Varíola dos macacos: por que não devemos vincular apenas a comportamentos sexuais de risco?

A varíola dos macacos não é considerada uma infecção sexualmente transmissível e sua principal forma de transmissão é por contato físico.

O número de casos de varíola dos macacos identificados em países não endêmicos continua aumentando ao redor do mundo. Até o dia 30 de maio de 2022, já foram confirmados 543 casos e 144 estão em investigação, distribuídos em 35 países, incluindo o Brasil.

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macacos

A doença

O que chama a atenção desses surtos é a ausência de vínculo epidemiológico com países endêmicos. Em situações anteriores de doença detectada em regiões não endêmicas para a doença, os casos puderam ser rastreados de volta a algum tipo de contato com áreas em que há circulação regular do vírus. No momento atual, tais ligações não foram encontradas.

Além da possibilidade de disseminação, outra preocupação vem afetando as autoridades sanitárias internacionais. Como muitos dos casos foram identificados em gays, bissexuais e homens que fazem sexo com homens (HSH), teme-se que, a forma como é feita a divulgação na mídia, possa causar estigmatização dessa população.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) trabalha com a hipótese de que os surtos na Europa tenham relação com a realização de raves na Espanha e na Bélgica e que a prática de comportamentos sexuais de risco seja o motivo para a predominância de gays, bissexuais e HSH. Entretanto, a Organização reforça que a transmissão ocorre por contato físico próximo, e não somente nesses grupos.

A varíola dos macacos não é considerada uma infecção sexualmente transmissível e sua principal forma de transmissão é por contato físico com pele de pessoas com sintomas da doença, seja por meio de beijos, toques ou sexo oral ou penetrativo. A suscetibilidade à infecção não está relacionada de nenhuma forma à sexualidade.

Especialistas têm comparado a situação atual com o início da epidemia de AIDS nos anos de 1980, em que a forma como notícias e políticas públicas foram vinculadas contribuíram para a segregação e estigmatização da população homossexual. Além do conhecimento dos sinais e sintomas da doença, replicar informações adequadas em relação às formas de transmissão é essencial para o controle dos surtos, sem discriminação de indivíduos.

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Mensagens práticas 

  • A varíola dos macacos não é considerada uma infecção sexualmente transmissível e sua suscetibilidade não está relacionada e nem é exclusiva de determinadas orientações sexuais.
  • A principal forma de contágio é por contato próximo com indivíduos com manifestação da doença, incluindo, mas não somente, durante relações sexuais. A identificação precoce e isolamento de pessoas doentes é uma das principais formas de controle da disseminação da doença.

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