Cientistas acreditam que o vírus da Covid-19 ataca as células gordurosas

Cientistas estão cada vez mais convencidos que a obesidade por si só representa uma condição a mais para o desfecho desfavorável da Covid-19.

Durante todo esse tempo de pandemia, onde vários estudos e pesquisas foram exaustivamente realizados em um ambiente desconhecido por todos os cientistas e profissionais da área de saúde, uma das características evidentes e que chamou muita atenção da classe, foi a maior agressividade da doença em pacientes com sobrepeso, levando a diversas especulações em torno disso. Pacientes com sobrepeso tendem a apresentar quadros mais graves e evoluírem para o óbito mais frequentemente.

Apesar desses pacientes também apresentarem outras condições clínicas concomitante, como o diabetes que contribui para a severidade dos casos, cientistas estão cada vez mais convencidos que a obesidade por si só representa uma condição a mais para o desfecho desfavorável da infecção.

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Estudos

Atualmente, os cientistas têm chegado a uma conclusão, em uma pesquisa realizada, que o vírus da SARS-CoV-19 tem a capacidade de infectar diretamente tanto as células de gordura como certas células imunológicas do tecido adiposo levando a um quadro de resposta inflamatória defensiva do organismo.

Essa pesquisa, tendo como principais autores, o Dr. Tracey McLaughlin e a Dr. Catherine Blish da Stanford University School of Medicine, ainda não foi publicada oficialmente em jornais científicos, porém já foi publicada online em Outubro desse ano. Os achados acabaram clarificando o porque de pacientes com excesso de peso serem mais vulneráveis ao vírus, mesmo que sejam pacientes jovens e hígidos e apontaram novos tratamentos direcionados a células adiposas propriamente ditas.

“Estamos observando a presença das mesmas citoquinas inflamatórias presentes no sangue de  pacientes severamente doentes, sendo produzidas em resposta a infecção do tecido adiposo” relatou Dr. Blish. O tecido adiposo foi considerado por muito tempo apenas como um reservatório, sem grandes funções, porém atualmente sabe-se que esse tecido é biologicamente ativo, produzindo hormônios e proteínas do sistema imunológico que agem em outros tecidos vizinhos promovendo uma inflamação sistêmica mesmo quando não há infecção presente.

O tecido adiposo é um produtor de produtos inflamatórios por si. Ele é composto por adipócitos, pré-adipócitos e uma variedade de células imunológicas, incluindo macrófagos do tecido adiposo.

O processo inflamatório ocorre como uma defesa do organismo a invasores, porém em determinadas situações, esse processo é tão intenso que acaba afetando o próprio corpo. “Quanto maior a gordura corporal, principalmente a gordura visceral, maior o processo inflamatório sistêmico” relata Dr. McLaughlin.

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Nesse estudo, Dr. McLaughlin, Dr. Blish e sua equipe avaliaram a capacidade de tecidos adiposos retirados de cirurgias bariátricas serem infectados com o coronavírus e como os diferentes tipos de células desse tecido respondiam a infecção. Foi evidenciado que as células adiposas eram infectadas, mas não respondiam tão severamente. Porém, os macrófagos desse tecido desenvolviam um processo inflamatório muito extenso. Além disso, observou-se que as células pré-adiposas não eram infectadas, porém desenvolviam um processo inflamatório igualmente severo. O coronavírus mostrou uma capacidade grande de invadir o tecido adiposo e de burlar a sua defesa que por si só já é naturalmente pouco eficaz.

O fato do tecido adiposo ser um reservatório de patógenos não é novidade, uma vez que já é sabido que o vírus do HIV e da influenza são encontrados em grandes quantidades nesses tecidos.  

Um paciente com grande sobrepeso tem um local de reserva viral bem significativo. “Se o paciente é realmente obeso, o tecido adiposo transforma-se no maior órgão do seu corpo e o coronavírus passa a residir nesse local, replicando, ferindo e matando esse tecido” relata Dr. Kass, professor de cardiologia do Hospital Johns Hopkins.  

Além desses fatores, os autores desse estudo especulam se o sobrepeso também é fator predisponente para o desenvolvimento da síndrome da Covid-19 longa, condição caracterizada por sintomas como fadiga que se perpetuam durante meses após a cura da infecção aguda.  

“Esse estudo é mais um alerta para que os profissionais da área de saúde pública, olhem com grande atenção aos problemas causados pelo excesso de peso e o tratamento e vacinação oferecidos para esses  pacientes” relata Barry Popkin, professor de nutrição da University of North Carolina em Chapel Hil, que também tem estudado sobre os riscos da Covid-19 em pacientes obesos.

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