Cardiomiopatia hipertrófica: veja os principais pontos da diretriz norte-americana

Em dezembro de 2020, foi publicada uma diretriz da ACC junto da AHA sobre o diagnóstico e tratamento da cardiomiopatia hipertrófica (CMH).

Em dezembro de 2020, foi publicada uma diretriz da American College of Cardiology (ACC) junto da American Heart Association (AHA) sobre o diagnóstico e tratamento da cardiomiopatia hipertrófica (CMH).

Destacaremos, neste texto, dez mensagens para levar para casa sobre as principais recomendações.

imagem de ecocardiograma de paciente com cardiomiopatia hipertrófica

Cardiomiopatia hipertrófica

1. Decisão junto ao paciente

Compartilhe todos os pensamentos, opções de tratamento, dinâmica da doença, riscos e benefícios, probabilidade e possibilidade de resultados que o time de cuidado e as opções terapêuticas podem trazer. A diretriz estimula o encorajamento da decisão do paciente no manejo de sua doença.

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2. Equipe especializada

Apesar do médico da assistência primária ou o cardiologista clínico realizarem o diagnóstico e iniciarem o manejo da doença, é preferível que esses pacientes também sejam acompanhados por uma equipe especializada no assunto. Durante o curso da doença pode surgir a necessidade de decisões mais complexas, principalmente envolvendo procedimentos invasivos.

3. Acompanhamento familiar

Informe o paciente sobre o caráter genético da doença, aconselhando o screening familiar para a detecção precoce da patologia nos membros da família. Tanto testes genéticos como o protocolo de ECG/imagem são opções disponíveis em qualquer idade a depender das condições de cada caso.

4. Exames de imagem

Um bom seguimento da doença requer um exame de imagem, que impactará em diversas decisões terapêuticas. O ecocardiograma ainda é o principal exame diagnóstico e definidor de conduta em diversos casos, entretanto a ressonância magnética vem ganhando espaço, principalmente quando os achados ecocardiográficos são inconclusivos, o paciente não apresenta boas janelas ecocardiográficas ou a decisão do implante do CDI é duvidosa.

5. Risco de morte súbita

A avaliação para o risco individual de morte súbita nesses pacientes vem ganhando novos marcadores como a presença de aneurisma apical, queda da função sistólica ventricular ou a quantidade de realce tardio pelo gadolíneo na ressonância. Além disso, não só a presença de marcadores de morte súbita, mas também a magnitude desses marcadores deve ser informada ao paciente, para que a decisão do implante do CDI seja avaliada em conjunto com a equipe médica, podendo assim determinar a tolerabilidade do paciente em relação a doença e seu tratamento.

6. CMH na pediatria

A doença em crianças deve ser avaliada de forma diferente dos adultos, principalmente no que tange o tamanho do corpo e sua capacidade de crescimento, isso pode impactar em tratamentos como o implante do CDI. Esses pacientes devem ser acompanhados em serviços especializados.

7. Redução do septo intraventricular

A redução do septo interventricular, seja por cirurgia ou por alcoolização, quando executada por centros especializados, é um tratamento seguro, com bons resultados, principalmente em pacientes refratários a medicação ou com grave obstrução do trato de saída do VE, portanto essa modalidade terapêutica deve ser indicada o mais precocemente possível.

8. Anticoagulação

Pacientes com cardiomiopatia hipertrófica e fibrilação atrial tem alto risco de AVC isquêmico cardioembólico e merecem anticoagulação independentemente do escore CHA2DS2-Vasc. Além disso eles podem não tolerar uma frequência ventricular elevada, o que deve encorajar a estratégia de manutenção do ritmo sinusal.

9. CMH sem obstrução do trato de saída do VE

Pacientes com cardiomiopatia hipertrófica, sem obstrução do trato de saída do VE, com sintomas de insuficiência cardíaca devem ser tratados da mesma maneira que os pacientes com IC sem cardiomiopatia hipertrófica, incluindo tratamentos avançados (ressincronização, dispositivos de assistência ventricular, transplante). A fração de ejeção <50% nesses pacientes denota um prognóstico desfavorável com risco mais elevado de morte súbita.

10. Exercício físico

Cada vez mais os dados vêm mostrando o exercício físico é benéfico mesmo em pacientes com cardiomiopatia hipertrófica. Atividades moderadas não foram associadas a um maior risco de morte súbita e devem ser encorajadas. Atividades de maior intensidade devem ser bem avaliadas e divididas com um time de especialistas antes de serem realizadas.

Referência bibliográfica:

  • Ommen SR, Mital S, Burke MA, et al. 2020 AHA/ACC guideline for the diagnosis and treatment of patients with hypertrophic cardiomyopathy. J Am Coll Cardiol 2020;76:e159-e240. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2020.08.045

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