A mastoidite aguda é a complicação supurativa mais comum da otite média aguda e tem maior incidência em menores de dois anos e nos casos de otite média recorrente. Streptococcus pneumoniae e Streptococcus pyogenes são os agentes etiológicos mais comuns.
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No que concerne à fisiopatologia, é importante entender que a cavidade da orelha média e os espaços aéreos da mastoide são contínuos. Entretanto, durante a otite média aguda há perda de comunicação entre a cavidade mastoidea e a cavidade timpânica com consequente retenção de material purulento na mastoide.
Clinicamente, observa-se o aumento do volume retroauricular, deslocamento anterolateral do pavilhão auricular e sinais flogísticos como dor, edema e rubor.
Pode haver a presença de febre, irritabilidade, otorreia e queda do estado geral. Ademais, deve-se suspeitar também em casos nos quais a otalgia ou a otorreia são persistentes mesmo na ausência de achados retroauriculares.
Vertigem, sinais de sepse, cefaleia intensa, paralisia de pares cranianos e massa cervicais são considerados sinais de gravidade. O diagnóstico é clínico e tomografia computadorizada de mastoides deve ser solicitada em casos duvidosos e na suspeita de complicações.
O tratamento requer antibioticoterapia endovenosa geralmente por sete a dez dias seguida pelo uso de antibióticos orais para completar quatro semanas de tratamento. Contudo, geralmente necessita ser associada à drenagem da secreção purulenta por procedimentos como timpanocentese ou miringotomia (incisão cirúrgica da membrana timpânica).
Cabe ressaltar, por fim, que o tratamento oportuno da otite média aguda reduz o risco de mastoidite.
Abordagem Terapêutica
Antibioticoterapia
Antibioticoterapia empírica: Fazer inicialmente 7 a 10 dias de tratamento endovenoso; após melhora clínica, transicionar para via oral conforme resultado das culturas e antibiograma para completar o total 28 dias de antibioticoterapia para osteomielite.
Opções:
- Para crianças: Ceftriaxona 100 mg/kg/dia (máximo 1 g/dia) EV de 12/12 horas ou 24/24 horas, por 7 a 10 dias, associado à Clindamicina 40 mg/kg/dia EV de 8/8 horas, por 7 a 10 dias;
- Para adolescentes (aumentar cobertura para Pseudomonas): Cefepima 150 mg/kg/dia EV de 8/8 horas, por 7 a 10 dias, associado à Clindamicina 40 mg/kg/dia EV de 8/8 horas, por 7 a 10 dias.
Atenção! Ajustar antibioticoterapia conforme o resultado das culturas e antibiograma.
Drenagem de secreção de orelha média
Idealmente, tenta-se fazer a timpanostomia (colocação de tubos de ventilação na membrana timpânica) se houver pouca ou ausência de otorreia. Entretanto, se isso não for possível por membrana timpânica inflamada e espessa, faz-se a miringotomia (incisão cirúrgica na membrana timpânica).
Indicações para mastoidectomia
- Flutuação, massa ou edema retroauricular;
- Flutuação cervical;
- Imagens demonstrando coleção líquida, coalescência das células aeradas da mastoide, erosão da parte cortical do osso ou envolvimento intracraniano;
- Sinais e sintomas neurológicos (nesse caso, consultar neurocirurgião);
- Ausência de melhora clínica após 48 horas de antibiótico;
- Presença de complicações da mastoidite.
O especialista deve avaliar a necessidade de abordagem cirúrgica. Na mastoidite crônica, essa abordagem é necessária para drenar a mastoide.
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Prevenção
A mastoidite por S. pneumoniae pode ser prevenida por meio da vacinação antipneumocócica 10 valente e 13 valente.
Tratar adequadamente os quadros de otite média aguda previne a evolução para mastoidite.
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