A associação covid-19 e diabetes mellitus gestacional aumenta o risco de desfechos desfavoráveis

Diabetes mellitus gestacional é uma das intercorrências clínicas mais comuns na gravidez. Dados estimam uma prevalência de até 18% no país.

O diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma das intercorrências clínicas mais comuns na gravidez. Dados brasileiros estimam uma prevalência de até 18% no país. E estudos publicados recentemente, sugerem um aumento dessa prevalência durante a pandemia da covid-19.

A gravidez complicada pelo DMG aumenta o risco de desfechos desfavoráveis maternos e fetais, como por exemplo um risco de mais de três vezes de internação materna em unidades de terapia intensiva (UTI). Além disso, é comum a associação com excesso de peso, o que contribui para um risco maior ainda dessas complicações.

Diante desse potencial de complicações, é de se esperar desfechos ruins na associação DMG e infecção pelo SARS-CoV-2, como quadros mais severos da doença e/ou repercussões perinatais.

Pensando nisso, um estudo foi desenvolvido na Alemanha e na Áustria e publicado em maio de 2022 no American Journal of Obstetrics and Gynecology. O objetivo foi investigar se o DMG é um fator de risco independente para desfechos maternos e fetais desfavoráveis em mulheres com covid-19.

Metodologia

O estudo de coorte multicêntrico ficou conhecido como CRONOS (COVID-19 Obstetric and Neonatal Outcome Study). Foram incluídas mulheres com diagnóstico de covid-19 em qualquer estágio da gravidez, de abril de 2020 a agosto de 2021. Os desfechos maternos primários foram: 1) internação em UTI e/ou 2) pneumonia viral e/ou 3) necessidade de oxigênio suplementar; enquanto os desfechos neonatais foram: 1) óbito fetal e/ou 2) óbito neonatal e/ou 3) necessidade de internação em UTI. Para análise estatística foi realizado uma regressão logística multivariável.

Leia também: Perfil metabólico nas mulheres em amamentação exclusiva após uma gestação com diabetes gestacional

Foram incluídas 1.490 mulheres, sendo 140 (9,4%) com diagnóstico de DMG.

Na análise geral, DMG não foi associado com desfechos maternos desfavoráveis (odds ratio [OR]: 1,50; IC 95%: 0,88 – 2,57). Entretanto, em mulheres com excesso de peso e DMG observou-se associação (OR 2,69; IC95%: 1,43 – 5,07) e principalmente naquelas gestantes que necessitaram de insulina (OR 3,05; IC95%: 1,38 – 6,73).

Em mulheres com DMG e sobrepeso prévio a gestação também foi observado um maior risco de desfechos neonatais ruins (OR 1,83; IC 95%:  1,05 – 3,18).

Conclusão sobre diabetes mellitus gestacional (DMG) e covid

As conclusões do estudo foram que diabetes mellitus gestacional (DMG) associado a sobrepeso/obesidade prévio foi independentemente associado ao curso materno grave de covid-19, especialmente quando a insulina foi necessária para o tratamento e que desfechos maternos adversos foram mais comuns quando a covid-19 foi diagnosticado com ou logo após o diagnóstico de DMG. O estudo também apontou que esses fatores combinados tiveram um moderado efeito adverso nos desfechos neonatais.

Do ponto de vista prático, profissionais que atuam no tratamento dessas comorbidades precisam estar atentos para a vulnerabilidade desse grupo de risco e estarem preparados para manejar evoluções desfavoráveis. Além de lembrar que a vacinação é uma estratégia de eficácia comprovada para prevenção de quadros severos de covid-19 na gestação.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
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