Fatores ambientais e sociodemográficos associados com dengue, zika e chikungunya

Estudo procurou identificar os fatores sociodemográficos associados ao risco de infecção por dengue zika e chikungunya em adolescentes.

A introdução dos vírus da zika (ZIKV) e da chikungunya (CHIKV) no território brasileiro levou, junto com a manutenção da circulação do vírus da dengue (DENV), a um cenário de circulação concomitante das três doenças e da possibilidade de ocorrência de tripla epidemia no país.

Apesar do curso benigno na maioria dos casos, as três infecções podem resultar em casos graves ou em sequelas debilitantes. O avanço das doenças é, por esse motivo, uma situação alarmante do ponto de vista da saúde pública.

Leia também: Utilidade do teste rápido dengue duo no diagnóstico precoce de dengue

A análise dos fatores associados à infecção por ZIKV, CHIKV e DENV tem demonstrado que os fatores sociodemográficos são os mais importantes, mas resultados conflitantes têm sido encontrados. Enquanto alguns estudos demostram maior risco para DENV e CHIKV em indivíduos com situação socioeconômica precária, outros mostram o oposto para infecções por DENV e ZIKV.

Além das incertezas em relação ao risco de doença, pouco se sabe sobre os fatores atuantes na dinâmica de transmissão em faixas etárias específicas, como crianças e adolescentes. Um estudo brasileiro procurou identificar os fatores sociodemográficos associados ao risco de infecção por ZIKV, CHIKV e DENV em adolescentes das cidades do Rio de Janeiro (RJ) e Fortaleza (CE).

Fatores ambientais e sociodemográficos associados com dengue, zika e chikungunya

Materiais e métodos

O estudo utilizou dados de pacientes pertencentes a uma coorte de investigação de risco cardiovascular em adolescentes (ERICA), que contou com o recrutamento de jovens entre 12 e 17 anos em escolas públicas e privadas de diversas cidades do Brasil.

Os casos de dengue, zika e chikungunya foram identificados por meio de linkage entre o banco de dados da coorte do ERICA e o do SINAN, nas cidades do Rio de Janeiro e de Fortaleza. Foram selecionados os casos com início dos sintomas entre janeiro de 2015 e março de 2019.

Resultados

Após o processo de linkage, foram identificados 48 casos de arboviroses entre 3.399 adolescentes no Rio de Janeiro (um caso de CHIKV, 19 de ZIKV, 26 de DENV e dois casos notificados como coinfecção DENV/CHIKV). Em Fortaleza, entre 2.587 adolescentes, foram identificados também 48 casos (29 casos de DENV, um caso de ZIKV e 18 de CHIKV). Após exclusões, foram incluídos no estudo 77 casos de arboviroses em ambas as capitais.

Todos os adolescentes possuíam entre 12 e 17 anos de idade quando foram avaliados. Entre os com notificação de alguma arbovirose, a maioria (95%) frequentava a escola no período da manhã. O nível socioeconômico da maior parte dos casos foi classificado como “muito baixo”.

Saiba mais: Whitebook: dengue e outras arboviroses

As análises estatísticas indicaram que 5,6% da variabilidade no risco de contrair uma arbovirose poderia ser atribuída a fatores relacionados às escolas. O modelo estatístico final, que incorporou fatores individuais e fatores relacionados às escolas e aos seus arredores, encontrou que, comparados com o nível socioeconômico classificado como “muito baixo”, o nível “muito alto” esteve associado a uma redução de 57% no risco de arbovirose, enquanto o nível “baixo” foi associado a uma redução de 54%. Frequentar a escola no período da tarde esteve associado a uma proteção de 83% quando comparado com o período da manhã. O risco de arboviroses também foi maior em adolescentes que estudavam em escolas localizadas em áreas com um índice de infestação de prédios classificados como “alerta” (HR = 1,62; IC 95% = 0,98 – 2,70; p = 0,062) ou “de risco” (HR = 3,72; IC 95% = 1,27 – 10,9; p = 0,017), quando comparados com áreas com índice “satisfatório”.

Mensagens práticas

Nesse estudo conduzido em duas capitais brasileiras, nível socioeconômico e fatores relacionados às escolas estiveram associados a maior risco de arboviroses no período analisado. Estudar em escolas localizadas em áreas com alto índice de infestação por Aedes aegypti e níveis socioeconômicos mais baixos esteve relacionado a maior risco de infecção.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Dalvi APR, Gibson G, Ramos AN Jr, Bloch KV, Sousa GdSd, et al. (2023) Sociodemographic and environmental factors associated with dengue, Zika, and chikungunya among adolescents from two Brazilian capitals. PLOS Neglected Tropical Diseases 17(3): e0011197. DOI: 10.1371/journal.pntd.0011197

Especialidades