Cirurgia citorredutora para câncer de ovário recidivante

Os tumores malignos de ovário têm como escopo de tratamento a cirurgia citorredutora seguida de quimioterapia com derivados da platina.

Os tumores malignos de ovário têm como escopo de tratamento a cirurgia citorredutora seguida de quimioterapia com derivados da platina. Recentemente os PARP (inibidores de poli – adenosina difosfato ribose – cadeia de polimerase) tem sido incluídos com maior intervalo livre de doença para as pacientes.

O padrão de tratamento no câncer de ovário recorrente tem sido principalmente o tratamento sistêmico. Até agora, apenas alguns estudos mostraram evidência de nível 1 de um benefício de sobrevida global significativo com o uso de terapia sistêmica em recaídas de câncer de ovário. Dois outros estudos mostraram um benefício de sobrevida clinicamente relevante com terapia, mas a significância estatística foi mostrada somente após ajuste ou em análises de subgrupo. O papel da cirurgia no câncer de ovário recorrente não foi bem definido.

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Assim, um trabalho publicado no The New England Journal of Medicine em 2 de dezembro trouxe os resultados do uso de cirurgia citorredutora para cânceres recidivantes e foi também parte da apresentação do encontro anual da American Society of Clinical Oncology.

Cirurgia citorredutora para câncer de ovário recidivante

Metodologia

Nesse estudo, um trial chamado DESKTOP III (Descriptive Evaluation of Preoperative Selection Criteria for Operability in Recurrent Ovarian Cancer) vem para descrever os resultados da randomização de 407 pacientes entre setembro de 2010 e março de 2015:

  • 206 pacientes alocadas no grupo de cirurgia citorredutora plus quimioterapia base platina;
  • 201 pacientes alocadas no grupo de quimioterapia exclusiva com platina.

Quase todas as pacientes tinham recebido quimioterapia com base platina no primeiro diagnóstico e 75% delas em cada grupo estavam há mais de 12 meses sem receber quimioterapia nova. Todos os parâmetros clínicos equilibram-se pela randomização.

A incidência de complicações pós-operatórias foi mais baixa que da primeira cirurgia.

Foi de grande importância a seleção das pacientes para a nova abordagem cirúrgica através do uso do escore de AGO (Arbeitsgemeinschaft Gynäkologische Onkologie – Grupo de Trabalho em Oncologia – Essen, Alemanha), que consiste em notas aos critérios:

  1. Boa performance clínica.
  2. Ressecção completa primeira cirurgia: sem doença residual ou estádio FIGO I/II máximo.
  3. Ausência de ascite: definida como volume ≦ 500 ml.

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Com esse estudo demonstra-se que a cirurgia citorredutora no câncer de ovário recidivado tem desempenho superior ao uso de quimioterapia exclusiva.

Referências bibliográficas:

  • Harter P, Sehouli J, Vergote I, Ferron G, Reuss A, Meier W, Greggi S, Mosgard BJ, Selle F, Guyon F, Pomel C, Lécuru F, Zang R, Avall-Lundqvist E, Kim JW, Ponce J, Raspagliesi F, Kristensen G, Classe JM, Hillemanns P, Jensen P, Hasenburg A, Ghaem-Maghami S, Mirza MR, Lund B, Reinthaller A, Santaballa A, Olaitan A, Hilpert F, du Bois A; DESKTOP III Investigators. Randomized Trial of Cytoreductive Surgery for Relapsed Ovarian Cancer. N Engl J Med. 2021 Dec 2;385(23):2123-2131. doi: 10.1056/NEJMoa2103294.

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