Ultrassom pulmonar: um grande aliado em tempos de pandemia pelo Covid-19

O novo coronavírus tem alta infectividade. Para reduzir o trânsito do paciente pelo hospital para realização de exames , a ultrassom pode ser usada.

O novo coronavírus, SARS-CoV-2, causador da doença chamada de Covid-19 (Coronavirus Disease 2019), traz consigo um alto poder de infectividade. A contaminação de profissionais de saúde é um dilema constante. Dessa forma, reduzir o trânsito desses pacientes pelo hospital para realização de tomografias, assim como reduzir a exposição da equipe para realização de radiografias de tórax é uma preocupação interessante e válida.

mão de médico com aparelho de ultrassom para realizar exame em paciente com coronavírus

Ultrassom em pacientes com Covid-19

Tendo em vista os diversos padrões de acometimento pulmonar encontrados nos pacientes com Covid-19, o acompanhamento diário ou sequencial da evolução da imagem pulmonar é um dado fundamental no raciocínio e seguimento terapêutico de pacientes que atingem níveis de gravidade elevado (Insuficiência Respiratória Aguda Hipoxêmica, Síndrome do Desconforto Agudo Respiratório, necessidade de altas concentrações de oxigênio suplementar).

Eis que o ultrassom pulmonar, já utilizado por vários intensivistas e emergencistas, tem suas principais características destacadas, como: a possibilidade de realizá-lo à beira-leito sem necessidade de transporte para outro setor, baixo custo, ausência de radiação, além de permitir follow-up diário do acometimento pulmonar dos pacientes.

Estudo analisando o uso

Em 02 de março, o Chinese Critical Care Ultrasound Study Group (CCUSG) publicou na Intensive Care Medicine o artigo Findings of lung ultrasonography of novel corona virus pneumonia during the 2019–2020 epidemic. Na publicação, o grupo descreve as principais alterações encontradas ao ultrassom pulmonar de 20 pacientes com diagnóstico de pneumonia pelo novo coronavírus.

Principais achados:

  1. Espessamento da linha pleural com irregularidade da pleura;
  2. Linhas B em uma variedade de padrões, incluindo focal, multifocal e confluentes.
  3. Consolidações em uma variedade de padrões incluindo pequenas consolidações multifocais, não translobares, e translobares com broncogramas aéreos móveis ocasionais.
  4. Aparecimento de linhas A durante a fase de recuperação.
  5. Derrames pleurais são incomuns.

Abaixo algumas imagens, cortesia dos autores do artigo mencionado acima:

Ultrassom pulmonar de paciente com coronavírus A: Linhas B
A: Linhas B

 

Ultrassom pulmonar de paciente com coronavírus B: Linhas B confluentes
B: Linhas B confluentes

 

Ultrassom pulmonar de paciente com coronavírus C: consolidações pequenas
C: consolidações pequenas

 

Ultrassom pulmonar de paciente com coronavírus D: consolidação translobar
D: consolidação translobar

Uma limitação reconhecida da ultrassonografia pulmonar é não detectar lesões que se localizem profundamente no pulmão, uma vez que as anormalidades precisam se estender até a superfície pleural para que sejam visíveis ao exame de ultrassom. Nesses casos, a tomografia de tórax é necessária para detectar pneumonias que não se estendem até a superfície pleural.

Mensagem prática

Vantagens do ultrassom pulmonar no manejo dos pacientes com Covid-19 e acometimento respiratório:

  • Baixo custo, ausência de radiação, segurança, além de poder ser repetido diversas vezes;
  • Avaliação rápida da gravidade e acometimento pulmonar;
  • Seguimento da evolução da doença
  • Monitoramento de manobras de recrutamento
  • Guiar resposta à posição prona
  • Reduz necessidade de transporte à tomografia (maior potencial de contaminação, limitação oriunda de características de gravidade dos pacientes — hipoxemia, instabilidade hemodinâmica…)

Observação: Caso o leitor queira conhecer um pouco mais sobre o ultrassom pulmonar, ou mesmo, relembrar os principais pontos associados ao seu uso, recomendo que acesse o tutorial (em português).

Referências bibliográficas:

  • Peng, Q., Wang, X. & Zhang, L. Findings of lung ultrasonography of novel corona virus pneumonia during the 2019–2020 epidemic. Intensive Care Med. 2020. https://doi.org/10.1007/s00134-020-05996-6.

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