ADA 2022: Avaliação do IMC de crianças expostas a metformina intraútero

O principal destaque do ADA 2022 foi o resultado da avaliação do impacto do uso da metformina durante a gestação no IMC e peso das crianças.

O principal destaque das apresentações originais sobre diabetes na gestação no congresso da ADA 2022 foi o resultado da avaliação do impacto do uso da metformina durante a gestação no IMC e peso das crianças até os dois anos de idade, utilizando como base populacional para seguimento as gestações do estudo Mity.

metformina

A controvérsia da metformina na gestação

A metformina vem sendo estudada na gestação já há algum tempo. Metanálises de RCTs (ensaios clínicos randomizados) demonstram que o uso da metformina comparada a insulina pode reduzir o ganho de peso materno, reduzir incidência de nascidos grandes para idade gestacional (GIG), levar a menor incidência de hipoglicemia neonatal, porém também está associada a maior incidência de nascidos pequenos para idade gestacional (PIG). 

O estudo Mity, publicado em 2020 no Lancet, avaliou a metformina como terapia add on a insulina vs placebo e os desfechos gestacionais foram concordantes com o das metanálises, evidenciando menor ganho de peso materno no grupo metformina vs. placebo (7,2 kg vs. 9 kg), reduzindo a necessidade diária de insulina em 45U, melhor controle glicêmico (A1c 5,9 vs. 6,1%, sem diferença prática), redução de cesárea (53 vs 63%), menor peso ao nascer (-218g em média), menor incidência de macrossomia e GIG extremo (acima do P97), porém também aumentou a taxa de nascidos PIG (12,9% vs 6,6%).

Porém uma das principais polêmicas a respeito da metformina é a respeito das repercussões a longo prazo para a criança, sobretudo do ponto de vista metabólico. Existem dados que sugerem impacto no IMC das crianças. Um estudo que embasa essa preocupação foi realizado em pacientes com SOP que engravidaram e que permaneceram em uso de metformina (pregMet). O resultado foi um aumento do Z Score do IMC dos quatro aos dez anos de idade.

Já o estudo MigTofu, que avaliou os filhos de mães com diabetes gestacional que utilizaram metformina, na população australiana, mostrou não haver diferenças em composição corporal nas crianças aos sete anos, mas na população da Nova Zelândia aos nove anos houve aumento do IMC. Controverso.

O Mity e os filhos de mães com DM2 que utilizaram metformina

O endpoint primário do seguimento foi avaliar se houve diferenças no Z score do IMC nas crianças que foram expostas à metformina intraútero comparado com placebo. O mity foi um ensaio clínico randomizado. Ao final, dentre as que concordaram em manter o seguimento dos filhos e a perda de dados, foram selecionadas 283 crianças (60,8% do mity) para follow up. A idade materna média na randomização foi de 35,6 anos, com IMC 33 kg/m2.

Metformina não interferiu no IMC

O IMC médio com 24 meses das crianças foi um Z score de 0,84, comparado a 0,91 do grupo placebo (p = 0,072), não havendo diferenças. Quando realizado modelo longitudinal para avaliar quais variáveis tinham maior capacidade de predição de maior IMC, o uso materno de metformina na gestação não se associou. Fatores como o IMC materno pré-gestacional e o tempo de aleitamento materno foram melhores preditores.

Está liberado então?

A metformina requer um termo de consentimento materno para uso exigido pela Anvisa e ainda não está completamente elucidado se pode trazer de fato mais benefícios que riscos. Seguimentos de maior prazo são necessários e devem acontecer com a população do estudo mity. O grupo já programou novas análises para quando as crianças completarem cinco e onze anos de idade.

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