Efetividade da episiotomia para prevenir lacerações perineais em nulíparas

Um estudo avaliou a associação de episiotomia e lesão esfincteriana anal severa em nulíparas com parto à termo. 

Uma das complicações do parto via vaginal é a lesão do esfíncter anal (laceração), complicação pouco frequente (0,5 a 5%), entretanto com morbidade materna importante (incontinência fecal, dispareunia e diminuição da qualidade de vida). Dois fatores de risco para essa lesão é a nuliparidade e o parto operatório.  

Durante muitos anos, acreditava-se que a episiotomia era uma proteção para lesões perineais em partos vaginais. Ideia que perdeu espaço na última década, devido as complicações da própria episiotomia (sangramento, dispareunia) e por não haver comprovação de que ela seja realmente uma medida protetiva. 

Um estudo recentemente aceito para publicação teve como objetivo avaliar a associação de episiotomia e lesão esfincteriana anal severa em nulíparas com parto à termo. 

Trata-se de um estudo retrospectivo que levantou dados de 2004 a 2020 de uma maternidade de Paris. O desfecho primário do estudo foi a ocorrência de laceração de terceiro e quarto grau após parto vaginal (instrumentalizado ou não) e os dados foram agrupados em dois grupos (episiotomia: sim ou não). 

cirurgias não cardíacas

Métodos 

A população do estudo incluiu 12.346 mulheres nulíparas que tiveram parto vaginal a termo. Dentre elas, 4.543 (36,8%) pariram sem episiotomia e 7.803 (63,2%) pariram com episiotomia.  

Resultados 

A taxa de laceração perineal foi semelhante em ambos os grupos (0,7%; p=0,76). Após estratificação sobre instrumentalização do parto, uma associação (protetiva) entre episiotomia e laceração perineal foi mostrada em caso de parto instrumentalizado (OR = 0,46 [0,26-0,80]), mas não se o parto foi espontâneo (OR = 0 ,76 [0,29-1,98]).

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Conclusões

Este estudo destaca que a episiotomia pode reduzir o risco de laceração perineal de 3º e 4º grau (lesão esfincteriana anal severa) em mulheres nulíparas com gravidez única submetidas a parto vaginal operatório a termo, independentemente do método estatístico utilizado. 

Entretanto, as consequências a longo prazo tanto das lacerações quanto da episiotomia precisam ser melhores estudadas.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Perrin, A., Korb, D., Morgan, R. and Sibony, O. (2023), Effectiveness of episiotomy to prevent OASIS in nulliparous women at term. Int J Gynecol Obstet. Accepted Author Manuscript. https://doi.org/10.1002/ijgo.14706