ESC 2022: Rivaroxabana versus antagonista de vitamina K na doença valvar reumática

Resultados do estudo surpreenderam pesquisadores durante a apresentação no congresso da European Society of Cardiology

A doença valvar reumática, que acomete mais de 40 milhões de pessoas, geralmente é decorrente de febre reumática. Estima-se que desses, aproximadamente 20% tenham fibrilação atrial (FA), com risco aumentado de eventos tromboembólicos e indicação de anticoagulação com antagonistas de vitamina K, porém o uso correto é difícil, pois há muita oscilação do INR e períodos em que a medicação não está na dose adequada. Até o momento não havia estudos randomizados de anticoagulação nesta população.  

Assim, foi realizado o estudo INVICTUS, que comparou uso de antagonista de vitamina K com um NOAC, a rivaroxabana, em pacientes com doença valvar reumática, que tinham estenose mitral com área valvar menor que 2cm2 ou CHA2DS2VASc 2. Foi um estudo randomizado, aberto, de não inferioridade, com desfecho primário combinado de AVC, embolia sistêmica, infarto agudo do miocárdio (IAM) e morte de causa cardiovascular ou desconhecida. O desfecho primário de segurança foi sangramento maior de acordo com a classificação do ISTH. 

coracao e batimentos cardiacos

Métodos

Foram randomizados 4565 pacientes de 138 centros de 24 países da África, Ásia e América do Sul para receber rivaroxabana 20mg (ou 15mg se TFG entre 15 e 49) ou antagonista de vitamina K em dose ajustada de acordo com exames para manter o INR entre 2 e 3. Os grupos eram semelhantes entre si. Porém, os pacientes eram mais jovens, idade média 50 anos, com maior proporção de mulheres (72%) e pouco mais de 40% tinham CHA2DS2VASc 0 ou 1, com menos comorbidades que em outros estudos com novos anticoagulantes. 

Resultados

No grupo rivaroxabana 559 pacientes (8,26% ao ano) tiveram o desfecho primário, comparado a 442 (6,46%) ao ano no grupo antagonista da vitamina K, principalmente as custas de mortalidade (por insuficiência cardíaca e morte súbita) e AVC isquêmico. O tempo para ocorrência do evento do desfecho primário foi 1576 dias no primeiro grupo e 1652 dias no segundo (p < 0,001), ou seja, a diferença de mortalidade foi aparente apenas após 3 anos de seguimento. 

Não houve diferença no desfecho primário de segurança, com sangramento grave ocorrendo em 0,67% ano no grupo rivaroxabana e 0,83% ao ano no grupo antagonista de vitamina K, sem diferença estatística. 

Mensagem prática

Algumas limitações são que o estudo foi aberto, o que pode ter contribuído para viés, com melhor aderência no grupo antagonista de vitamina K por exemplo, que inclusive foi maior que no grupo rivaroxabana. Além disso, houve quase 30% de pacientes com estenose mitral leve e 18% sem estenose mitral e o perfil da população do estudo foi um pouco diferente de outros estudos prévios. 

Apesar destas limitações, este foi o primeiro estudo que comparou um NOAC a antagonista de vitamina K na doença valvar reumática associada a FA e os resultados mostraram que o tratamento padrão deve continuar sendo com os antagonistas de vitamina K. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Connolly S, Karthikeyan G, Ntsekhe M et al. Rivaroxaban in Rheumatic Heart Disease–Associated Atrial Fibrillation. New England Journal of Medicine. 2022. doi:10.1056/nejmoa2209051

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