Iniciar DOACs precoce ou tardiamente em um paciente após AVC isquêmico?

Estudo randomizado analisou dados sobre uso de DOACs em pacientes após AVC isquêmico em 34 unidades de saúde na Suécia.

O estudo TIMING foi desenvolvido para responder a uma importante questão: a introdução dos anticoagulantes orais diretos – DOACs (rivaroxabana, apixabana, edoxabana, dabigatrana) precocemente após ictus de AVE (acidente vascular encefálico) isquêmico agudo de causa cardioembólica em paciente com fibrilação atrial altera desfecho com relação à introdução postergada dessas medicações?

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Iniciar DOACs precoce ou tardiamente em um paciente após AVC isquêmico

Métodos

Um grupo de pesquisadores nórdicos desenvolveram um estudo randomizado, sem cegamento para grupo de alocação e com cegamento para avaliação do desfecho, de não inferioridade envolvendo 34 unidades de AVE na Suécia. Para tanto, pacientes com diagnóstico dentro de 72 horas do ICTUS de AVE isquêmico agudo foram randomizados para receberem um DOAC a critério do investigador responsável nas primeiras 96 horas do episódio (grupo intervenção) versus início de anticoagulação com DOAC entre 5 e 10 dias do ICTUS.

O desfecho primário escolhido foi composto, envolvendo: recorrência de AVC isquêmico associado a sangramento intracraniano sintomático (parenquimatoso ou não) e mortalidade por qualquer causa, todos dentro de 90 dias. A margem pré-especificada de não inferioridade foi de 3%.

Resultados

Ao total foram randomizados 888 pacientes (450 no grupo intervenção e 438 no grupo controle) com características semelhantes entre os grupos. Importante destacar que não houve perda de seguimento relatada durante os 90 dias para avaliação do desfecho, o que não é usual mesmo para um período curto. A mediana de idade foi de 78,3 anos, 46,2% dos pacientes eram do sexo feminino, 49,1% dos pacientes tinham fibrilação atrial conhecida previamente e 17,5% já haviam apresentado um AVE isquêmico prévio.

Saiba mais: ESC 2022: Qual a relação dose-resposta do milvexian em pacientes com AVC isquêmico ou AIT?

O desfecho primário ocorreu em 31 pacientes (6,89%) designados para intervenção precoce e em 38 pacientes (8,68%) designados para intervenção tardia [diferença de risco absoluto -1,79% (95% IC -5,31% a 1,74%) correspondendo a margem aceita de não inferioridade]. Quando analisados individualmente, mortalidade por qualquer causa e taxa de ocorrência de eventos isquêmicos não obtiveram diferenças estatisticamente significativas entre ambos os grupos.

Mensagem prática

Não houve relato de sangramento intracraniano no estudo. Inclusive, o número absoluto dos eventos analisados foi menor no grupo que recebeu intervenção precoce com DOACs, sugerindo então que o início da terapia dentro de 96 horas deve ser estimulado na prática clínica, tratando-se de prática segura e não inferior. Mais estudos são necessários.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Oldgren J, Åsberg S, Hijazi Z, et al. Early Versus Delayed Non-Vitamin K Antagonist Oral Anticoagulant Therapy After Acute Ischemic Stroke in Atrial Fibrillation (TIMING): A Registry-Based Randomized Controlled Noninferiority Study. Circulation. 2022;146(14):1056-1066. DOI:10.1161/CIRCULATIONAHA.122.060666