Leucoplasia pilosa oral: como abordar?

A leucoplasia pilosa geralmente é assintomática, porém alguns pacientes podem sentir dor leve, disestesia e alteração no paladar.

A leucoplasia pilosa é uma doença de mucosa, associada ao vírus Epstein-Barr (EBV), ou herpes vírus humano 4, que acomete pessoas imunodeprimidas, como HIV, transplantados, com doenças neoplásicas ou em uso prolongado de corticoides.  

Epidemiologicamente, ela é mais comum em homens que fazem sexo com homens, que vivem com HIV (principalmente se CD4 < 300) e que fumam. Não há predileção por raça ou faixa etária. 

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leucoplasia pilosa

Fisiologia da leucoplasia pilosa 

O EBV inicialmente infecta as células basais do epitélio da faringe, onde entra em um estado replicativo liberando mais vírus na saliva. Ele também invade as células B da faringe onde permanece em estado latente e, quando ativado, produz vírions que infectam os monócitos circulantes. Os monócitos migram para a lâmina própria da mucosa oral, se diferenciam em macrófagos e precursores das células de Langerhans.  

O vírus, então, migra para os queratinócitos na camada espinhosa e granulosa através dos processos dendríticos das células de Langerhans. Como a borda lateral da língua é mais suscetível à trauma mecânico, o EBV acessa os receptores de células espinhosas mais facilmente nessa região.  

Apresentação clínica da leucoplasia pilosa 

A leucoplasia pilosa geralmente é assintomática, porém alguns pacientes podem sentir dor leve, disestesia, alteração no paladar, fora o impacto psicológico de sua aparência não habitual. Ao exame físico as lesões são brancas, unilaterais ou bilaterais, ocorrendo principalmente na borda lateral da língua.  

Podem ser lisas, planas e pequenas, mas também irregulares, com um aspecto de pelos, com dobras e projeções proeminentes. A lesão é aderida à superfície, não podendo ser retirada por raspagem e o tecido perilesional não tem alteração eritematosa ou edematosa.  

O diagnóstico da doença comumente é clínico e para ser definitivo é necessário exame histológico com demonstração de DNA, RNA ou proteína do vírus EBV intracelular. O diagnóstico diferencial se faz com candidíase, leucoplasia oral, ceratose do fumante, líquen plano e condiloma.  

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Tratamento da leucoplasia pilosa 

Como a doença é benigna, com baixa taxa de morbidade e tendência à resolução espontânea, não é necessário tratar todos os casos. Opta-se pelo tratamento para alívio de sintomas associados ou por razões estéticas.  

Pode ser feito o tratamento sistêmico com aciclovir, valaciclovir ou fanciclovir, porém essas medicações atuam inibindo a replicação viral e não erradicando o vírus. Assim, a doença costuma recorrer semanas após a interrupção do tratamento. Pode-se optar também pelo tratamento tópico com podofilina, ácido retinóico ou crioterapia.  

Entretanto, todos tem altas chances de reicidiva, além de causarem dor e disgeusia nas áreas de aplicação.  

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Rathee, Manu, and Prachi Jain. “Hairy Leukoplakia.” PubMed, StatPearls Publishing, 2020.