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Existe limitada informação na literatura a cerca dos padrões de uso, motivos de recusa, tipos de tratamentos e de eficácia de terapias que se enquadrariam na categoria de tratamentos alternativos (TA) em pacientes oncológicos. A recusa aos tratamentos convencionais pode provocar impactos significativos na sobrevida de pacientes com diferentes tipos de câncer.
Câncer x terapia alternativa
Pesquisadores de Yale procuraram pacientes portadores dos quatro tipos de câncer mais comuns (pulmão, mama, próstata e cólon) numa base de dados norte-americana entre 2004 e 2013 e embora seja raro, encontraram 280 pacientes com câncer não metastático que receberam “outros” tratamentos que não fosse cirurgia, quimio, radioterapia ou terapia hormonal, considerados como tratamento convencional (TC).
Foram feitas análises estatísticas com regressão logística de múltiplas variáveis a partir dos dados clínicos e demográficos coletados e comparados com uma coorte de 560 pacientes que receberam TC para análise de sobrevida global (2:1) com estadiamento clínico, idade, tipo de tumor, raça, tipo de seguro e ano do diagnóstico. O seguimento mediano foi de cerca de 66 meses.
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Pacientes que receberam TA tiveram sobrevida em cinco anos pior. No grupo como um todo (54 vs 78%) – estatisticamente positivo, p<0,001 com “hazard ratio” de 2,21, i.e, mais do que o dobro de risco de morte. Quando separamos por tipo de tumor os resultados são impressionantes: mama: 58 vs 86% HR: 5,68 (ou seja cinco vezes maior); pulmão: 19% vs 41% HR: 2,17; cólon: 32% vs 79,4% HR: 4,57; próstata: 86% vs 92% e não foi significativa a diferença estatística, fato explicado pela história natural mais longa desta neoplasia, seguimento “curto” e também pelo alto número de casos de tumores com graus baixo ou intermediário.
Conclusão
Apesar das limitações do estudo, em pacientes com cânceres curáveis a adoção de TA ao invés de TC aumentou o risco de morte de forma significativa. Importante distinguir medicina integrativa à TA, pois cada vez terapias complementares são incluídas no arsenal terapêutico desses cânceres visando melhorar a qualidade de vida desses pacientes ainda que sem impacto em sobrevida global.
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Autor:
Formado em 1992 na UFRJ • Residência Médica em Clínica Médica no HUCFF – UFRJ • Residência em Oncologia Clínica no INCA • Oncologista do INCA de 01/1998 até 04/2008 –Chefe do Serviço do HCIII de 11/1999 até 05/2001 e de 12/2003 até 12/2005 • Membro Titular da SBOC desde 1996 • Membro titular da “ASCO” desde 2001 e da “ESMO desde 2016 • Sócio Honorário da Sociedade Brasileira de Mastologia desde 2009 • Oncologista e Coordenador Nacional de Oncologia Mamária da “Oncologia D’Or”, desde 05/2011 • Membro voluntário do Comitê Científico da FEMAMA, do INSTITUTO ONCOGUIA e da Fundação Laço Rosa
Referências:
- SB Johnson, HS Park, CP Gross, JB Yu; JNCI J Natl Cancer Inst (2018) 110(1): djx145. doi: 10.1093/jnci/djx145