Efetividade das intervenções dietéticas no tratamento da endometriose

Cresce a procura por intervenções dietéticas para o tratamento da endometriose. Porém, existem evidências que justifiquem essas intervenções?

É crescente a procura por intervenções dietéticas com o objetivo de tratamento da endometriose. Porém, existem evidências científicas que justifiquem essas intervenções? Uma revisão sistemática foi publicada neste ano de 2022 no Reproductive Sciences com o objetivo de responder esta pergunta.

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Efetividade das intervenções dietéticas no tratamento da endometriose

Metodologia do estudo

Os autores realizaram uma busca eletrônica no MEDLINE e na COCHRANE. Incluíram estudos em humanos e em animais que avaliaram uma intervenção dietética sobre sintomas associados à endometriose. Foram identificados e codificados estudos utilizando critérios padrão, e o risco de viés foi avaliado com ferramentas estabelecidas relevantes para o projeto.

Apenas um pequeno número de estudos até o momento examinaram modificações na dieta no tratamento da endometriose e sintomas associados à endometriose. Embora a maioria dos estudos tenha relatado ser uma intervenção positiva na paciente com endometriose, nenhum identifica claramente certas subcategorias de pacientes, que são mais propensas a se beneficiar de uma intervenção dietética, nem identificam intervenções dietéticas específicas, que melhoram certos sintomas associados à endometriose.

São urgentemente necessários estudos de qualidade para permitir conclusões sobre este tema. Até lá, os autores sugerem uma abordagem clínica da paciente com endometriose que busque uma mudança saudável na dieta para tratar seus sintomas, com base nos resultados promissores do estudo prospectivo de Ott et al. que, além de considerar os conhecidos benefícios à saúde e a ausência de riscos da dieta mediterrânea, os médicos podem sugerir essa dieta como uma mudança alimentar de longo prazo.

No entanto, devido a dificuldade em aderir à dieta mediterrânica, relacionada aos custos, hábitos culinários e vida diária pessoal, um suplemento antioxidante pode ser considerado por até 6 meses, como por exemplo a suplementação de ômega-3. Já uma ingestão superior a 6 meses de suplementos dietéticos não podem ser sugeridos devido a segurança a longo prazo de tais intervenções.

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Em contrapartida, pacientes com dor abdominal relacionada ao trato gastrointestinal, distensão abdominal e constipação, bem como suspeita de hipersensibilidade podem se beneficiar de uma dieta sem glúten, com baixo teor de níquel ou dieta com baixo teor de FODMAP (oligossacarídeos fermentáveis, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis, que são carboidratos de cadeia curta que são mal absorvidos no intestino delgado e são propensos a absorver água e fermentar no cólon).

No entanto, essas dietas também estão relacionadas à baixa adesão devido ao encargo financeiro associado e dificuldades inerentes. Além disso, a segurança de um uso a longo prazo de baixo níquel não foi estabelecida, enquanto uma dieta baixa em FODMAP ao longo prazo pode trazer efeitos deletérios na microbiota intestinal. O início dessas dietas deve ser decidido de forma multidisciplinar após avaliação gastrointestinal para excluir outros diagnósticos patológicos.

Conclusão

De acordo com o nível de evidência disponível, os autores sugerem uma abordagem clínica baseada em evidências para médicos utilizarem durante as consultas com seus pacientes. Apesar de parecer ser benéfica a intervenção dietética, mais ensaios controlados randomizados bem desenhados são necessários para determinar com precisão a eficácia e segurança a curto e longo prazo de diferentes intervenções dietéticas.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Nirgianakis K, Egger K, Kalaitzopoulos DR, Lanz S, Bally L, Mueller MD. Effectiveness of Dietary Interventions in the Treatment of Endometriosis: a Systematic Review. Reprod Sci. 2022 Jan;29(1):26-42. doi: 10.1007/s43032-020-00418-w.
  • Ott J, Nouri K, Hrebacka D, Gutschelhofer S, Huber J, Wenzl R. Endometriosis and nutrition-recommending a Mediterranean diet decreases endometriosis-associated pain: an experimental observational study. J Aging Res Clin Practice. 2012;1:162–6.