Novas recomendações EULAR para o tratamento das vasculites associadas ao ANCA

As vasculites associadas ao ANCA (AAV) fazem parte do grupo das vasculites com comprometimento predominante de vasos de pequeno calibre.

Neste mesmo grupo de vasculites estão incluídas a granulomatose com polianiíte (GPA), a poliangiíte microscópica (MPA) e a granulomatose eosinofílica com poliangiíte (EGPA).

Leia também: Avaliação multimodal por imagem nas vasculites de grandes vasos

Recentemente, a European League Against Rheumatism (EULAR) publicou seus novos guidelines para o tratamento dessas doenças.

Novas recomendações EULAR para o tratamento das vasculites associadas ao ANCA

Princípios gerais

  • Os pacientes com AAV devem receber o melhor tratamento possível, com base no decisão compartilhada, eficácia, segurança e custos;
  • Os pacientes devem ser educados sobre a sua doença e complicações relacionadas ao tratamento. Essa educação deve incluir informações sobre o prognóstico;
  • Complicações relacionadas à doença e ao seu tratamento devem ser periodicamente avaliadas. Nesse sentido, devem ser oferecidas estratégias para prevenção dessas complicações.
  • O tratamento das vasculites, dada sua grande heterogeneidade e complexidade, deve ser realizado por um centro com expertise no seu tratamento.

Tratamento da GPA ou MPA

  • Terapia de indução para pacientes com GPA ou MPA COM risco de morte ou de disfunção orgânica grave: rituximabe ou ciclofosfamida + corticoide. O rituximabe deve ser preferido nos casos de doença recidivante;
  • Terapia de indução para pacientes com GPA ou MPA SEM risco de morte ou de disfunção orgânica grave: rituximabe + corticoide. Alternativas: metotrexato ou micofenolato mofetil;
  • A corticoterapia na GPA ou MPA deve ser realizada utilizando doses reduzidas (precedida por pulsoterapia), com base no esquema do PEXIVAS. A dose inicial deve ser 50-75 mg/dia, conforme peso. O ideal é que se atinja a dose de prednisona de 5 mg/dia por volta de 4 a 5 meses de tratamento;
  • O avacopan (medicamento ainda não disponível no Brasil) pode ser utilizado no lugar da corticoterapia;
  • A plasmaférese/plasma exchange pode ser considerada para pacientes com GPA e MPA com glomerulonefrite rapidamente progressiva (creatinina sérica >3,4 mg/dL). O uso rotineiro da plasmaférese no tratamento da hemorragia alveolar deve ser desencorajado;
  • Terapia de manutenção: se a indução foi feita com rituximabe ou ciclofosfamida, os autores recomendam a manutenção com rituximabe. Alternativas: metotrexato ou azatioprina;
  • A terapia de manutenção deve ser mantida por, no mínimo, 24-48 meses. Tempos mais prolongados podem ser considerados em pacientes com doenças recidivante ou com alto risco de recidiva, levando em consideração o risco/benefício dessa intervenção.

Tratamento da EGPA

  • Terapia de indução para pacientes com EGPA COM risco de morte ou de disfunção orgânica grave: ciclofosfamida + corticoide em altas doses. Alternativa: rituximabe + corticoide em altas doses;
  • Terapia de indução para pacientes com EGPA COM risco de morte ou de disfunção orgânica grave: corticoterapia. Caso o paciente seja refratário ou recidivante, os autores recomendam o uso de mepolizumabe;
  • Terapia de manutenção para doença grave: metotrexato, azatioprina, mepolizumabe ou rituximabe;
  • Terapia de manutenção para doença não grave: mepolizumabe.

Saiba mais: Vasculite sistêmica neonatal grave no primeiro dia de vida – um relato

Outras recomendações

  • Os autores sugerem fortemente a documentação da vasculite através da biópsia;
  • Na suspeita de vasculite associada ao ANCA, os autores recomendam a dosagem dos anticorpos PR3-ANCA e MPO-ANCA por ELISA como exames iniciais;
  • A decisão quanto à troca do tratamento deve ser baseada em manifestações clínicas, e não em medidas seriadas de ANCA ou CD19+;
  • Os autores recomendam a dosagem de imunoglobulinas antes de cada ciclo de rituximabe, a fim de detectar imunodeficiência secundária;
  • Pacientes que estão em uso de rituximabe, ciclofosfamida e/ou corticoide em altas doses, está recomendado o uso de sulfametoxazol-trimetroprima para profilaxia de pneumocistose.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo

Tags