Uso de antagonistas mineralocorticoides reduz risco de fibrilação atrial?

Uma revisão sistemática e meta-análise avaliou a efetividade do tratamento com ARMs no risco de ocorrência de fibrilação atrial.

Fibrilação atrial (FA) é a arritmia mais prevalente, acometendo aproximadamente 17 milhões de pessoas em 2017. Os antagonistas do receptor mineralocorticoide (ARMs), usados no tratamento da hipertensão, parecem reduzir o risco da FA, porém alguns estudos mostraram resultados inconsistentes. 

Uma meta-análise confirmou a redução desse risco, tanto de FA nova quanto recorrente, quando comparou uso de ARMs e placebo. Novos estudos foram publicados desde então e, recentemente, foi publicada uma nova meta-análise.   

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Métodos do estudo 

Foi uma revisão sistemática e meta-análise de estudos controlados e randomizados que avaliou a efetividade do tratamento com ARMs no risco de ocorrência de fibrilação atrial. Foi feita busca nas principais bases de dados eletrônicas até o ano de 2021 e foram incluídos ensaios clínicos controlados e randomizados que compararam o efeito de ARMs versus não ARMs em desfechos de FA na população com 18 anos ou mais. A análise de subgrupos incluiu o tipo de FA (nova ou recorrente). 

Resultados 

Foram incluídos dez ensaios clínicos controlados e randomizados que utilizaram quatro medicações: espironolactona (seis estudos), canrenone (um estudo), eplerenone (dois estudos) e finerenone (um estudo). Todos os estudos tinham baixo risco de viés. 

Metade dos 11.356 pacientes estava no grupo ARM e metade no não ARM. A idade média foi 66 anos e dos que receberam ARM, 15,9% receberam espironolactona, 9% eplerenone, 0,2% canrenone e 24,9% finerenone. A maioria (87,3%) não tinha história de FA e a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) média era 45,3%. 

Pacientes tratados com ARMs tiveram 23% de redução da ocorrência de FA (OR 0,77; IC 95% 0,65-0,91, p = 0,003, I2=40%). Seis estudos incluíram pacientes sem insuficiência cardíaca (IC), um incluiu pacientes com IC FEP (fração de ejeção preservada) e três incluíram pacientes com IC FER (fração de ejeção reduzida) e o efeito dos ARMs foi diferente nessas populações: houve redução de 26% do risco em pacientes sem IC e de 39% em pacientes com IC FER. Não houve redução nos pacientes com IC FEP. Na análise de subgrupos não houve diferença entre FA nova e FA recorrente.   

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Comentários e conclusão 

Essa meta-análise mostrou que há benefício dos ARMs em reduzir o risco de fibrilação atrial, tanto nova quanto recorrente, porém com impacto diferente nas populações sem IC, com IC FEP ou IC FER. Existem várias hipóteses para justificar essa redução, como atuação da medicação no mecanismo de fibrose e inflamação nos átrios induzidas por aldosterona.  

Algumas limitações do estudo são que não foi possível fazer análises isoladas para cada ARM, apenas um estudo avaliou pacientes com IC FEP e o desenho dos estudos, assim como os métodos de detecção da FA e os tempos de seguimento foram diferentes. 

Os achados dessa meta-análise sugerem que o uso de ARMs reduzem a ocorrência de FA e que poderiam ser utilizados como forma de prevenir a arritmia. Porém, estudos que avaliam cada medicação de forma isolada são necessários para entender suas particularidades e, talvez, a identificação de uma população de maior risco também possa auxiliar na decisão de utilizar a medicação com esse intuito.  

Este artigo foi produzido em parceria com a Elsevier, utilizando os conteúdos baseados em evidências disponíveis na plataforma Clinical Key. Clique aqui para saber mais.   

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Fatima K, Asad D, Shaikh N, Ansari SA, Kumar G, Rehman HA, Azam F, Khan SA, Ahmed S, Shah A, Bawani AM, Noorani A, Rashid AM. A Systematic Review and Meta-Analysis on Effectiveness of Mineralocorticoid Receptor Antagonists in Reducing the Risk of Atrial Fibrillation. Am J Cardiol. 2023 Jul 15;199:85-91. DOI: 10.1016/j.amjcard.2023.04.038. Epub 2023 Jun 1. PMID: 37269781.