Conheça novas recomendações da SBP sobre anemia ferropriva

Anemia ferropriva é concentração de hemoglobina abaixo dos valores esperados. Confira recomendações de suplementação de ferro da SBP.

*Texto publicado originalmente em 2019. Confira aqui a atualização 2021 do consenso de anemia ferropriva da SBP.

Apesar do grande avanço nas ações de combate a anemia ferropriva nos últimos anos, esse tema ainda possui importante relevância no meio pediátrico. Ainda que os estudos quanto a prevalência dessa patologia em nosso meio não sejam consistentes, sabemos que sua incidência ainda continua alta.

Reconhecendo a dificuldade no diagnostico precoce e na gravidade do problema a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), divulgou uma nova diretriz sobre o assunto.

trombocitopenia

Anemia ferropriva

Por definição, a anemia ferropriva se caracteriza pela concentração sanguínea de hemoglobina abaixo dos valores esperados, sendo assim insuficiente para as necessidades fisiológicas de acordo com idade, sexo, gestação e altitude. Estima-se que 60% do casos de anemia, no mundo, sejam caudados pela deficiência de ferro, sendo que no Brasil 53% dos casos estão localizados na região norte e nordeste devido a associação com as camadas sociais mais baixas.

De fato os efeitos da anemia ferropriva a longo prazo levam a diversos comprometimentos no crescimento e desenvolvimento da criança, acredita-se que tais prejuízos possam permanecer por longos períodos mesmo após o tratamento. As manifestações clínicas podem variar de acordo com os estágios de depleção, podendo levar a sinais e sintomas como: redução da acidez gástrica, gastrite atrófica, sangramento da mucosa intestinal, irritabilidade, distúrbios de conduta e percepção, distúrbio psicomotor, inibição da capacidade bactericida dos neutrófilos, diminuição de linfócitos T, diminuição da capacidade de trabalho e da tolerância a exercícios, palidez da face, das palmas das mãos e das mucosas conjuntival e oral, respiração ofegante, astenia e algia em membros inferiores, unhas quebradiças e rugosas e estomatite angular

Leia mais:  Uso do ferro em dias alternados é melhor que diário em mulheres com anemia ferropriva?

O primeiro estágio de deficiência de ferro é a diminuição dos depósitos de ferro no fígado, baço e medula óssea, tal deficiência pode ser diagnosticada pelos níveis séricos de ferritina , que possui forte relação com o armazenamento de ferro nos tecidos, lembrado que esse parâmetro pode ser alterado com a presença de doenças hepáticas, infecciosas e inflamatórias.

Valores de ferritina, de acordo com a idade, que sugerem deficiência na reserva de ferro:

Idade Valores de referência
Menores de 5 anos Inferior a 12μg/L
Entre 5 e 12 anos Inferior a 15μg/L

No segundo estágio, teremos a própria redução de ferro sérico, aumento da capacidade total de ligação da transferrina e a diminuição da saturação de transferrina; e por fim o terceiro estágio, seria a diminuição dos níveis séricos de hemoglobina, hematócrito e alterações hematimétricas. Cabe ainda ressaltar que alterações como leucopenia e plaquetose podem estar relacionadas a anemia ferropriva e a contagem do reticulócitos pode ajudar no diagnóstico precoce da deficiência de ferro.

Como as manifestações clínicas da deficiência de ferro são tardias, a SBP recomenda que uma triagem seja feita aos 12 meses de idade em todos os paciente, como hemograma, contagem de reticulócitos e ferritina.

Suplementação de ferro

A medidas preventivas como: ações de educação alimentar, incentivo ao aleitamento materno exclusivo prolongado, introdução alimentar adequada e a contraindicação a introdução do leite de vaca in natura, não processado antes dos 12 meses, constituem o pilar para a prevenção da anemia ferropriva. Desde 2005, no Brasil, foi criado o Programa de Suplementação de Ferro (PNSF) que contempla as crianças de 6 meses a 24 meses de idade, porém a SBP recomenda a suplementação profilática dos 3 meses aos 24 meses de idade, de acordo com a tabela abaixo:

Situação Recomendação
Recém-nascidos a termo, de peso adequado para a idade gestacional em aleitamento materno exclusivo ou não 1 mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir do 3º mês até 24º mês de vida
Recém-nascidos a termo, de peso adequado para a idade gestacional em uso de menos de 500mL de fórmula infantil por dia 1 mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir do 3º mês até 24º mês de vida
Recém-nascidos a termo com peso inferior a 2500g 2 mg/kg de peso/dia, a partir de 30 dias durante um ano. Após este período, 1mg/kg/ dia mais um ano
Recém-nascidos pré-termo com peso entre 2500 e 1500g 2 mg/kg de peso/dia, a partir de 30 dias durante um ano. Após este prazo, 1mg/kg/dia mais um ano
Recém-nascidos pré-termo com peso entre 1500 e 1000g 3 mg/kg de peso/dia, a partir de 30 dias durante um ano. Após este período, 1mg/kg/ dia mais um ano
Recém-nascidos pré-termo com peso inferior a 1000g 4 mg/kg de peso/dia, a partir de 30 dias durante um ano. Após este período, 1mg/kg/ dia mais um ano

Quando o quadro de anemia ferropriva já está confirmado seu tratamento deve ser feito com a reposição de ferro por via oral na dose de 3 a 5 mg/kg/dia de ferro elementar por mínimo de oito semanas, além de medidas de orientação nutricional. O acompanhamento do tratamento deve ser feito a cada 30 dias com exames laboratoriais e o duração do tratamento deve ser até que a reposição do estoque de ferro esteja nos níveis adequados.

Por fim, cabe lembrar a importância da prevenção da anemia ferropriva no meio pediátrico, a fim de evitar seu terrível desfecho no crescimento e desenvolvimento das nossas crianças.

 

 

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