Como identificar e tratar exacerbações de DPOC? [PODCAST]

Saiba mais sobre a identificação e o tratamento de exacerbações no paciente com doença pulmonar obstrutiva crônica, mais conhecida como DPOC.

Este conteúdo foi produzido pela PEBMED em parceria com Chiesi de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal PEBMED.

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é caracterizada pela limitação do fluxo aéreo devido a anormalidades das vias aéreas geralmente secundárias a exposição crônica à partículas e gases nocivos, sendo o principal deles o tabagismo. É considerada uma doença comum, evitável e tratável, caracterizada por uma tríade: tosse, dispneia e limitação fixa do fluxo aéreo. Para a evidenciação dessa limitação do fluxo, é necessário a realização de uma espirometria. E, assim como a asma, é uma das doenças obstrutivas do pulmão.

Anualmente a Estratégia Global para diagnóstico, gestão e prevenção da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (o GOLD) apresenta as atualizações de suas diretrizes sobre o tratamento da DPOC, contribuindo para a melhora do diagnóstico e tratamento dos pacientes em todo o mundo. Nosso papo se baseará nele.

Voltando a falar especificamente da DPOC, esta é uma doença subdiagnosticada e, consequentemente, subtratada. Ainda assim, é considerada como uma das principais causas de morte no mundo. Por esse motivo, estabelecer seu diagnóstico correto é importante para permitir o tratamento adequado, diminuindo os sintomas e a gravidade das exacerbações, melhorar o estado de saúde, a capacidade de exercício e prolongar a sobrevida desses pacientes. Neste podcast falaremos sobre a identificação e tratamento das exacerbações da DPOC.

A exacerbação pode ser definida como o agravamento agudo dos sintomas respiratórios que levará a necessidade de terapia adicional. É um dos eventos mais importantes no manejo desta doença, pois impacta negativamente o estado de saúde, as taxas de hospitalização e a progressão do quadro. Mas, apesar disso, é um momento valioso, pois muitas vezes é o primeiro contato desse paciente com um médico, sendo fundamental o acolhimento, diagnóstico e correto seguimento para iniciar o tratamento crônico desta condição e evitar novas exacerbações.

A exacerbação são eventos complexos geralmente associados ao aumento da inflamação das vias aéreas, aumento da produção de muco e acentuado aprisionamento aéreo. Essas alterações contribuem para o aumento da falta de ar, que é o principal sintoma. Outros sintomas incluem aumento da purulência e do volume da expectoração, juntamente com aumento da tosse e respiração ofegante.

Resumindo, a piora da falta de ar, tosse ou aumento e purulência da expectoração são os sintomas de uma crise ou exacerbação da DPOC.

As exacerbações podem ser classificadas como leves, quando tratadas apenas com broncodilatadores de ação curta; moderadas, quando tratadas com broncodilatador de ação curta e antibiótico e/ou corticoides orais; e grave, quando o paciente precisa de hospitalização ou visita o pronto-socorro para compensação.

Mas, independentemente do grau da exacerbação, esta tem impacto significativo no estado de saúde. Assim, os pacientes com DPOC e os médicos precisam receber informações sobre a importância de identificar e tratar corretamente os sintomas.

As exacerbações podem ser precipitadas por vários fatores, sendo os mais comuns as infecções do trato respiratório. Alguns pacientes são particularmente suscetíveis a exacerbações frequentes e esse é um ponto importante, pois reconhecê-los pode auxiliar no manejo e na prevenção.

Pacientes com perfil exacerbador podem ser reconhecidos em todos os grupos de gravidade da doença. O preditor mais forte da frequência de exacerbações futuras de um paciente continua sendo o número de exacerbações que ele teve no ano anterior. Outros fatores que foram associados a um risco aumentado de exacerbações agudas e / ou gravidade das exacerbações incluem maior porcentagem de enfisema ou espessura da parede das vias aéreas medido por imagens de tomografia computadorizada de tórax, sinais de hipertensão pulmonar e a presença de bronquite crônica.

O principal objetivo do tratamento é evitar progressão dos sintomas e desfechos fatais. Para isso, assim como na exacerbação da asma, é importante antecipar os pacientes potencialmente mais graves e com maior risco de deterioração clínica.

O tratamento farmacológico da exacerbação se baseia numa tríade: broncodilatador, corticoide e antibiótico. Seus usos e doses são dimensionados a depender da gravidade do quadro apresentado.

