Hipertensão arterial na gestação e suas múltiplas faces

A hipertensão arterial é uma das complicações mais comuns durante a gestação. Veja algumas das múltiplas faces da doença hipertensiva.

A hipertensão arterial é uma das complicações médicas mais comuns durante a gestação e, no Brasil, permanece como a primeira causa de morte materna direta, atingindo 15,1 óbitos por cem mil nascidos vivos (Datasus, 2007).

Há que se ter em mente os possíveis diagnósticos frente a um descontrole pressórico na gestação.

Doença Hipertensiva na Gestação

doença hipertensiva na gestação

PRÉ-ECLAMPSIA:

O diagnóstico de pré-eclâmpsia (PE) é estabelecido na presença de pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg ou pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, aferida em condições adequadas, com intervalo maior que 4 horas, em gestante a partir de 20 semanas associado a pelo menos um dos cenários abaixo:

  1. Proteinúria 
  2. Evidência de lesão de órgão algo
Pressão Arterial (PA) – Pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg ou 

– Pressão arterial diastólica ≥ 90 mmHg

Aferições com intervalo de pelo menos 4 horas e gestação após 20 semanas em mulher com pressão arterial previamente normal.

ou

– Pressão arterial sistólica ≥ 160 mmHg ou 

– Pressão arterial diastólica ≥ 110 mmHg

A hipertensão pode ser confirmada em intervalo curto de tempo para não postergar terapia anti hipertensiva.

Proteinúria – Proteinúria de 24 horas ≥ 300mg

ou

-Relação proteína/creatinina ≥  0,3

ou 

– Proteinúria de fita a partir de +1 (confirmada em intervalo de 4 horas). Só deve ser utilizada na ausência de métodos quantitativos.

Sinais de lesão de órgão alvo (hipertensão na ausência de proteinúria) -Trombocitopenia (plaquetas < 100 x 109/L)

-Insuficiência renal (creatinina superior 1,1mg/dl ou creatinina sérica que duplica o valor na ausência de patologia renal prévia)

-Função hepática alterada (Transaminases duas vezes o valor de referência)

-Edema pulmonar  

-Sintomas cerebrais ou visuais 

A PE pode ser classificada em leve ou grave.

FATORES DE RISCO: 

  • Nuliparidade; 
  • Idade > 40 anos ou < 18 anos; 
  • História de pré-eclâmpsia em gestação anterior; 
  • História de resultado adverso em gestação anterior: 

Crescimento intrauterino restrito,

-Descolamento prematuro de placenta ou óbito fetal. 

  • História familiar de pré-eclâmpsia; 
  • Gestação múltipla; 
  • Obesidade;
  • Condições médicas/genéticas preexistentes: 

– Hipertensão arterial crônica; 

– Doença renal; 

– Diabetes mellitus; 

– Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAF);

– Doenças do colágeno, vasculares e trombofilias

 

PREDIÇÃO E PREVENÇÃO:

A abordagem que envolve a associação de fatores maternos, fatores biofísicos (doppler de artérias uterinas) e bioquímicos (dosagem de PLGF e PAPP-A) é a atualmente recomendada para rastreio de pré eclampsia, com maior eficácia da detecção de casos  de pré eclâmpsia precoce (antes de 34 semanas).

A Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) recomenda o algoritmo da Fetal Medicine Foundation (FMF) para rastreio de PE. No próprio site da FMF (www.fetalmedicine.org), na aba de calculadoras, esse cálculo pode ser realizado. 

A aspirina em baixa dose (150 mg VO 1 x/dia), conforme proposto pelo estudo ASPRE é a única droga com evidência científica de benefício na prevenção da pré eclampsia em pacientes de alto risco, quando iniciada precocemente na gestação (antes de 12 semanas até 36 semanas).

Site com a calculadora: https://fetalmedicine.org

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Referências bibliográficas:

  • ACOG Practice Bulletin No. 222: Gestational Hypertension and Preeclampsia. Obstet Gynecol. 2020 Jun;135(6):e237-e260.
  • O’Gorman N, Wright D, Rolnik DL, et al. Study protocol for the randomised controlled trial: combined multimarker screening and randomized patient treatment with Aspirin for evidence-based PREeclampsia prevention (ASPRE). BMJ Open 2016;6: e011801. 

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