O Instituto Nacional do Câncer (INCA) lançou o livro “Diagnóstico precoce do câncer de boca”, em parceria com professores universitários de estomatologia e patologia oral do estado do Rio de Janeiro.
A obra, que está disponível gratuitamente em PDF, apresenta as características clínicas do câncer de boca e das desordens potencialmente malignas que acometem a cavidade oral e detalha as alterações que fazem diagnóstico diferencial com o câncer, além de técnicas para a realização do diagnóstico precoce.
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Objetivos da obra
O material técnico é dirigido aos médicos e cirurgiões-dentistas, como mais uma ferramenta para auxiliar no diagnóstico, o que é essencial para garantir o sucesso do tratamento e qualidade de vida do paciente.
A apresentação do livro reforça o papel dos profissionais de saúde da Atenção Básica, que é fundamental para o controle do câncer de boca.
“Para tanto, é essencial que eles estejam sensibilizados e capacitados para desenvolverem ações de prevenção e detecção precoce desse câncer e, assim, contribuírem para o tratamento em tempo oportuno”, diz a obra.
Os autores também destacam que “para que a investigação diagnóstica dos casos suspeitos ocorra de maneira eficiente, a partir de uma anamnese detalhada, um exame físico sistemático, com a utilização adequada de exames complementares e indicação para realização de biópsias, é necessário que os médicos e cirurgiões-dentistas que compõem as equipes da Atenção Básica mantenham-se atualizados”.
Números e perfil epidemiológico do Câncer de boca
A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) estimou a ocorrência de 377.713 novos casos e 177.757 óbitos por câncer de boca no mundo em 2020. As taxas de incidência e mortalidade variam entre países e as diferenças entre incidência e mortalidade estão relacionadas aos seus níveis de renda e desenvolvimento.
Nas regiões com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio e baixo, esse tipo de câncer supera os cânceres de cólon e reto e representa o terceiro mais recorrente na população masculina.
O Brasil apresenta a maior taxa de incidência da América do Sul, de 3,6 casos por 100 mil habitantes, e a segunda maior taxa de mortalidade, de 1,5 óbito por 100 mil habitantes.
O perfil epidemiológico dos indivíduos acometidos pelo câncer de boca está bem estabelecido na literatura médica. A enfermidade é mais frequente em homens, com mais de 40 anos, tabagistas, de baixa escolaridade e baixa renda.
A língua é a região mais acometida, e o carcinoma de células escamosas (CCE) é o tipo histológico mais recorrente.
O início do tratamento oncológico em estágios avançados é uma realidade entre os casos de câncer de boca no Brasil. Em estudo realizado com dados dos Registros Hospitalares de Câncer, observou-se estadiamento avançado (IV) para mais de 60% dos casos (de C00 a C06) tratados no país entre 2004 e 2015. O atraso tende a estar relacionado à dificuldade no diagnóstico precoce ou no encaminhamento para o tratamento.
Estima-se que o Brasil tenha mais de 15 mil casos novos de câncer de boca até o final de 2022 e o lançamento deste livro visa exatamente tentar reverter esse cenário.