A Covid-19 é uma doença potencialmente grave e fatal, com milhões de casos e mortes ao redor do mundo. Uma das medidas mais eficazes, para os casos graves, até o momento, é o suporte em terapia intensiva para pacientes críticos. Casos de transplante de pulmão por Covid-19 ainda são raros, mas estão começando a surgir.
O transplante de pulmão é utilizado como terapia em doenças pulmonares terminais. Geralmente pacientes com insuficiência respiratória de etiologia infecciosa não são elegíveis para o procedimento. Entretanto, casos esporádicos de transplante pulmonar por Covid-19 vêm sendo realizados em diversos países como Estados Unidos, Áustria, Itália, Índia e Brasil.
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Em descrições mais atuais, os pacientes submetidos ao transplante apresentaram maior incidência de adesões pleurais e linfadenopatia hilar, além de sangramentos no intraoperatório. Não houve relato de reinfecção por SARS-CoV-2 no enxerto, e os pacientes transplantados têm mostrado sobrevida a curto prazo semelhante aos pacientes transplantados por outras doenças.
Diante desse cenário, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo divulgou critérios de avaliação para transplante pulmonar em pacientes com insuficiência respiratória grave e irreversível secundária à Covid-19.
São eles:
- PCR negativo para Covid-19 com 24-48 horas de intervalo;
- Idade menor que 65 anos;
- Irreversibilidade do quadro pulmonar, com seis semanas de início dos sintomas, com dependência de suporte ventilatório invasivo 24 horas/dia ou ECMO por pelo menos 4 semanas;
- Índice de massa corpórea, prévio à internação, entre 17 e 27;
- Estabilidade hemodinâmica;
- Ausência de infecção bacteriana ou fúngica ativas;
- Paciente acordado e capaz de compreender que será avaliado para transplante;
- Avaliação e aprovação do serviço social;
- Força muscular grau 3 e possibilidade de reabilitação;
- Fração de ejeção maior que 50%;
- Cateterismo esquerdo ou angiotomografia de coronárias, para todo paciente acima de 50 anos, com ausência de lesões não tratadas de forma percutânea;
- Ausência de outras disfunções orgânicas irreversíveis. Ausência de outras disfunções agudas incluindo terapia de substituição renal;
- Assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido por parente de primeiro grau ou cônjuge;
- A equipe transplantadora tem autonomia de contra indicar o transplante de acordo com o julgamento das informações clínicas.
Se considerado apto, o paciente será incluído em lista de espera e avaliado para priorização.
Mensagens práticas
- Devemos pensar em transplante de pulmão em pacientes com Covid-19 com quadro grave e irreversível;
- Além do paciente, a avaliação das condições de cuidado, e da família é fundamental, visto que o seguimento após a cirurgia é de longo prazo, com grande necessidade de suporte social;
- Poucos centros no Brasil oferecem o transplante. São eles: São Paulo (três centros), Porto Alegre, Fortaleza, e mais recentemente o Rio de Janeiro;
- Pacientes que evoluem com fibrose após quadro de Covid-19 ainda carecem de um seguimento maior para determinação do prognóstico e possível avaliação para transplante. No geral, a maioria dos casos evolui com melhora do quadro pulmonar ao longo do tempo.
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Referências bibliográficas:
- Bharat A, Machuca TN, Querrey M, Kurihara C, Garza-Castillon R Jr, Kim S, Manerikar A, Pelaez A, Pipkin M, Shahmohammadi A, Rackauskas M, Kg SR, Balakrishnan KR, Jindal A, Schaheen L, Hashimi S, Buddhdev B, Arjuna A, Rosso L, Palleschi A, Lang C, Jaksch P, Budinger GRS, Nosotti M, Hoetzenecker K. Early outcomes after lung transplantation for severe COVID-19: a series of the first consecutive cases from four countries. Lancet Respir Med. 2021 May;9(5):487-497. doi: 10.1016/S2213-2600(21)00077-1
- Nota Técnica. Câmara técnica de transplantes de órgãos torácicos. Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. 25 de Abril de 2021.
1 abr. 2024 
4 min. 
