Coronavírus: diferenças clínicas e tomográficas da Covid-19 em crianças e adultos

Como as crianças são geralmente suscetíveis a infecções do trato respiratório superior, a presença de coronavírus nessa faixa etária é bem confusa.

Nos primeiros dias de um surto por Covid-19, os pacientes pediátricos eram raros. Acreditava-se, inclusive, que não seriam suscetíveis a essa infecção. Todavia, com a agregação familiar, gradualmente foram surgindo relatos de casos de crianças infectadas pelo novo coronavírus.

Como as crianças são geralmente suscetíveis a infecções do trato respiratório superior, a presença de Covid-19 nessa faixa etária é bem confusa. Diferenciar de outros patógenos comuns de infecção do trato respiratório em pediatria é um problema. Há dúvidas também se o padrão de imagem é compatível com os relatos em pacientes adultos.

Dessa forma, com o objetivo de descrever as características clínicas, laboratoriais e de imagem de pacientes pediátricos com infecção por Covid-19, Xia e colaboradores apresentaram uma série de 20 casos que foram identificados pelo teste de ácido nucleico viral colhido por swab faríngeo. O estudo intitulado Clinical and CT features in pediatric patients with COVID‐19 infection: Different points from adults foi publicado na revista Pediatric Pneumology.

pessoa deitada em câmara de tomografia para exame de coronavírus

Clínica e imagem de coronavírus

Nesse estudo, foram analisadas, retrospectivamente, as características clínicas, laboratoriais e radiológicas obtidas por tomografia computadorizada (TC) de tórax pacientes pediátricos com infecção por Covid-19. Foram incluídos 20 pacientes pediátricos com infecção por Covid‐19 confirmados por teste de ácido nucleico viral, no período de 23 de janeiro a 8 de fevereiro de 2020, no Hospital Infantil de Wuhan.

Todos os pacientes foram conduzidos de acordo com o protocolo “Diagnóstico e Tratamento para Covid‐19”. As informações clínicas e laboratoriais foram obtidas dos prontuários. Todos os pacientes foram submetidos à TC de tórax no Hospital Infantil de Wuhan.

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Xia e colaboradores descreveram os seguintes resultados:

  • Dentre os 20 pacientes, 13 (65%) eram meninos e sete (35%) eram meninas;
  • As idades variaram de menos de 1 mês a 14 anos e 7 meses (mediana 2 anos, 1,5 meses);
  • Treze crianças (13/20, 65%) tinham um histórico de contato próximo com familiares diagnosticados com Covid‐19;
  • As manifestações clínicas foram semelhantes às observadas em adultos, porém os sintomas gerais foram relativamente leves e o prognóstico geral foi bom. Febre (12/20, 60%) e tosse (13/20, 65%) foram os sintomas mais comuns;
  • A elevação da procalcitonina (PCT) ocorreu em 80% dos pacientes (16/20), o que não é comum em adultos. De acordo com os pesquisadores, a PCT é um marcador de infecção bacteriana, o que pode sugerir que o tratamento antibacteriano de rotina seja considerado em pacientes pediátricos;
  • A coinfecção ocorreu em oito pacientes (8/20, 40%).

Em relação à TC, os achados da TC de tórax em crianças foram semelhantes aos de adultos, e a maioria deles era composta por casos leves:

  • Não foi observado nenhum caso de derrame pleural;
  • Seis pacientes (6/20, 30%) apresentaram lesões pulmonares unilaterais;
  • Dez pacientes (10/20, 50%) apresentaram lesões pulmonares bilaterais;
  • Quatro casos (4/20, 20%) não apresentaram alterações;
  • Opacidades em vidro fosco foram observadas em 12 pacientes (12/20, 60%);
  • Sombra foi observada em quatro pacientes (4/20, 20%);
  • Pequenos nódulos foram observados em três pacientes (3/20, 15%).

Conclusões

A consolidação com o sinal do halo foi observada em dez pacientes (10/20, 50%). Como as consolidações com o sinal de halo circundante representaram 50% dos casos, elas devem ser consideradas como sinais típicos em pacientes pediátricos.

Os pesquisadores concluíram que a elevação da PCT e a TC com sinal de halo foram frequentes em crianças, diferentemente dos adultos. Xia e colaboradores sugerem, nesse estudo, que a coinfecção subjacente possa ser mais comum em pediatria e a consolidação com o sinal de halo deva ser considerada um sinal típico em pacientes pediátricos.

Referências bibliográficas:

  • XIA, W. et al. Pediatric Pulmonology, 2020 / doi: 10.1002/ppul.24718

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