AHA 2022: Uso de ECMO precoce pode reduzir mortalidade?

Estudo apresentado no AHA 2022 avaliou se o uso de ECMO de forma precoce poderia reduzir o risco de eventos.

Pacientes com choque cardiogênico têm altíssima mortalidade e, em muitos casos, necessitam de suporte circulatório mecânico, porém estudos que avaliaram o uso de balão intraaórtico (BIA) neste contexto não mostraram benefício. Baseado nisso, foi feito um estudo, apresentado no congresso da AHA, que avaliou se o uso de outro dispositivo, o suporte circulatório extra-corpóreo (ECMO), de forma precoce poderia reduzir o risco de eventos.

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O objetivo geral do estudo foi avaliar a segurança e eficácia do uso de ECMO veno-arterial comparada ao tratamento padrão em pacientes em choque cardiogênico grave ou com deterioração rápida.

AHA 2022

Métodos do estudo

O estudo foi realizado em quatro centros da República Tcheca que randomizaram pacientes para ECMO-VA imediata ou tratamento conservador. Pacientes no grupo tratamento conservador com piora importante poderiam mudar para o grupo ECMO-VA se o médico assistente julgasse necessário.

Os critérios de inclusão eram choque cardiogênico estágio D ou E — choque cardiogênico com deterioração rápida, definido como instabilidade hemodinâmica com necessidade de vasopressor para manter PAM > 50 mmHg e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) menor que 35% ou entre 35 e 55% com insuficiência mitral ou estenose aórtica. Outros critérios utilizados eram da definição de choque, o lactato aumentado (> 3 mmol/L) ou SVO2 baixa (< 50%) de forma persistente com doses estáveis de vasopressores e/ou inotrópicos, além de PVC > 7 mmHg ou POAP > 12 mmHg.

O desfecho primário era mortalidade por todas as causas, uso de outro dispositivo de suporte circulatório mecânico e parada cardiorrespiratória ressuscitada.

Resultados

Foram incluídos 117 pacientes e o seguimento médio foi de 30 dias. O cross-over para o grupo ECMO foi de 39%. No momento da randomização, 14% estavam em uso de BIA, 72% em ventilação mecânica e o lactato médio era 5 mmol/L.

A idade média era de 66 anos, 73% eram do sexo masculino, 24% tinham insuficiência cardíaca (IC), 86% estavam em uso de norepinefrina, 3,4% epinefrina, 54,7% dobutamina, 32,5% milrinone, 35% vasopressina. A causa do choque cardiogênico foi IAM com supra de ST em 50% dos casos, IAM sem supra de ST em 12% e complicação mecânica de IAM em 2,6%.

O desfecho primário ocorreu em 63,8% no grupo ECMO e 71,2% no grupo conservador (p = 0,21), sem diferença estatística. A ocorrência de eventos adversos também foi semelhante entre os grupos.

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Comentários e conclusão

Esses resultados mostraram que não houve diferença entre os grupos com uso de precoce de ECMO-VA em pacientes com choque cardiogênico grave comparado ao tratamento padrão. Porém foi estudo aberto e com altas taxas de cross-over entre os grupos, o que pode ter influenciado no resultado, já que o cross-over fazia parte do desfecho primário. Apesar desses resultados, sabemos que há benefícios do uso de ECMO nessa população e diversos estudos maiores estão em andamento.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Ostadal P, Rokyta R, Karasek J, et al., on behalf of the ECMO-CS Investigators. Extracorporeal Membrane Oxygenation in the Therapy of Cardiogenic Shock: Results of the ECMO-CS Randomized Clinical Trial. Circulation. 2022;0. DOI: 10.1161/CIRCULATIONAHA.122.062949