infect. Control Hosp. Epidemiol. 1–8.
  • Durkin MJ, Dicks KV, Baker AW, et al. Seasonal variation of common surgical site infections: does season matter? Infect. Control Hosp. Epidemiol. 2015;36:1011–1016.
  • Sagi HC, Cooper S, Donahue D, Marberry S, Steverson B. Seasonal variations in posttraumatic wound infections after open extremity fractures. J Trauma Acute Care Surg 2015;79:1073–1078.

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