Algumas especialidades médicas são verdadeiras incógnitas até mesmo para os médicos. Pensando nisso, a PEBMED preparou um especial com artigos sobre cada especialidade da Medicina. Nosso objetivo é ajudar você a escolher a residência que está mais alinhada com suas qualidades e seus objetivos. Já falamos sobre Coloproctologia, Pediatria e Dermatologia; hoje é a vez do Dr. Rodrigo Buksman falar sobre Geriatria.
Residência em Geriatria
1) O que é?
Muitos confundem o termo Geriatria com Gerontologia, que é o estudo do envelhecimento nos aspectos biológicos, psicológicos, sociais e outros. Os profissionais da Gerontologia têm formação diversificada, interagem entre si e com os geriatras. O geriatra é o médico que se especializou no cuidado de pessoas idosas, tornando-se especialista após ter feito residência médica credenciada pela Comissão Nacional de Residência Médica e/ou ter sido aprovado no concurso para obtenção do Título de Especialista em Geriatria da SBGG/AMB.
2) Como é o dia a dia?
O geriatra utiliza uma abordagem ampla para a avaliação clínica, incluindo aspectos psicossociais, escalas e testes; por isso, a consulta geriátrica é, em geral, mais demorada.
Além de lidar com doenças comuns a outras especialidades como as demências, a hipertensão arterial, o diabetes e a osteoporose, o geriatra também trata de problemas com múltiplas causas, como tonturas, incontinência urinária e tendência a quedas, frequentemente atuando em conjunto com equipe multidisciplinar. Ele também fornece cuidados paliativos aos idosos portadores de doenças sem possibilidade de cura.
A Medicina Geriátrica é uma ciência que avança a cada dia, propiciando longevidade com melhor qualidade de vida para a população idosa.
3) Oportunidades de trabalho:
No Brasil, apesar da carência em profissionais especialistas em idosos, são poucos os cargos oferecidos através de concursos públicos para geriatras. Assim como em outras áreas, pode-se optar pela carreira acadêmica, visando ensino e pesquisa geralmente em ambiente universitário ou pela carreira assistencial, existindo tanto o ambiente público como o privado. Em ambos, o geriatra pode se dedicar a atendimentos hospitalares ou ambulatoriais. Já especificamente no setor privado é frequente a rotina de atendimentos domiciliares ou em casas geriátricas.
4) Número de especialistas:
No momento, contamos com aproximadamente 1.500 geriatras registrados pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
5) Curiosidade(s):
– Apesar dos censos demográficos mostrarem a previsão de aumento significativo da população idosa, o número de médicos especialistas em geriatria é pequeno. Uma das teorias para justificar a falta de interesse de estudantes de medicina pela área é o longo tempo necessário para a realização de uma consulta de qualidade. Num cenário onde as seguradoras de saúde avançam e o médico sente-se pressionado a realizar dezenas de atendimentos em busca de remuneração digna, muitos estudantes ao considerarem esse aspecto optam por outras especialidades.
6) Especialidades correlacionadas:
A clínica médica tem grandes e frequentes interseções com a geriatria. Inclusive um dos caminhos para tornar-se geriatra é através de residência médica e, nesse caso, a conclusão em programa de residência em clínica é pré-requisito obrigatório.
A área de cuidados paliativos, cada vez mais encarada como especialidade independente, faz parte da rotina do geriatra. Ao longo da formação em geriatria o tema paliação é extensivamente trabalhado.
7) Área de atuação:
- Ensino
- Pesquisa
- Promoção de saúde
- Controle e tratamento de doenças
- Visitas hospitalares
- Visitas domiciliares
- Visitas a casas geriátricas
- Consultório / Ambulatório
8) Mensagem para quem quer seguir essa especialidade:
Se você pretende se tornar geriatra, primeiramente busque uma formação clínica sólida. A Clínica Médica é a base para a construção dos conceitos abrangidos pela Geriatria. A demanda por geriatras é enorme, mas o trabalho para tornar-se especialista e atuar no dia-a-dia é árduo. O médico que opta por seguir esse caminho deve ter algumas características imprescindíveis como paciência, compaixão e muito respeito pelos idosos. Se esse é o seu perfil, abrace a geriatria!
Veja também:
‘Coloproctologia: nem tudo que sangra é culpa das hemorroidas’
‘Pediatria: muita dedicação e amor pelo que se faz’
‘Dermatologia’: por que escolher essa especialidade médica?’
Referências:
- Demografia médica no Brasil 2015 – USP. Disponível em: https://www.usp.br/agen/wp-content/uploads/DemografiaMedica30nov2015.pdf
- https://sbgg.org.br/
Olá, sou interna ainda, mas tenho grande interesse em Geriatria. Tenho muitas dúvidas sobre esse longo caminho a ser percorrido.
Tenho alguns questionamentos:
1- Hoje, no Brasil, qual Instituição de Formação Médica é melhor conceituada?
2- Existe algum país mais desenvolvido e referência na área? Tanto de formação como de trabalho para o Geriatra.
Obrigada.
Boa tarde! Compartilho da dúvida de Cláudia: qual a instituição mais conceituada para residência médica em geriatria? Agradeço!
Olá, Cláudia e Filipe! Resposta do Dr Rodrigo Buksman:
“No Brasil os principais núcleos de referência em geriatria com serviços organizados e programas de residência médica encontram-se em instituições universitárias, principalmente em grandes capitais com algumas exceções. Não há um “ranking” formal de qualidade.
No cenário internacional seria injusto apontar um país como referência na especialidade. Há centros excelentes nas Américas, Europa, Ásia e Oceania. No entanto, o volume de produção científica dos EUA é excepcional. Está disponível na internet um “ranking” anual dos melhores programas de geriatria norte-americano. Em meados de 2009 a 2010 conheci de perto o Icahn School of Medicine at Mount Sinai, serviço de geriatria vinculado a New York University que consta sempre no “top 3″ da lista. Realmente a estrutura do departamento é admirável, e apesar de contarmos com profissionais do mesmo patamar dos americanos, não há algo equivalente no nosso país, especialmente na esfera pública/universitária.”
Com o envelhecimento populacional é muito importante que os gestores olhem para a especialidade geriatria e aumente o número de vagas de residência, bem como ”freie” instituições que pratiquem ”formações de finais de semana” que tenham baixo nível de formação técnica (prática e teórica). Como o texto relata, a formação clínica é de suma importância para entrar na residência de geriatria e mais bagagem teórica para ser lapidada nos assuntos geriátricos.