A partir de 2015 se iniciou, nos Estados Unidos, o DUETS (Dallas UtErus Transplant Study), que trouxe a possibilidade de gestação com o primeiro nascimento de um feto vivo após o transplante de útero. Até hoje é o maior programa de transplante uterino do mundo, com um total de 23 úteros transplantados com 15 nascidos vivos.
A inovação do programa está no uso de cirurgia robótica para performar as anastomoses vasculares. O primeiro transplante de útero com sucesso foi na Turquia em 2011. A abordagem robótica melhora o controle imunológico, já que o útero transplantado vem muitas vezes de doadoras-cadáveres ou mulheres submetidas a histerectomia por condições benignas. A grande diferença no transplante uterino, em relação aos outros órgãos, é a necessidade de sucesso total residir na possibilidade desse novo útero poder conter e desenvolver uma gravidez. Aqui as gestações são fruto de FIV.
Histórico de evolução
Nos Estados Unidos, quatro centros iniciaram as tentativas em 2015 e 2016, mas somente dois programas conseguiram mais de três casos. A experiência de maior êxito foi o DUETS, com ajuda inicial de uma equipe sueca nos primeiros casos. Os quatro primeiros casos não tiveram sucesso e os úteros foram retirados logo nos dias seguintes.
Em 2016 algumas mudanças técnicas conseguiram os primeiros casos de sucesso. Em 2020, já com 20 casos realizados, foi adicionada a tecnologia robótica para melhora técnica nas anastomoses e já com realização de transplante de doadoras vivas.
A experiencia atual do DUETS nos Estados Unidos sugere que o transplante uterino é reprodutível podendo resultar em nascidos vivos tanto de doaras falecidas como doadoras vivas sendo uma alternativa para mulheres portadoras de casos de infertilidade absoluta como a Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser que cursa com agenesia uterina.
Futuro do transplante uterino
Para o desenvolvimento de um centro de transplante uterino, que é um procedimento de alta complexidade, é importante a experiência prévia de um centro de transplantes abdominais. A multidisciplinariedade é mandatória: centro de cirurgia ginecológica, centro de transplante abdominal, centro de gravidez de alto risco e serviço de neonatologia. A recomendação da equipe DUETS é que os novos centros façam parcerias com os centros mais experientes.
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Expectativas
O trabalho mencionado está começando com um novo centro na Austrália e vai trazer em breve os resultado desse novo centro de transplante uterino. Ainda estão na fase de coleta de dados e implantação do serviço.