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As patologias traumáticas constituem o principal motivo que conduz o paciente até um serviço de urgência/emergência oftalmológica. Dentre as enfermidades traumáticas, o trauma oftalmológico causado por corpo estranho na região ocular representa, ainda, a grande maioria dos atendimentos.
O sexo masculino é mais acometido do que o sexo feminino, em uma ordem proporcional de 13:1 (M/F), sendo a faixa etária mais atingida correspondente à idade profissional.
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Constituídos geralmente por metal, vidro ou material orgânico. Mais comum em pacientes que se ocupam de atividades como carpintaria ou retificação e não fazem uso adequado de equipamento de proteção.
Dessa forma, daremos destaque aos corpos estranhos corneanos e conjuntivais:
Sintomas
Sensação de corpo estranho, lacrimejamento, histórico de trauma.
Sinais
Críticos: Corpo estranho corneano ou conjuntival com ou sem rust ring (anel ferruginoso).
Outros: Injeção conjuntival, edema palpebral, reação leve de CA e CPS. Um pequeno infiltrado pode circundar um corpo estranho corneano, sendo geralmente reacional e estéril. A presença de abrasões corneanas lineares orientadas verticalmente pode indicar um corpo estranho em pálpebra superior.
Avaliação
1- Histórico: Determinar o mecanismo da lesão. Tentar determinar o tamanho, o peso, a velocidade, a força, o formato e a composição do objeto.
2- Determinar a acuidade visual antes de realizar qualquer procedimento.
3- Exame sob lâmpada de fenda: localizar e avaliar a profundidade do corpo estranho.
Examinar cuidadosamente possíveis locais de entrada, irregularidades pupilares, lacerações da íris e defeitos de transiluminação (DTIs), perfurações capsulares, opacidades do cristalino, hifema, CA rasa e PIO assimetricamente baixa no olho envolvido.
4- Dilatar o olho e examinar o segmento posterior à procura de um possível CEIO (corpo estranho intraocular). Avaliar também US modo B, tomografia computadorizada (TC) da órbita ou biomicroscopia ultrassonográfica. Evitar ressonância magnética se histórico de possível corpo estranho metálico.
Tratamento
Corpo estranho corneano (superficial ou de espessura superficial)
1- Aplicar anestésico tópico. Remover o corpo estranho corneano com uma espátula, um fórceps delicado ou uma agulha de calibre fino, utilizando a lâmpada de fenda.
2- Remover por completo o rust ring, de preferência na primeira tentativa.
3- Medir o tamanho do defeito epitelial corneano resultante.
4- Tratar do mesmo modo que para abrasão corneana.
5- Alertar o paciente para que retorne o mais rápido possível se houver qualquer piora dos sintomas.
Corpo estranho conjuntival
1- Remover o corpo estranho sob anestesia tópica.
2- Limpar fórnices conjuntivais com um cotonete embebido em anestésico.
3- Pode-se utilizar um antibiótico tópico.
4- Pode-se administrar lágrimas artificiais sem conservantes para a irritação ocular.
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Autor:
Médica graduada pela Universidade do Grande Rio ⦁ Residente de Oftalmologia na Universidade Federal Fluminense ⦁ Médica do Hospital Naval Marcílio Dias
Referências:
- GERSTENBLITH, Adam, RABINOWITZ, Michael. Manual de Doenças Oculares do Wills Eye Hospital – Diagnóstico e Tratamento no Consultório e na Emergência. 6.ed. Rio de Janeiro: Artmed, 2015. 492p. ISBN 9788582710418 (broch.).
- Leal Fernando Antônio de Macedo, Silva e Filho Arthur Pereira da, Neiva Daniela Martins, Learth Josilene Carvalho Soares, Silveira Durwagner Barros da. Trauma ocular ocupacional por corpo estranho superficial. Arq. Bras. Oftalmol. [Internet]. 2003 Jan [cited 2018 Sep 10] ; 66( 1 ): 57-60. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000427492003000100011&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27492003000100011