Triagem para pré-diabetes e diabetes mellitus tipo 2 em pacientes pediátricos

Recentemente, o periódico JAMA publicou novas recomendações do USPSTF para a triagem de pré-diabetes e diabetes mellitus tipo 2 (DM2).

De acordo com o órgão americano Centers for Disease Control and Prevention (CDC), cerca de 210.000 crianças e adolescentes com menos de 20 anos tinham diabetes em 2018 nos Estados Unidos. Destes, o diagnóstico de DM2 era presente em aproximadamente 23.000 indivíduos. Pacientes jovens com DM2 têm uma prevalência aumentada de comorbidades crônicas associadas, incluindo hipertensão, dislipidemia e doença hepática gordurosa não alcoólica. Esses dados do CDC indicam que a incidência de DM2 vem aumentando ao longo dos anos: de 2002-2003 a 2014-2015, houve um aumento 9,0 casos/100.000 crianças e adolescentes para 13,8 casos/100.000.

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Para as novas recomendações, os pesquisadores conduziram uma revisão sistemática das evidências sobre o rastreamento de pré-diabetes e DM2 em pacientes assintomáticos e não gestantes com menos de 18 anos de idade. A revisão se concentrou nas evidências dos benefícios e malefícios da triagem para pré-diabetes e DM2 e das intervenções para triagem de ambos ou DM2 diagnosticada recentemente. Além disso, o estudo também teve foco nos efeitos da triagem e intervenções nos desfechos de saúde, incluindo mortalidade, morbidade cardiovascular, doença renal crônica, amputação, úlceras de pele, deficiência visual, neuropatia e qualidade de vida. Por fim, a revisão também analisou as evidências sobre a eficácia das intervenções para o pré-diabetes para retardar ou prevenir a progressão para o DM2.

Em pacientes assintomáticos com menos de 18 anos de idade, o USPSTF conclui que as evidências atuais são insuficientes para avaliar o equilíbrio entre benefícios e malefícios do rastreamento do DM2. Há escassez de evidências sobre o efeito da triagem, detecção precoce e tratamento do DM2 nos desfechos de saúde em pacientes jovens, e o equilíbrio entre benefícios e danos não pode ser determinado.

Triagem para pré-diabetes e diabetes mellitus tipo 2 em pacientes pediátricos

O que recomendam outras associações ou sociedades?

A American Diabetes Association recomenda a triagem baseada em risco para DM2 após o início da puberdade ou 10 anos de idade em crianças com sobrepeso (definido como índice de massa corporal [IMC] no 85º percentil) ou obesidade (definido como IMC no 95º percentil) e 1 ou mais fatores de risco adicionais para diabetes. Em crianças consideradas de alto risco, recomenda-se a triagem a cada três anos se os exames forem normais ou com maior frequência se o IMC aumentar. Já a Endocrine Society aconselha que crianças e adolescentes com IMC acima do percentil 85 (equivalente a þ1 desvio-padrão do z-score) devam ser rastreados para pré-diabetes/DM2.

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda a triagem para DM2 em crianças e adolescentes com 10 ou mais anos de idade ou após início da puberdade que apresentem sobrepeso ou obesidade, e com, pelo menos, um fator de risco para detecção de DM2. O Departamento de Nutrologia Pediátrica da Associação Brasileira de Nutrologia preconiza a triagem em crianças ou adolescentes obesos com IMC > P95.

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Comentário sobre triagem para pré-diabetes e DM2

O USPSTF não encontrou evidências sobre rastreamento de pré-diabetes ou DM2 em crianças e adolescentes, inclusive naqueles com fatores de risco e está solicitando mais estudos sobre os benefícios e malefícios da triagem nessa faixa etária, incluindo pacientes de maior risco. Ademais, esclarece que a declaração não é uma recomendação a favor nem contra a triagem, devendo o médico continuar usando seu julgamento clínico.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
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