Covid-19: painel de especialistas propõe o uso de remdesivir para crianças com quadros graves

Um recente painel de especialistas sugeriu que apenas os cuidados de suporte são suficientes para tratar a maioria das crianças com Covid-19.

Um recente painel de especialistas sugeriu que apenas os cuidados de suporte são suficientes para tratar a maioria das crianças com a doença causada pelo novo coronavírus (Covid-19). Todavia, o painel sugeriu o uso do remdesivir como o antiviral de escolha para ser administrado em crianças que evoluem para quadros mais graves ou críticos.

Essas orientações estão no artigo Multicenter initial guidance on use of antivirals for children with COVID-19/SARS-CoV-2 de Chioto e colaboradores, aceito para publicação no Journal of Pediatric Infectious Diseases Society.

médico anotando em prontuário sobre uso do remdesivir em ciranças com covid-19

Remdesivir para crianças com coronavírus

O painel foi constituído por médicos e farmacêuticos especialistas em doenças infecciosas pediátricas de 18 instituições norte-americanas distintas. Os profissionais envolvidos desenvolveram e aperfeiçoaram um conjunto de recomendações baseado em análise das melhores evidências disponíveis e na opinião de especialistas, através de uma série de teleconferências e pesquisas na web.

Os pesquisadores destacaram que vários estudos epidemiológicos grandes demonstraram que a grande maioria das crianças com Covid-19 experimenta uma doença leve e autolimitada, com apenas relatos raros de manifestações mais graves da doença em pediatria, incluindo insuficiência respiratória ou choque. Dado o curso tipicamente moderado da Covid-19 em crianças, apenas o cuidado de suporte é sugerido para a grande maioria dos casos.

Leia também: Covid-19: quais as principais terapias em estudo?

O painel sugere uma estrutura de tomada de decisão para terapia antiviral que pese riscos e benefícios com base na gravidade, conforme indicado pelas necessidades de suporte respiratório, com consideração, caso a caso, dos possíveis fatores de risco para a progressão da doença. Os pesquisadores dividem a gravidade da doença em crianças em:

  • Doença leve/moderada: sem necessidade de oxigênio suplementar (início ou aumento);
  • Doença grave: início ou aumento de oxigênio suplementar, sem necessidade de iniciar ou aumentar a ventilação mecânica não invasiva/invasiva basal;
  • Doença crítica: início ou aumento de ventilação mecânica invasiva ou não invasiva, sepse ou falência de múltiplos órgãos; OU piora rápida que não atende a esses critérios.

Outro ponto abordado pelo painel é o fato de que não existem dados robustos que demonstrem fatores de risco específicos para doenças graves em crianças, nem existem dados que antivirais atenuam a gravidade da doença em qualquer população. Para, portanto, evitar a alocação incorreta do tratamento na ausência de fatores de risco pediátricos bem definidos, os pesquisadores resumiram os fatores de risco propostos. Isso inclui fatores de risco para doenças graves extrapolados de dados de adultos (incluindo doenças cardiovasculares, doenças pulmonares, diabetes, câncer e obesidade) ou identificados para outras infecções virais respiratórias (incluindo idade jovem, imunodeficiência, doenças cardiovasculares e doenças pulmonares).

Se um antiviral for usado, o painel sugere o remdesivir como o agente preferido. Ademais, os pesquisadores recomendam que a hidroxicloroquina pode ser considerada em pacientes que não são candidatos ao remdesivir ou quando não há disponibilidade do remdesivir. Chioto e equipe destacam que os antivirais devem preferencialmente ser usados como parte de um ensaio clínico, se disponível.

Doses de remdesivir e hidroxicloroquina, de acordo com Chioto e colaboradores (2020):

Remdesivir Dosagem (crianças e adultos) (verifique a dosagem e a preparação com o fabricante):

  • <40 kg: dose de ataque IV de 5 mg/kg no dia 1; seguido por 2,5 mg/kg IV, a cada 24h;
  • ≥40 kg: dose de ataque de 200 mg IV no dia 1; seguido por 100 mg IV, a cada 24h.

Duração recomendada: até 10 dias, com duração de 5 dias para pessoas que respondem rapidamente (duração de 5 a 10 dias sendo estudada em ensaios clínicos)

Hidroxicloroquina Bebês, crianças e adolescentes:

  • 13 mg/kg (máximo: 800 mg) VO, seguido de 6,5 mg/kg (máximo: 400 mg) VO 6, 24 e 48 horas após a dose inicial (a duração pode ser prolongada por até 5 dias, caso a caso) OU
  • 6,5 mg/kg/dose (máximo: 400 mg/dose), VO, duas vezes ao dia, no dia 1, seguido de 3,25 mg/kg/dose (máximo: 200 mg / dose), VO, duas vezes por dia,  por até 5 dias

Neonatos: dosagem não estabelecida; considere o uso caso a caso

Adultos:

  • 800 mg VO seguido por 400 mg VO  6, 24 e 48 horas após a dose inicial (a duração pode ser prolongada por até 5 dias, caso a caso)
  • OU
  • 400 mg VO, duas vezes ao dia no dia 1, seguido de 200 mg, VO, duas vezes por dia, por até 5 dias

Legenda: IV – intravenoso; VO – via oral.

Referências bibliográficas:

  • CHIOTOS, K. et al. Multicenter initial guidance on use of antivirals for children with COVID-19/SARS-CoV-2. Journal of the Pediatric Infectious Diseases Society, piaa045, 2020 https://doi.org/10.1093/jpids/piaa045

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