A broncodilatação é considerada a terapia inicial do manejo das exacerbações com o uso de beta-2 inalatório de curta ação com ou sem anticolinérgico. Recomenda-se que, preferencialmente, os pacientes não recebam nebulização contínua, mas usem inaladores
MDI, que são os inaladores pressurizados dosáveis, com a dose de 2 a 4 inalações a cada 4 a 6 h, com base na resposta do paciente.

O uso do corticoide sistêmico pode melhorar a função pulmonar, a oxigenação e diminuir o tempo de recuperação e internação. A duração da terapia não deve ser superior a 5-7 dias. Os antibióticos, quando indicados, podem encurtar o tempo de recuperação, reduzir o risco de recaída precoce, a falha do tratamento e a duração da hospitalização.

O GOLD recomenda que, apesar de não haver estudos clínicos que avaliem o uso de broncodilatadores de longa ação inalados (beta2- agonistas ou anticolinérgicos ou combinações) com ou sem corticosteroides inalados durante uma exacerbação, é importante continuar esses tratamentos durante quadro ou iniciar esses medicamentos o mais rápido possível antes da alta hospitalar.

O tratamento de manutenção da DPOC é um capítulo à parte e sua discussão nesse momento estenderia muito nosso assunto, porém ele se baseará nos broncodilatadores de longa ação com ou sem o uso de corticoides inalatórios. O uso de um anticolinérgico de ação longa (LAMA) em pacientes que já fazem uso de beta2-agonista de ação longa (LABA) e corticoide inalatório pode melhorar a função pulmonar, a percepção dos sintomas e prevenir exacerbações. A chamada terapia tripla (LAMA + LABA + ICS), nos pacientes indicados, melhora a função pulmonar, os sintomas e o estado de saúde e reduz as exacerbações em comparação com terapia dupla ou monoterapia. E, quando usados em um mesmo dispositivo, mostrou maior benefício clínico. Desta forma, é essencial o uso de terapia de manutenção na DPOC para evitar as exacerbações e a necessidade de internação e uso de corticoide sistêmico.

Assim, o que devemos levar dessa conversa sobre exacerbação na DPOC?
> Geralmente é o primeiro contato desse paciente com o médico;
> Momento de ouro para diagnóstico e início do tratamento crônica dessa condição;
> A exacerbação pode ser um evento fatal, sendo seu diagnóstico e tratamento precoce fundamentais;
> Ter uma exacerbação é o principal fator de risco para uma nova exacerbação;
> Piora da tosse, dispnéia, quantidade e purulência do escarro são os sinais clínicos;
> O tratamento farmacológico se baseia no uso de broncodilatação com ou sem corticoterapia e/ou terapia antimicrobiana.

 

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • 1. Global Initiative for Asthma (GINA). Global Strategy for Asthma Management and Prevention. www.ginasthma.org - acesso dezembro de 2020.
  • 2. Wedzicha JA, Miravitlles M, Hurst JR, et al. Management of COPD exacerbations: A European Respiratory Society/American Thoracic Society guideline. Eur Respir J, 50 (2017).
  • 3. Wedzicha JA, Calverley PMA, Albert RK, Anzueto A, Criner GJ, Hurst JR, Miravitlles M, Papi A, Rabe KF, Rigau D, Sliwinski P, Tonia T, Vestbo J, Wilson KC, Krishnan JA. Prevention of COPD exacerbations: a European Respiratory Society/American Thoracic Society guideline. Eur Respir J. 2017 Sep 9;50(3):1602265.
  • 4. Erhabor GE, Adeniyi B, Arawomo AO, et al. Acute Exacerbation of COPD: Clinical Perspectives and Literature Review. West Afr J Med. 2021;Vol. 38(11):1129-1142.
  • 5. Brusasco V, Martinez F. Chronic obstructive pulmonary disease. Compr Physiol. 2014; 4(1):1-31.
  • 6. Donaldson GC, Seemungal TA, Bhowmilk A, et al. Relationship between exacerbation frequency and lung function decline in chronic obstructive pulmonary disease. Thorax 2002; 57: 847–852.
  • 7. Ram FS, Rodriguez-Roisin R, Granados-Navarrete A, Garcia-Amymerich J, Barnes NC. Antibiotics for exacerbation of chronic obstructive pulmonary disease. Cochrane Database Sys Rev 2006 (2).
  • 8.Garcia-Aymerich J, Serra Pons I, Mannino DM, Maas AK DP, Davis KJ, Lung function impairment, COPS hospitalisations and subsequent mortality.Thorax, 2011, 66(7): 585-90.

Tags