IDWeek 2023: sífilis – a necessidade de uma resposta inovadora

Com o aumento de casos de sífilis, o IDWeek 2023 discutiu a necessidade de inovação no diagnóstico e tratamento da doença.

Estudos epidemiológicos dos últimos anos, realizados nos EUA, mostram um aumento significativo dos casos de sífilis (inclusive congênita). Dessa forma, no IDWeek 2023, congresso promovido pela Infectious Diseases Society of America (IDSA), houve a discussão de métodos inovadores no que tange o diagnóstico, prevenção e tratamento da doença.

mãos com sinais de sífilis

Sífilis e diagnóstico

O diagnóstico precoce da doença é fundamental para o tratamento e interrupção da cadeia de transmissão. Além disso, também é de suma importância a avaliação da resposta ao tratamento proposto, bem como a diferenciação de uma possível reinfecção.

Em geral, o diagnóstico clínico da sífilis é difícil pelas suas vastas manifestações possíveis em cada estágio de doença. Laboratorialmente, temos os métodos diagnósticos diretos (como microscopia de campo escuro e PCR de secreção da lesão), que não estão amplamente disponíveis, seja por serem caros ou por falta de pessoal capacitado.

Os métodos diagnósticos indiretos (testes treponêmicos e não treponêmicos) são os amplamente utilizados. Os treponêmicos (como FTA-ABS, Elisa) precisam ser confirmados por um teste não treponêmico e não são úteis em reinfecções, avaliação de resposta ao tratamento. Já os não treponêmicos (VDRL, RPR) precisam ser comparados com os treponêmicos e/ou com titulações prévias, além de criarem um dilema na interpretação de reinfecção e resposta ao tratamento.

Diversos biomarcadores no soro, urina e líquor, têm sido estudados como alternativas diagnósticas: IFN-γ, IL-17, IL-16, IL-2, TNF-α, entre outros. Porém, eles não são específicos para a doença e tem apresentado sensibilidade baixa. Dentre todos os estudados até o momento, o que parece mais promissor é o CXCL13 que pode ser utilizado para diagnóstico mais preciso de neurossífilis.

De qualquer forma, a curto prazo, não parece que teremos um método diagnóstico específico e com alta sensibilidade. Assim, é de suma importância o foco em medidas preventivas e tratamento.

Prevenção

A profilaxia pós-exposição com doxiciclina (DoxyPEP) já foi alvo de diversos estudos e se mostrou eficaz na redução de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), principalmente sífilis e clamídia, em homens que fazem sexo com homens (HSHs) e mulheres trans. Porém, seu uso em outras populações ainda é incerto. Ademais, o impacto do uso dessa profilaxia antimicrobiana na resistência bacteriana e no microbioma intestinal também precisa ser melhor estudado.

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Tratamento

As formas de penicilina figuram como a primeira linha de tratamento. Porém, os diversos momentos de desabastecimento de penicilina benzatina reforçam a necessidade de estudos para alternativas de tratamentos, que em sua maioria foram feitos com doxiciclina e amoxicilina. Entretanto, carecem estudos com gestantes (que não podem usar doxiciclina) e com alérgicos a penicilina (que também não poderiam usar amoxicilina).

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