Atualização da diretriz GOLD 2023: manejo das exacerbações na DPOC

Pacientes com exacerbações frequentes devem ter culturas de secreção coletadas para avaliação do agente etiológico.

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), constitui uma das principais causas de óbitos e internações em todo o mundo. Mesmo com a melhoria dos tratamentos disponíveis, as exacerbações ainda impactam de forma direta pacientes e sistemas de saúde e o manejo adequado é fundamental para redução de morbimortalidade. Na atualização de 2023, a Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) traz alguns reforços para controle e tratamento das exacerbações.  

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exacerbações

Definição

A exacerbação aguda da doença pode ser definida como dispneia ou tosse e secreção, que pioram em até 14 dias, e podem vir acompanhadas de taquicardia ou taquipneia que leva ao processo inflamatório causado por infecção, poluição ou outro insulto da via aérea. Outros fatores de piora respiratória na DPOC devem sempre ser lembrados, como a descompensação da insuficiência cardíaca e o tromboembolismo pulmonar. A tosse e a piora da secreção são sinais mais característicos de piora infecciosa.   

Classificação 

Diante de uma exacerbação, o próximo passo consiste em classificá-la quanto à gravidade em leve, moderada ou grave. Pacientes leves são aqueles sem sinais de desconforto respiratório e hipoxemia, enquanto os graves apresentam sinais de desconforto, associado à hipercapnia e acidose.   

Proteína C-reativa 

Sempre que possível, a dosagem de proteína C-reativa deve ser realizada para diagnóstico diferencial, e valores mais elevados tendem a estar mais presentes em quadros infecciosos. Pacientes com sinais de gravidade, como desconforto e hipoxemia, devem ser hospitalizados para atendimento inicial.  

Broncodilatadores 

Os broncodilatadores de curta ação são as drogas preferenciais para o início do tratamento, sendo que os de longa ação não devem ser suspensos. Caso opte-se por tratamento inalatório, a utilização de ar comprimido é recomendada no lugar do oxigênio para evitar elevação da PaCO2. As metilxantinas não são mais recomendadas devido ao perfil de efeitos colaterais. Doses de 40mg de prednisona por cinco dias são recomendadas, apresentando efeito semelhante oral ou intravenoso.

Os antibióticos devem ser prescritos aos pacientes com piora da secreção, geralmente por cinco a sete dias. A escolha varia de acordo com a flora local, sendo as aminopenicilinas com clavulanato, macrolídeos ou quinolonas boas escolhas para cobertura empírica. Pacientes com exacerbações frequentes, obstrução grave ou exacerbações com necessidade de ventilação mecânica devem ter culturas de secreção coletadas para avaliação do agente etiológico.  

Oxigenoterapia

A oxigenoterapia deve ser utilizada para manter a saturação entre 88-92%. Ventilação não invasiva e cateter nasal de alto fluxo devem ser utilizados conforme necessidade em pacientes com desconforto respiratório e retentores, melhorando a mecânica respiratória e a troca gasosa. O prognóstico após uma exacerbação é reservado, com sobrevida média de 50% em 5 anos.   

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Mensagens práticas 

  • A exacerbação da DPOC é caracterizada por piora aguda dos sintomas, com sinais infecciosos, como o aumento da secreção ou de sua coloração; 
  • O tratamento adequado consiste em manter a terapia broncodilatadora, antibioticoterapia por cinco a sete dias e corticoides em dose média por cerca de cinco dias; 
  • Pacientes exacerbadores apresentam pior prognóstico e menor sobrevida. A otimização da terapia de manutenção é fundamental para redução das exacerbações. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Agustí A, Celli BR, Criner GJ, et al. Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease 2023 Report: GOLD Executive Summary. Eur Respir J 2023; 61: 2300239. DOI: 10.1183/ 13993003.00239-2023.