Vacina materna contra Streptococcus do grupo B é viável para proteger lactentes?

Estudo avaliou formulações de uma vacina hexavalente contra o Streptococcus do grupo B (GBS6) e analisou anticorpos transferidos para o bebê.

O Streptococcus do grupo B (GBS) é comumente responsável por sepse e meningite em recém-nascidos até 89 dias de idade. O principal fator de risco para doença invasiva por essa bactéria em recém-nascidos é a exposição à colonização materna retovaginal durante o parto. Além disso, uma infecção ascendente na mãe também pode afetar o feto dentro do útero, quando pode ocorrer infecção intra-amniótica, trabalho de parto prematuro ou natimorto.

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A profilaxia antibiótica intraparto é mais de 80% eficaz na prevenção da doença de início precoce em lactentes (de 0 a 6 dias de idade), mas não se mostra eficaz contra a doença de início tardio (de 7 a 89 dias) ou sequelas pré-natais. Ademais, o uso de antibiótico intraparto pode contribuir para a resistência antimicrobiana e interromper o desenvolvimento do microbioma infantil.

Assim, uma vacina materna contra o Streptococcus do grupo B, administrada durante a gravidez, poderia prevenir a doença invasiva em lactentes, além de poder mitigar a necessidade de profilaxia antibiótica intraparto em mulheres saudáveis. É importante observar que esta vacina seria uma medida de prevenção com elevado potencial de impacto para uma porcentagem substancial de mulheres grávidas que vivem em ambientes comunitários com recursos limitados, onde a triagem microbiológica e a profilaxia antibiótica intraparto não são disponíveis.

Vacina materna contra Streptococcus do grupo B é viável para proteger lactentes

Novo estudo e métodos

Um estudo controlado por placebo de fase 2 envolvendo mulheres grávidas, avaliou a segurança e a imunogenicidade de uma dose única de várias formulações de uma vacina hexavalente contra o Streptococcus do grupo B(GBS6) e analisou anticorpos anti-CPS transferidos pela mãe para o bebê. Em um estudo soroepidemiológico paralelo realizado na mesma população, avaliou-se as concentrações de IgG anti-CPS sorotipo específicas que foram associadas a um risco reduzido de doença invasiva entre recém-nascidos até 89 dias de idade para definir limites de proteção.

Resultados

Concentrações de IgG anti-CPS adquiridas naturalmente foram associadas a um risco reduzido de doença entre crianças no estudo soroepidemiológico. Os limiares de IgG que foram determinados como associados a reduções de 75% a 95% no risco de doença foram de 0,184 a 0,827 μg por mililitro. A incidência de eventos adversos e de eventos adversos graves foi semelhante entre os grupos do estudo, tanto para mães quanto para bebês. Conforme esperado, mais reações locais foram observadas nos grupos que receberam GBS6 contendo fosfato de alumínio.

A GBS6 induziu respostas de anticorpos maternos a todos os sorotipos, com proporções de anticorpos materno-infantil de aproximadamente 0,4 a 1,3, dependendo da dosagem. A porcentagem de lactentes com concentrações de IgG anti-CPS acima de 0,184 μg por mililitro variou de acordo com o sorotipo e a formulação, com 57 a 97% dos lactentes tendo uma resposta sorológica à formulação mais imunogênica.

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Conclusão e mensagem prática

Os autores ressaltam que infecções concomitantes durante a gravidez, como malária ou infecção pelo vírus da imunodeficiência humana, também podem afetar a integridade placentária e a transferência de anticorpos. Consequentemente, os níveis de anticorpos anti-CPS transferidos podem ser diferentes neste contexto e essa possibilidade deve ser mais bem estudada.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Madhi SA, et al. Potential for Maternally Administered Vaccine for Infant Group B Streptococcus. The New England Journal of Medicine. 2023 Jul;389(3):215–227. DOI: 10.1056/NEJMoa2116045