Lombalgia: pedir ou não pedir exames de imagem?

Lombalgia é uma das queixas mais atendidas nos cenários de atenção primária. Você sabe qual o primeiro passo para a abordagem desse paciente?

Lombalgia é uma das queixas mais atendidas nos cenários de atenção primária. O profissional de saúde deve manejar diversas ansiedades diferentes diante dessa queixa, tanto próprias quanto do paciente. Por ser uma queixa inespecífica, com grande repercussão de funcionalidade no indivíduo e com muitas possibilidades de diagnóstico diferencial, o questionamento sobre a propedêutica adequada é inevitável.

Então, diante de uma dor lombar devo pedir exames de imagem? Ressonância magnética (RNM) é superior à radiografia simples nesse caso?

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Exames na lombalgia

Para responder a essa pergunta, um grupo de pesquisadores conduziu um ensaio clínico com 380 pacientes com dor lombar por um período superior a um ano. Os pesquisadores dividiram os participantes em dois grupos, um recebendo radiografia simples e outro com ressonância magnética.

Além disso, avaliaram desfechos nos manejos subsequentes ao exame avaliando status e performance, dor, satisfação do paciente e custos. Inicialmente os pesquisadores esperavam que os resultados do seguimento por RNM fossem superiores ao seguimento realizado com radiografia devido maior acurácia do método.

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Ao longo de 12 meses de seguimento, ambos os grupos apresentaram melhora sintomas (representada por queda nos escores de dor) e que foram mais intensivas no primeiro trimestre após avaliação. O grupo que realizou RNM apresentou uma gama muito maior de diagnósticos, contudo nenhum que fosse substancial na mudança de conduta (como metástases, abcessos ou compressão medular). Não houve nenhuma diferença de efeitos adversos entre os grupos.

Ao longo do tempo, não houve diferença alguma sobre a qualidade de vida e funcionalidade dos indivíduos, tanto em modo ou outro de seguimento. O custo final do tratamento para o grupo de seguimento de RNM foi de $2380 contra $2059 do grupo com radiografia (incluindo consultas, fisioterapia, analgesia etc.). Em ambos os grupos o grau de satisfação avaliado foi o mesmo, contudo para os médicos a tranquilidade foi maior no grupo com RNM.

O que isso implica na prática?

Os resultados do estudo mostram que não houve benefício algum associado ao follow-up com RNM. O risco de procedimentos desnecessários e custos do tratamento foi consideravelmente maior no grupo com seguimento por RNM com nenhum benefício adicional. Não houve melhora em nenhum desfecho com impacto clínico para o paciente (controle de dor, melhora de funcionalidade e qualidade de vida).

Dessa forma, quando houver a necessidade de avaliação de imagem frente a uma dor lombar você ja sabe: peça uma radiografia simples, e isso te garantirá um seguimento mais custo-efetivo para o seu paciente.

Referência bibliográfica:

  • Jarvik JG, Hollingworth W, Martin, B, Emerson SS, et.al. Rapid Magnetic Resonance Imaging vs Radiographs for patients with low back pain. JAMA 2003, 289(21): 2810-18.

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