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Uma análise publicada esta semana no CA: A Cancer Journal for Clinicians mostrou que são esperados este ano nos EUA cerca de 1,8 milhão de novos casos e infelizmente mais de 600 mil óbitos. No entanto, temos boas notícias: a mortalidade global por câncer caiu 2,2% entre 2016 e 2017, sendo esta a maior queda já documentada pela American Cancer Society (ACS).
Os pesquisadores atribuem os maiores ganhos com a melhoria dos tratamentos de câncer de pulmão e melanoma. Como esperado, cânceres de mama e de próstata são as mais frequentes neoplasias entre mulheres e homens respectivamente, mas o câncer de pulmão ainda é a principal causa de mortalidade.
Riscos de desenvolver câncer
O risco dos homens terem algum tipo de câncer ao longo da vida é de 40%, sendo 38% entre as mulheres. Em relação ao câncer de pulmão, a queda de mortalidade acelerou de 3% anual entre 2008-2013 para 5% por ano entre 2013-2017 entre homens, sendo também vista em mulheres.
A mortalidade por câncer nos EUA subiu até 1991 e, de lá para cá, caiu 29% de forma contínua até estes dados consolidados de 2017, recentemente apresentados. Foram 2,9 milhões de mortes evitadas neste período. Cânceres de pulmão, colorretal, mama e próstata foram os principais responsáveis por esta queda, embora entre 2008-2017 a mortalidade por câncer de mama e colorretal tenha reduzido a velocidade de queda e a mortalidade por câncer próstata tenha ficado estável neste período mais recente.
Em relação ao melanoma, desde 2011 tem sido demostrado uma queda “dramática” na mortalidade, logo após a aprovação das novas terapias como o inibidor de checkpoint ipilimumab, o inibidor de BRAF vemurafenib. A mortalidade caiu 7% ao ano entre 2013-2017, comparado com a queda de 1% anual ocorrida entre 2010-2016.
Espera-se que a mortalidade caia ainda mais nos próximos anos, já que os dados atuais ainda não refletem a aprovação mais recente dos inibidores de PD-1 nivolumabe e pembrolizumabe.
Números esperados para câncer de mama
Em relação ao câncer de mama são esperados 279 mil novos casos, com cerca de 42 mil óbitos em 2020. A chance de uma mulher desenvolver câncer de mama ao longo da vida é de 12,8% i.e., 1 chance em 8. A sobrevida esperada em 5 anos para doença localizada muito inicial é de 99%, 86% se um pouco mais avançada mas ainda “regional” e de 27% para doença metastática.
Números ligeiramente maiores para brancas e infelizmente menores entre afro-americanas, mostrando disparidades de acesso ao diagnóstico mais precoce, tratamentos adequados e de biologia tumoral entre brancas e negras. Ainda assim as notícias são boas, pois a mortalidade por câncer de mama como um todo caiu 40% no acumulado nos EUA desde 1989, e segue caindo lentamente, a taxa de -1,3% ao ano desde 2013, embora essa queda anual tenha sido mais alta entre 2008-2013 (-1,7%).
Mais do autor: Produtos químicos para cabelo podem aumentar o risco de câncer de mama?
Conclusão
É uma publicação muito importante, o câncer é um problema de saúde pública mundial, mostra a magnitude do problema nos EUA e os desafios gigantescos que a sociedade, médicos, cientistas, pacientes e seus familiares têm de enfrentar, e também a preocupação com a incorporação de novos (e caros) tratamentos, mas a queda de 29% na mortalidade em geral, as 2,9 milhões de mortes evitadas e os impressionantes avanços em câncer de pulmão e melanoma têm de ser comemorados.
Autor:
Formado em 1992 na UFRJ • Residência Médica em Clínica Médica no HUCFF – UFRJ • Residência em Oncologia Clínica no INCA • Oncologista do INCA de 01/1998 até 04/2008 –Chefe do Serviço do HCIII de 11/1999 até 05/2001 e de 12/2003 até 12/2005 • Membro Titular da SBOC desde 1996 • Membro titular da “ASCO” desde 2001 e da “ESMO desde 2016 • Sócio Honorário da Sociedade Brasileira de Mastologia desde 2009 • Oncologista e Coordenador Nacional de Oncologia Mamária da “Oncologia D’Or”, desde 05/2011 • Membro voluntário do Comitê Científico da FEMAMA, do INSTITUTO ONCOGUIA e da Fundação Laço Rosa
Referência bibliográfica:
- Siegel RL, Miller KD, Jemal A. Cancer Statistics, 2020. CA CANCER J CLIN 2020;70:7–30. doi: 10.3322/caac.21590. Available online <https://acsjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.3322/caac.21590>