A luxação do quadril é a segunda mais comum deformidade musculoesquelética dos pacientes com paralisia cerebral, podendo causar dor, obliquidade pélvica, escoliose, perda da habilidade de sentar ou caminhar, além de dificuldade para higiene pessoal. O melhor tratamento dessa patologia vem sendo discutido ao longo dos anos, confrontando o tratamento conservador e cirúrgico.
O tratamento conservador é composto por várias opções incluindo vários tipos de aparelhos de abdução do quadril, sistemas de assento de alinhamento postural e injeção de toxina botulínica, com resultados inconsistentes. Foi publicado nesse mês no Journal of The American Medical Association (JAMA) um estudo com o objetivo de investigar a eficácia de um imobilizador (brace) de quadril para prevenir a luxação progressiva em pacientes com paralisia cerebral que não deambulam.
Métodos
Foi desenvolvido um estudo multicêntrico, prospectivo, randomizado conduzido entre julho de 2019 e novembro de 2021 com pacientes de quatro hospitais sul-coreanos. Foram incluídos pacientes com paralisia cerebral entre um e dez anos, GMFCS IV ou V, quadri ou diplégicos. Foram excluídos pacientes submetidos à cirurgia ou que receberam injeção de toxina botulínica até três meses antes do estudo.
Os pacientes foram alocados aleatoriamente (1:1) em um grupo intervenção que usou o brace 12 horas por dia por 12 meses e em um grupo controle. O desfecho primário foi o índice de migração de Reimers (IM) em radiografia, avaliada por três investigadores cegos. Os desfechos secundários incluem mudanças Caregiver Priorities & Child Health Index of Life with Disabilities, em que pontuações mais baixas indicam melhor qualidade de vida.
Um total de 66 pacientes foram incluídos, com 33 pacientes (média de idade de 68,7 meses), sendo 75,8% do sexo masculino (total de 25), randomizados para o grupo de intervenção. E 33 pacientes (média de idade de 60,7 meses), sendo 60,6% do sexo masculino (20 meninos), para o grupo controle. O IM (média entre lado direito e esquerdo) médio inicial foi de 37,4% no grupo intervenção e 30,6% no grupo controle.
Resultados
A diferença média de o IM entre o grupo de intervenção e o grupo controle foi de -8,7 (IC 95%, -10,2 a -7,1) pontos percentuais em seis meses e -12,7 (IC 95%, -14,7 a -10,7) pontos percentuais em 12 meses. As mudanças no Caregiver Priorities & Child Health Index of Life with Disabilities foram favoráveis no grupo estudado e alcançou significância estatística no seguimento de seis meses em comparação com o grupo controle (diferença, -14,2; IC 95%, -25,2 a -3,3).
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Conclusão
O estudo demonstrou que o brace de quadril foi significativamente eficaz na prevenção da progressão do deslocamento do quadril, em comparação com o controle e melhorou efetivamente a qualidade de vida em pacientes com paralisia cerebral. Portanto, o uso do brace de quadril pode ser um método de tratamento promissor para retardar a cirurgia de quadril e melhorar a qualidade de vida de pacientes com paralisia cerebral não ambulatorial.
19 mar. 2024 
2 min. 
