Uso prolongado do LGG® pode beneficiar a saúde gastrointestinal e imunológica da criança

Discussões sobre o uso individualizado e prolongado do LGG® devem ser encorajadas com o objetivo preventivo.

Este conteúdo foi produzido pela PEBMED em parceria com Cellera Farma de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal PEBMED.

O Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®) está entre os probióticos mais utilizados na prática clínica. Diversos estudos e diretrizes comprovam seus benefícios em condições como diarreia associada ao uso de antibiótico, dor abdominal funcional, síndrome do intestino irritável, gastroenterites agudas, infecções respiratórias, na aquisição de tolerância na alergia à proteína do leite de vaca (APLV), na prevenção da dermatite atópica (DA) e sobre a atividade imune1,5.

Em pediatria, a prescrição recorrente de antibióticos para os quadros infecciosos é muito frequente, apesar de na sua grande maioria resultar de uma infecção de etiologia viral. Esse cenário se associa e fomenta quadros de desequilíbrio da microbiota, com crescimento de patógenos, redução da diversidade da flora, quebra da barreira intestinal e desregulação dos eixos cérebro-intestino e intestino-pulmão. Nesse contexto, são cada vez mais frequentes discussões sobre o uso prolongado do LGG® e seu impacto na saúde gastrointestinal e imunológica de crianças e adolescentes1.

Korpela e colaboradores realizaram um importante estudo que avaliou os desfechos do uso prolongado do LGG® em crianças escolares e pré-escolares, observando os impactos na microbiota, saúde gastrointestinal e na redução significativa dos episódios infecciosos2.

O estudo realizado foi duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, realizado durante o inverno, investigando o efeito da suplementação LGG® na ocorrência de infecções em crianças entre 2 e 6 anos. O probiótico ou placebo foi ofertado durante sete meses para 231 crianças e, durante todo o período, o uso foi supervisionado pelos pais ou cuidadores, os quais também registraram as queixas gastrointestinais e respiratórias. Uma amostra fecal foi coletada no início e ao final da intervenção para análise da microbiota.  Dentre os resultados observados, destaca-se que a ingestão a longo prazo de LGG® foi capaz de prevenir as alterações associadas à penicilina na microbiota intestinal. Demonstrou-se ainda que o uso regular de LGG® aumentou em 4,5 e 1,9 vezes a abundância de Lactococcus e Lactobacillus gasseri, respectivamente, enquanto de Escherichia coli diminuiu 2,5 vezes (p<0,0001)2.

Além de auxiliar no equilíbrio da microbiota, o uso prolongado de LGG® reduziu as queixas gastrointestinais após administração de macrolídeos e reduziu o número de antibióticos utilizados em até 72% durante a intervenção e até 48% no seguimento de 2,7 anos, sugerindo um papel importante deste probiótico na prevenção de infecções bacterianas. Ainda dentre os quadros infecciosos, Liu e colaboradores comprovaram em estudo de metanálise de ensaios clínicos randomizados controlados que o uso de LGG® em crianças é capaz de reduzir otite média aguda (RR 0,76, NNT=17), infecções respiratórias (RR 0,62, NNT=4) e uso de antibióticos (RR 0,80)2.

O efeito do LGG nos distúrbios gastrointestinais funcionais relacionados à dor abdominal na infância também foi objeto de metanálise. Em todos os estudos, LGG® foi comparado com placebo. A dose diária de LGG® variou de 109 UFC duas vezes ao dia a 3×109 UFC duas vezes ao dia, por 4 a 12 semanas. A suplementação de LGG® em comparação com placebo foi associada a uma taxa significativamente maior de respondedores ao tratamento (definido como ausência de dor ou diminuição da intensidade da dor) (n = 290, RR = 1,31; IC95% = 1,08-1,59, número necessário para tratar = 7, IC95%= 4-22). A frequência de dor foi reduzida naqueles que utilizaram LGG® (2 ensaios clínicos randomizados, n= 117; RR = -1,04, IC 95% = -1,43 a -0,65). Comparado ao placebo, o uso de LGG® foi ainda associado com uma diminuição significativa na percepção da intensidade da dor2.

