Dia do amigo

Não ter um amigo em nossa sociedade é sinônimo de solidão que por sua vez, se aproxima da tristeza e da depressão de acordo com o senso comum

As relações sociais possuem grande importância na vida das pessoas. Os amigos possuem importância em nossas vidas desde pequenos, afinal somos seres sociais e damos grande importância a amizade. Não ter amigos em nossa sociedade é sinônimo de solidão, que por sua vez, se aproxima da tristeza e da depressão de acordo com o senso comum.

Sabemos que algumas pessoas preferem estar com poucos amigos e sem tanto contanto social e isso necessariamente não é um problema. Na outra mão, há amizades de décadas e algumas pessoas possuem amizades durante toda a vida.

Nos dias atuais, alguns pesquisadores se preocupam com a volatilidade das amizades e com as alterações comportamentais das não aceitações das diferenças, o que acaba distanciando familiares e amigos.

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Segundo o autor Sigmund Bauman, vivemos em um tempo no qual as relações ganham caráter líquido, tal qual àquelas que temos com os objetos, coisas ou produtos que consumimos. Estamos em um tempo em que consumimos relações e isso pode ser danoso para nossa saúde mental.

Dia do amigo

Importância do contato

A pandemia mostrou o quanto é importante o encontro com familiares e amigos. Mesmo havendo redes sociais, onde vivenciamos uma absoluta exposição, ainda não dominamos uma forma de vivenciar os benefícios dos momentos positivos do encontro, se é que isso será possível.

Possuímos notícias dos nossos amigos, porque os vemos todos os dias nas redes, porém continuamos a sós, mesmo sabendo que o amigo mora na mesma quadra, bairro ou cidade.

Se o afastamento dos amigos não fosse um problema social, não teríamos um insidioso aumento de doenças psíquicas durante o isolamento social provocado pela pandemia. De acordo com The State of the World´s Children, jovens de todas as idades poderão sentir o impacto na sua saúde mental por muitos anos por causa do tempo do afastamento social causado pela pandemia. A importância de construir laços de amizades desde a infância, haver um ambiente escolar social é essencial para o desenvolvimento cognitivo, social, cultural da criança. O Desenvolvimento psíquico de crianças e adolescentes passa pelo aprendizado e pela constituição de afeto das relações humanas.

Entretanto, não é só na vida da criança e do adolescente que amizades podem gerar aspectos positivos. Alguns estudos mostram que as amizades ao longo da vida vão diminuindo e ficam mais limitadas aos amigos do trabalho ou da vizinhança. Mas os estudos descrevem que para idosos, os benefícios do contato social são tão benéficos que influenciam diretamente na autoestima, no humor e na diminuição de doenças psíquicas como depressão e ansiedade. Por esse motivo, grupos de convivência para idosos já é uma realidade em diversas unidades de saúde no Brasil.

A amizade é uma das principais fontes de bem-estar e felicidade, pois através do compartilhamento de vivências, sentimentos, interesses, estórias e emoções podem promover um suporte social muito relevante para as pessoas, e isso pode ser um fator de proteção para a saúde mental.

O que é ser um amigo? Não é preciso crescer junto! Não é preciso ter muito tempo de convivência para ser amigo. Basta reciprocidade humana e sensibilidade. Talvez seja por isso, que muitos dos usuários do serviço de saúde, que vivem sozinhos e que não possuem amigos, buscam a equipe de saúde todos os dias ou várias vezes durante a semana para ter uma palavra ou mesmo conversar. Quando ele cuidado por você, talvez ele tenha uma lembrança inconsciente de fraternidade, de amizade, de zelo, atributos comumente construídos em relações de amizade. Isso não quer dizer que somos amigos de nossos pacientes, mas também não é fator impeditivo.

Amizade nas relações de saúde

Construir e cultivar boas relações de amizade, podem dar mais sentido à vida, promover sensação de pertencimento e segurança ao ser humano. Por isso a importância de buscar construir vínculos de amizade duradouros, saudáveis, afetivos.

A questão a ser tratada aqui, não se relaciona com a possível amizade entre profissionais e pacientes e questões éticas, mas da observação dos profissionais sobre a necessidade da falta das relações interpessoais, dos amigos ou da família na vida desses usuários. Podemos ajudar essas pessoas a melhorar as suas relações. Devemos lembrar que muitas pessoas podem desenvolver ao longo da vida embotamento afetivo, dificuldade de relacionamento ou até transtornos de personalidade que as impeçam de construir laços de amizade.

Há aqueles jovens, que já possuem essa dificuldade na primeira infância. Há adultos que por causa do excesso de trabalho e por causa da dupla jornada de trabalho, acabam deixando o lazer e as amizades em segundo plano. Há idosos que começam a perder seus amigos e pouco a pouco vão ficando solitários necessitando de um olhar externo para continuar sua existência.

A amizade pode diminuir alguns riscos para a saúde das pessoas em todos os ciclos da vida. Pode diminuir, desde o bullying, na escola para as crianças, até a solidão ou a depressão nos idosos e tem grande impacto na longevidade dos seres humanos.

Alguns estudos mostram que relacionamento de amizade geram coping positivo. O coping é uma reação frente a uma situação conflitante. Estratégias de coping positivo foram associados a amizades, ou seja, a amizade seria uma estratégia de enfrentamento positiva de autocontrole para mulheres e homens em todas as fases do desenvolvimento, sendo uma ferramenta de suporte social. Quanto melhor for a qualidade das amizades mais positivo será esse suporte.

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Mensagem final

Compreendendo que a amizade pode ser uma ferramenta positiva para questões de vulnerabilidade de saúde e longevidade, deve o profissional de saúde investigar na entrevista quanto a presença de amigos na vida do usuário do serviço de saúde e quando houver tais amigos, compreender os motivos e estimular quando for possível, que a pessoa melhore sua rede de convivência e suporte. O profissional pode ainda criar estratégias dentro do serviço para que o usuário possa ter oportunidade de espaços que possibilitem a convivência social.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
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