A saúde mental dos estudantes de pós-graduação em enfermagem

Na enfermagem, não poderia permitir em um espaço que de ensino de cuidado propor para discentes um total descuidado com a saúde mental.

A saúde da população vem sofrendo muitas interferências dos determinantes de saúde, principalmente pela modificação do estilo de vida e da desenfreada busca por alcançar o utópico sucesso. O curva ascendente sobre o aspecto da especialização cada vez se torna mais alto e necessário no mercado de trabalho, o quê faz muitos buscarem cursos de pós-graduação logo após o término de suas graduações.

Por sua vez os cursos de pós-graduação para se diferenciar no mercado de trabalho investem em qualidade e rigidez nos seus processos sejam nas universidades privadas ou públicas. O rigor científico e a pressão por publicações é uma realidade cada vez mais constante nos centros de pesquisa e ensino. Considerando que a pesquisa se tornou uma exigência produtiva desenfreada em realidade cada vez mais direcionada aos estudantes.

médicos e enfermeiros segurando estetoscópio pensando em saúde mental

Saúde mental na pós-graduação

A pressão na formação pode ser visto na graduação e na pós-graduação. Muitos diagnóstico de transtornos mentais tem se estabelecido nos últimos anos nesses estudantes. Especificamente na pós-graduação, estudos realizados em diversos locais do mundo apresentam altas taxas de adoecimento, como depressão, ansiedade, crise do pânico distúrbios do sono e risco de suicídio (COSTA e NEBEL, 2018).

Vários fatores estão relacionados ao sofrimento de universitários de pós-graduação, que enfrentam diversos desafios, como o estudo associado ao trabalho e a família. As exigências do excesso e da cobrança são intensas, sobretudo no mestrado e no doutorado, ou seja, na pós-graduação stricto sensu, onde ainda há a necessidade de participação de eventos nacionais e internacionais, desenvolvimento da dissertação ou tese, ou mesmo artigos com alta exigência, cumprimento de crédito referente às disciplinas. Além de questões financeiras, pessoais, emocionais, conjugais, e familiares comuns a todos nós.

Conquanto seja natural a alta exigência para excelência da especialidade, é necessário compreender se as dores desses estudantes existem por tais exigências, ou por uma cultura acadêmica de gerar pressão produtiva na figura da meta, que muitas vezes é representada em formato de publicações acadêmicas. Quatro problemas centrais emergem dessas práticas: diminuição na qualidade dos produtos científicos, centralidade do peso de uma pesquisa coletiva em um sujeito (discente), adoecimento e evasão dos alunos de pós-graduação.

A diminuição na qualidade dos produtos científicos é uma realidade atualmente. Exigências para a produção fazem com que o programa de pós graduação e consequentemente os professores façam uma corrida desenfreada para o alcance das metas pré determinadas por instituições de avaliação, controle e fomento. O aluno de pós-graduação é a ponta do processo e a parte mais frágil de todo processo. Ora pressionado pelo sistema, ora por pessoas que compõem o sistema o aluno muitas vezes deixa de ter um espaço que deveria ser de aprendizado, por conviver em um ambiente totalmente hostil.

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Enfermagem

Pensar que em um espaço de construção de saber e de formação de professores, da área da saúde, que visa o bem-estar da sociedade e da saúde da população produz práticas que geram o adoecimento é um tanto quanto confuso. O discurso e o fazer muitas vezes se encontra em total confronto, totalmente dissociado e antagônico. Na enfermagem, a profissão considerada a ciência do cuidado, não poderia permitir em um espaço que de ensino de cuidado propor para discentes um total descuidado. Por isso, as práticas necessitam ser revistas e repensadas.

A centralidade do peso de uma pesquisa grande porte em um sujeito é um problema constante na vida dos discentes. Muitas vezes acontece a produção de uma pesquisa que envolve o pesquisador em processo altamente complexo que deveria ser realizado por mais pessoas e apenas um sujeito produz um esforço hercúleo para dar fim a objetivos da pesquisa. O nível de dificuldade de uma pesquisa não pode ser centralizado no pesquisador que cursa a pós-graduação de maneira que este adoeça. Mas deve ser uma observação da realidade que ajude a modificar a vida de pessoas sem que isso custe a vida do próprio pesquisador.

O adoecimento de alunos da pós graduação acontece justamente por problemas relacionados à necessidade de produção, pela existência da dupla ou tripla jornada de trabalho, pelo assédio que acontece de professores a alunos, pelo sentimento de incapacidade e insucesso entre outras coisas. Galdino et al. (2018), apresenta a existência de Indícios que a formação acadêmica na pós graduação, principalmente na formação stricto sensu, impactou negativamente a qualidade de vida, inclusive o prazo para conclusão do curso seria um dos principais problemas e consequentemente a entrega de materiais acadêmicos.

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Cesar Ribeiro e Oliveira, (2018) revelam que o número de tarefas maior do que a capacidade dos estudantes de cumpri-las no mestrado e doutorado, por exemplo foi o principal causador de doença. Aspectos que envolvem a relação orientador-orientando foram apresentadas como benéficas e sustentadoras do aumento da qualidade de vida, também são grandes responsáveis por impedir a evasão dos discentes de pós-graduação.

A evasão dos alunos de pós-graduação é uma realidade que pode ser modificada, não se trata de diminuir a qualidade mas de pesar e discutir práticas institucionais que pensem na qualidade de vida dos alunos de pós-graduação. Quais seriam essas práticas? Não podemos afirmar, mas podemos dizer que são práticas que deve haver uma construção dialógica do ensino e do aprendizado. A saúde mental dos estudantes de pós graduação deve ser preservada.

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Referências bibliográficas:

  • Arino, DO e BARDAGI, MP. Relação entre Fatores Acadêmicos e a Saúde Mental de Estudantes Universitários. Psicol. pesq. 2018, vol.12, n.3,, pp. 44-52 .  Funcionários: fred, luana, raquel, paúra, renata. visitas nas universidades.
  • Cesar FCR, Sousa ET, Ribeiro LCM, Oliveira LMAC. Estressores da pós-graduação: revisão integrativa da literatura. Cogitare Enferm. (23)4: e 57460, 2018
  • Galdino MJQ, Martins JT, Ribeiro RP, Scholze AR, Tsukamoto SAS, Haddad MCFL. Qualidade de vida de estudantes de mestrado e doutorado em enfermagem. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2018 [acesso em: 06/02/2020;20: v20a41 Disponível e: https://doi.org/10.5216/ree.v20.50673.
  • Garcia Da CE y Nebel, L. O quanto vale a dor? Estudo sobre a saúde mental de estudantes de pós-graduação no Brasil. Polis. 2018, vol.17, n.50, pp.207-227.

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