A osteoartrite (OA) é a artropatia mais frequente em todo o mundo. Atualmente, as intervenções utilizadas no seu tratamento, como anti-inflamatórios orais e tópicos, infiltração com corticoide e analgésicos como o tramadol, interferem apenas nos sintomas, sem modificar a progressão do dano estrutural articular.
Apesar do racional teórico para a recomendação do exercício físico, faltam evidências conclusivas de alta qualidade de que exercícios com caminhada são eficazes e seguros na condução desses pacientes. Para responder a essa questão, Lo et al. conduziram um estudo com o objetivo de avaliar a relação entre exercícios com caminhada e a progressão sintomática e estrutural em pacientes com OA de joelhos.
Métodos
Os autores analisaram uma coorte aninhada de pacientes com 50 anos ou mais e OA de joelhos (evidência radiológica de OA em pelo menos um joelho nativo no baseline), provenientes do estudo Osteoarthritis Initiative Cohort. Para serem incluídos, os pacientes deveriam ter dados completos de questionários de dor específicos para joelhos e radiografias de joelhos nas visitas dos meses 36 e 48, bem como terem completados uma versão modificada do Historical Physical Activity Survey Instrument na visita do mês 96.
Os desfechos analisados foram surgimento ou melhora de nova dor frequente em joelho, redução do compartimento articular medial e piora na escala de Kellgren-Lawrence.
Resultados
Dos 4.796 participantes do Osteoarthritis Initiative Cohort, 1.212 (1808 joelhos) foram incluídos na análise final (45% do sexo masculino, idade média 63,2 anos e IMC médico de 29,4). Desses, 887 (73%) relataram que realizaram exercícios de caminhada.
Os autores encontraram que a probabilidade de uma nova dor frequente em joelhos se reduziu com os exercícios de caminhada (OR 0,6; IC95% 0,4-0,8). Além disso, a chance de progressão da redução no compartimento medial do joelho também foi menor no grupo caminhada (OR 0,8; IC95% 0,6-1,0).
Com relação aos demais desfechos analisados, não houve diferença significativa entre os grupos.
Comentários
Esse é o maior estudo publicado a respeito do impacto dos exercícios de caminhada na progressão da OA de joelhos. Foi incluído um grande número de pacientes, acompanhados por um longo período.
Um dado importante é que houve uma menor probabilidade de surgimento de nova dor frequente em pacientes que realizaram exercícios de caminhada. Uma limitação desse estudo é que, devido ao seu desenho observacional, não foi avaliada a taxa de consumo de AINEs. Esse poderia ser mais um dado sugestivo do impacto positivo dos exercícios de caminhada nesses casos.
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Além disso, houve uma menor probabilidade de redução adicional do compartimento medial do joelho dos pacientes do grupo caminhada. Apesar de os outros desfechos não terem sido diferentes entre os grupos, esse dado também é importante, uma vez que o exercício de caminhada, que apresenta algum grau de impacto na articulação, não prejudicou esses pacientes.
Sendo assim, os autores concluíram que os exercícios de caminhada devem ser estimulados nos pacientes com osteoartrite (OA) de joelhos com 50 anos ou mais.