Em relação à alergia alimentar, a APLV é uma das mais proeminentes. Nessa condição, o paciente isenta-se do contato com leite de vaca, seja através da dieta materna com exclusão de leite e derivados ou através do uso de fórmulas especiais, como a fórmula extensamente hidrolisada ou fórmula de aminoácidos. Após um período de isenção e posterior realização do teste de tolerância oral, avalia-se a possível resolução da alergia3.

Nesse cenário, uma revisão sistemática realizada por Weifu Tan e colaboradores avaliou o desfecho do uso concomitante de LGG® às fórmulas especiais e a capacidade de aquisição de tolerância à proteína do leite de vaca nos pacientes com APLV. Os trabalhos evidenciaram uma taxa de tolerância de quase 80% após o seguimento de 12 meses no pacientes que fizeram o uso da fórmula especial associada ao LGG®, sendo significativamente maior do que o grupo que não utilizou o LGG®. Essas evidências sugerem que o uso do LGG durante o período de exclusão da proteína do leite de vaca pode auxiliar na tolerância e consequente melhora da alergia alimentar (OR 28,62, IC 95% 8,72–93,93; p < 0,001)3.

Na dermatite atópica, o papel da suplementação com LGG® em gestantes com história pessoal de atopia e seus recém-nascidos é bem elucidado e tem por objetivo a redução de doenças alérgicas na primeira infância. As evidências sugerem que os bebês tratados com LGG® apresentam um risco relativo significativamente menor para eczema em comparação com os controles. Esses achados foram confirmados por metanálise de 17 estudos, com dados de 4.755 crianças (2.381 no grupo probiótico e 2.374 no grupo controle), a qual confirmou que bebês tratados com probióticos tem menor risco para eczema (RR = 0,78, IC 95% = 0,69-0,89; P=0,0003) em comparação com controles1.

Além de todos esses benefícios, o LGG® pode oferecer várias propriedades funcionais, incluindo a estimulação do sistema imunológico através do aumento da resposta imune celular e humoral, podendo contribuir para a prevenção de doenças imunomediadas na infância. Diversos estudos demonstram em modelo animal aumento da produção de IgA, IgG, IgM e expressão de receptores toll-like, além de potencial modulação da secreção de interleucinas, como IL-6, interferon-γ, TNF-α, IL-12 e IL-181,4

Sendo assim, as discussões sobre o uso prolongado e individualizado do LGG® devem ser encorajadas com o objetivo preventivo de quadros infecciosos, alergias alimentares, dermatite atópica, auxílio na imunidade e no manejo da disbiose e de doenças funcionais do trato gastrointestinal. Os impactos de outras medidas preventivas como vacinação, alimentação saudável com oferta adequada de micro e macronutrientes são também fundamentais para uma eficaz barreira imunológica. No entanto, todos esses efeitos podem ser potencializados com o uso concomitante do LGG® como terapia adjuvante, sendo indispensável o acompanhamento médico regular1,3,4.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • 1. Capurso L. (2019). Thirty Years of Lactobacillus rhamnosus GG: A Review. Journal of Clinical Gastroenterology; 53(S1), S1–S41.  
  • 2. Korpela, K., Salonen, A., Virta, L. J., Kumpu, M., Kekkonen, R. A., & de Vos, W. M. (2016). Lactobacillus rhamnosus GG Intake Modifies Preschool Children's Intestinal Microbiota, Alleviates Penicillin-Associated Changes, and Reduces Antibiotic Use. PloS One; 11(4), e0154012.  
  • 3. Tan W, Zhou Z, Li W, Lu H, Qiu Z. (2021). Lactobacillus rhamnosus GG for Cow's Milk Allergy in Children: A Systematic Review and Meta-Analysis. Front Pediatr; 9:727127.  
  • 4. González Olmo, B. M., Butler, M. J., & Barrientos, R. M. (2021). Evolution of the Human Diet and Its Impact on Gut Microbiota, Immune Responses, and Brain Health. Nutrients; 13(1), 196.  
  • 5. Liu, S., Hu, P., Du, X., Zhou, T., Pei, X. (2013). Lactobacillus rhamnosus GG supplementation for preventing respiratory infections in children: a meta-analysis of randomized, placebo-controlled trials. Indian Pediatr, ;50(4):377-81