Dieta vegana pode reduzir o excesso de peso? Confira novo estudo randomizado

Um ensaio clínico foi realizado para avaliar o efeito da dieta vegana no peso e na resistência à insulina. Confira os resultados!

Ainda existe uma dificuldade em abordar doenças relacionadas ao excesso de peso, principalmente em relação tipo de dieta mais eficaz para cada caso. Como alguns estudos iniciais apontaram que a obesidade é mais incomum em indivíduos que se alimentam mais com derivados de plantas, um ensaio clínico foi realizado para avaliar o efeito da dieta vegana no peso e na resistência à insulina.

Apesar de o excesso de peso estar relacionado à várias doenças, o estudo focou em avaliar a resistência à insulina que leva à diabetes tipo 2 e o metabolismo pós-prandial.

alimentos em mesa de médico que recomenda dieta vegana

Dieta vegana e obesidade

O ensaio clínico randomizado foi feito em um único centro, de forma não cega, entre janeiro de 2017 e fevereiro de 2019, nos Estados Unidos, em quatro repetições de 16 semanas. Foram incluídos pacientes entre 25 e 75 anos com índice de massa corporal (IMC) de 28 a 40. Nos critérios de exclusão estavam diabetes, tabagismo, uso de álcool ou drogas, gravidez ou lactação e uso atual do veganismo.

Os participantes foram alocados aleatoriamente (proporção de 1: 1), usando um sistema de computador, para o grupo intervenção, que deveria seguir uma dieta vegana com baixo teor de gordura, ou para o grupo controle, que não fazia nenhuma dieta específica. Todos os pacientes foram orientados a limitar a 1 bebida alcoólica por dia para mulheres, e duas para homens, além de manter sua rotinas normais de exercícios e medicamentos.

A dieta do grupo de intervenção consistia em 75% de carboidratos, 15% de proteína e 10% de gordura, através de alimentos, como: vegetais, grãos, legumes, frutas e outros produções sem origem animal e sem gorduras adicionais. O grupo também teve que tomar suplementos de vitamina B12 (500 μg/dia). O estudo não ofereceu as refeições, apenas realizou aulas semanais com as instruções e demonstrações culinárias, além de distribuir materiais impressos e amostras dos alimentos.

Medidas

Ao todo, 244 pessoas participaram do estudo, ficando 122 em cada grupo. Todos tiveram o peso corporal avaliado nas semanas 0 e 16, por meio de uma balança calibrada. A composição corporal e a gordura visceral foram medidas por absorciometria de raio-x duplo.

A resistência à insulina foi avaliada com o índice de avaliação do modelo de homeostase e o índice de sensibilidade à insulina previsto (PREDIM). O efeito dos alimentos foi medido por calorimetria indireta ao longo de três horas após um café da manhã líquido padrão (720 kcal).

Em um subconjunto (n = 44), os lipídios hepatocelulares e intramiocelulares foram quantificados por espectroscopia de ressonância magnética de prótons. Análise de variância de medida repetida foi usada para análise estatística.

Leia também: Dietas: qual tem mais mortalidade por doenças cardiovasculares?

Resultados

Entre os 244 participantes do estudo, 87% (211) eram mulheres e 48% (117) eram brancos. A idade média (DP) foi de 54,4 (11,6) anos.

Durante as 16 semanas, os resultados encontrados foram:

  • Diminuição do peso corporal em 5,9 kg naqueles do grupo da dieta (IC 95%, 5,0-6,7 kg; P <0,001);
  • Aumento em 14,1% do efeito térmico dos alimentos no grupo de intervenção (IC 95%, 6,5-20,4; P <0,001);
  • O índice de avaliação do modelo de homeostase diminuiu nos pacientes com dieta vegana (−1,3; IC de 95%, −2,2 para −0,3; P <0,001);
  • O PREDIM aumentou (0,9; IC de 95%, 0,5-1,2; P <0,001) no grupo de intervenção;
  • O grupo controle não teve mudanças significativas. A mudança no PREDIM se correlacionou negativamente com a mudança no peso corporal (r = −0,43; P <0,001).

No subgrupo:

  • Os níveis de lipídios hepatocelulares diminuíram no grupo de intervenção em 34,4%, de uma média de 3,2% (2,9%) para 2,4% (2,2%) (P = 0,002);
  • Os níveis de lipídios intramiocelulares diminuíram em 10,4%, de um média de 1,6 (1,1) a 1,5 (1,0) (P = 0,03).
  • Nenhuma dessas variáveis ​​mudou significativamente no grupo de controle ao longo das 16 semanas.
  • Mudanças nos níveis de lipídios hepatocelulares e intramiocelulares estiveram correlacionados com mudanças na resistência à insulina (ambos r = 0,51; P = 0,01).

Conclusão

Apesar de ter uma limitação importante, que foi o autorrelato da ingestão alimentar, os efeitos percebidos ao longo das semanas traz uma segurança de que a dieta vegana, desde que com baixo teor de gordura, pode ser utilizada para reduzir o excesso de peso e, assim, aumentar a sensibilidade à insulina. Esta última, resultando em aumento do metabolismo pós-prandial.

No subgrupo, pôde-se observar ainda uma alteração considerável nos níveis de gorduras hepato e intramiocelulares.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referência bibliográfica:

  • Kahleova H, et al. Effect of a Low-Fat Vegan Diet on Body Weight, Insulin Sensitivity, Postprandial Metabolism, and Intramyocellular and Hepatocellular Lipid Levels in Overweight Adults. A Randomized Clinical Trial. JAMA Netw Open. 2020;3(11):e2025454. doi: 10.1001/jamanetworkopen.2020.25454

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.