Há 35 anos a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou uma campanha para chamar a atenção sobre as doenças e mortes que são evitáveis relacionadas ao tabaco: o Dia Mundial sem Tabaco, comemorado desde então, anualmente, em 31 de maio. De acordo com a OMS, por ano, mais de 8 milhões de pessoas são vítimas fatais desse mal e todos os outros acabam sofrendo porque, além de levar à morte, o tabaco é impróprio ao meio ambiente, o que acaba por prejudicar ainda mais a saúde populacional.
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Tema de 2022 do Dia Mundial sem Tabaco
Nesse contexto, o tema escolhido pela OMS para ser o chamariz da campanha do ano 2022 é: “Envenenando o nosso planeta” visto que “ao longo do seu ciclo de vida, o tabaco polui” porque 600.000.000 árvores são cortadas para a produção de cigarros, 84.000.000 toneladas de emissões de CO2 são liberadas no ar elevando a temperatura global e 22.000.000.000 de litros de água usados na produção de cigarros. Esses número são expressivos, entretanto, o impacto negativo que o tabaco leva ao meio ambiente é imensurável e cresce a cada dia, o que nos leva a refletir a respeito dos recursos naturais já em escassez ou as vias de se tornarem escassos, além dos biosistemas de todo o mundo, que sofrem progressivamente.
Falar sobre tais danos ao meio ambiente pode ser um motivo a mais para incentivar que os fumantes deixem esse hábito, por isso, não a toa que a OMS traz 4 chamadas para ação com o Público Geral:
- Dê aos usuários de tabaco um motivo extra para deixar de usar tabaco. Deixar de fumar beneficia sua saúde e o meio ambiente.
- Apoiar ações políticas em torno da proibição de plásticos de uso único que incluem bituca de cigarro, sacos de tabaco sem fumo e resíduos eletrônicos.
- Aumentar a conscientização sobre as táticas de greenwashing da indústria do tabaco.
- Apoiar os governos em taxas/impostos adicionais sobre a indústria para proteger o meio ambiente.
Especificamente no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) é o responsável por produzir e divulgar materiais técnicos de ação para contribuir nos três níveis de esfera do governo, posto que a dependência pela nicotina presente nos produtos à base de tabaco é algo químico, provocando uma doença crônica reconhecida como tabagismo, que de acordo com a Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde [CID-11], integra o grupo de transtornos mentais e comportamentais em razão do uso de substância psicoativa.
À vista disso, a melhor estratégia para auxiliar aqueles que sofrem com a doença tabagismo, é oferecer tratamento que ajude na difícil, porém não impossível, missão que é parar de fumar. Nesse contexto, o Ministério da Saúde junto ao INCA estabelece o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). O Programa tem como objetivo a redução da prevalência dos tabagistas e, por consequência, a diminuição da morbimortalidade relacionada ao seu uso.
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O PNCT segue um modelo por meio da educação em saúde e de práticas em grupo/individuais para promover a cessação do fumo, a prevenção da iniciação do tabagismo (principalmente entre crianças e adolescentes) e para proteger a vida dos danos individuais, sociais e ambientais dos produtos derivados do tabaco. Considerando o Programa cabe destacar que ele também articula a Rede de tratamento do tabagismo no SUS, o Programa Saber Saúde, as campanhas e outras ações educativas e a promoção de ambientes livres.
Por fim, afigura-se indispensável o incentivo de ações contra o tabaco por cada profissional de saúde, a fim de garantir pactos mundiais em benefício à saúde da população e ao meio ambiente.
Autores(as):
Isabelle Gaspar:
Enfermeira – Residência em Saúde da Mulher (HESFA/UFRJ), Mestrado em Enfermagem (EEAN/UFRJ) e Especialização em Gênero e Sexualidade (CLAM/IMS/UERJ).
Mariana da Rocha Marins:
Enfermeira, especialista em saúde da família. Mestre em educação pela Universidade Federal Fluminense. Experiência na gestão de unidade básica de saúde no Município do Rio de Janeiro e atualmente Gestora em Saúde no Município de Maricá.