No primeiro dia do congresso do American College of Physicians (ACP 2023), um dos temas de destaque foi a hipertensão. Nas consultas ambulatoriais, a longo prazo, não há dúvida que a manutenção da média pressórica (PA) em torno de 120 x 80 mmHg reduz o risco cardiovascular. Por outro lado, nos pacientes hipertensos, há muitas causas transitórias para elevação da PA e o tratamento com anti-hipertensivos não só pode ser desnecessário, como muitas vezes está associado com aumento do risco de eventos adversos. Nós inclusive já abordamos o tema no Portal PEBMED.
Por isso, no paciente internado, a primeira etapa é avaliar a presença de fatores transitórios e corrigi-los, antes de começar o anti-hipertensivo. Os mais comuns são:
- Erros na medida, como equipamento ou posição no leito;
- Dor;
- Ansiedade;
- Falta de reconciliação das medicações ambulatoriais;
- Abstinência álcool e/ou benzodiazepínicos;
- Medicações iniciadas na internação, como AINE e certos quimioterápicos;
- Hipervolemia, como excesso de SF 0,9% na hidratação.
Como exemplo, um grande estudo recente mostrou que em pacientes internados por causas não cardiovasculares, o tratamento com medicação específica, mesmo quando PA > 180/110 mmHg, esteve associado com maior risco de injúria miocárdica. Por isso, o tratamento com medicação parenteral só deve ser prescrito para aqueles pacientes com lesão aguda de órgão alvo, as verdadeiras emergências hipertensivas. Este tema foi revisto pelo Portal PEBMED no ACP 2021, não deixe de ler!
9 abr. 2024 
4 min. 
