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Na última semana de setembro foi realizado o Congresso ANERJ 2017 e o colunista da PEBMED, Dr. Eduardo Moura Assad Monteiro dos Santos, esteve lá e separou os principais pontos para você nessa coluna!
Temas em destaque
Dentre os temas de palestras e mesas redondas que destacamos anteriormente, podemos ressaltar alguns pontos importantes nos assuntos discutidos.
Novos anticoagulantes e a doença cerebrovascular
A abordagem dos novos anticoagulantes nos contextos da doença cerebrovascular foi muito elucidativo, tendo em vista que a indústria farmacêutica impõe uma pressão importante sobre os neurologistas nestes aspectos, porém não podemos nos deixar levar apenas pela novidade, e sim nos assegurarmos de estarmos dando de fato a melhor conduta a cada caso, evitando complicações potencialmente irreversíveis nestes pacientes.
Tratamento cirúrgico para transtornos do movimento
Da mesma forma, o uso de tratamentos cirúrgicos para transtornos do movimento é muitas vezes idealizado, e quando o médico desconhece suas reais aplicações e utilidades, pode criar expectativas vãs no paciente e até mesmo gerar riscos cirúrgicos desnecessários.
Biomarcadores na demência
A aplicação de biomarcadores laboratoriais em demências também tem sido amplamente divulgada, não havendo ainda, porém, nenhum exame incontestavelmente útil ou que substitua a avaliação clínica; é importante porém mantermo-nos atualizados sobre os avanços nesta área, que é crescente com o envelhecimento populacional.
Exames genéticos
A utilidade a aplicação de exames genéticos, principalmente o sequenciamento de exoma, também é um tema muito em voga e cujo conhecimento escapa a muitos neurologistas, principalmente devido a sua complexidade e baixa disponibilidade no país. Assim sendo a discussão deste tema foi de fundamental importância para melhor esclarecer e exemplificar os usos reais destas avaliações.
Cefaleias
A discussão sobre as cefaleias em geral, mas principalmente a cefaleia cervicogênica, cuja prevalência é extremamente alta e subestimada em nosso meio, foi outro assunto de vital importância, pois muitas vezes nos deparamos com pacientes que já passaram por inúmeros tratamentos frustros devido ao diagnóstico equivocado e mistificação da doença.
Arboviroses
Por fim, a discussão sobre os efeitos neurológicos das arboviroses emergentes foi muito relevante, pois agora, passado o grande furor e período especulativo gerado pela epidemia de zika e chikungunya em nosso país, temos uma ideia mais clara e sóbria sobre o que podemos atribuir aos efeitos diretos destes vírus, não apenas no feto e recém-nato, mas também na população adulta; este tema inclusive é de imensa importância em nossa comunidade neurológica do Rio de Janeiro, tendo em vista o grande número de casos aqui e o peso que estes estudos vêm apresentando para a comunidade científica de todo o mundo.
Considerações finais
Conforme havia comentado na análise pré-congresso, acredito que o ponto alto, sem dúvida, foi o engajamento da comunidade ligada à Neurologia do estado do Rio de Janeiro, e surpreendentemente, até mesmo de outros estados, que brindaram o evento com suas presenças. Um avanço louvável na gestão da ANERJ, que há alguns anos estava retraída e perdendo força.
O conteúdo da grande parte das palestras consistiu de temas atuais e relevantes, além das tradicionais aulas sobre conceitos básicos, comuns em todos os congressos. A curta duração deste evento não foi um detrimento, e observei grande presença em todas as palestras, mesmo com o tempo chuvoso.
Independentemente dos assuntos discutidos, saí do congresso com mais esperança e antevendo uma revitalização da discussão científica da comunidade neurológica de nosso estado, uma boa notícia muito necessária nestes tempos difíceis para a ciência aqui e em todo o Brasil.
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